Perigo na orla

Esgoto in natura jorra e polui o mar na Praia do Calhau

Língua negra deixou seu rastro mais uma vez na orla de São Luís; apesar do pouco movimento na praia, há perigo de contaminação para quem banha no local

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Língua  negra voltou a poluir o mar do Calhau
Língua negra voltou a poluir o mar do Calhau (língua negra)

A Segunda-feira de Carnaval foi de praias vazias em São Luís. Quem não viajou ou prefere curtir o feriado longe da Folia de Momo aproveitou o dia livre para fazer atividade física ou relaxar com a família na orla. E nem mesmo a má qualidade da água das praias afastou quem estava a fim de um banho de mar. Ontem, a poluição das praias de São Luís era evidente. Na foz do Rio Calhau, onde costuma aparecer a chamada “língua negra”, era possível ver esgoto jorrando em direção ao mar na Praia do Calhau, próximo ao parquinho da Avenida Litorânea.

Simara Carneiro foi ontem com o marido e o neto à praia do Calhau. Enquanto o menino chapinhava nas poças que se formavam na areia ela e o marido se revezavam no mar para não deixar o neto sozinho. “Nos últimos dias choveu tanto que a água está mais limpinha. Mas a gente sempre observa bem o entorno. Procuramos os melhores pontos para tomar banho de mar até porque se a gente ficar com esta fobia por causa da poluição não vamos curtir as praias da cidade”, comenta.

Para Pedro Aurélio Carneiro, a grande variação de maré da orla de São Luís ajuda na limpeza das praias. “A nossa maré tem variação de quase sete metros. Nesse vai e volta a poluição já foi diluída nesse oceano todo. Não que seja correto despejar esgoto no mar, mas acho que essa vantagem natural ajuda”, diz.

Além deles, outras famílias estavam com as crianças tomando banho de mar e nas poças de água formadas na areia. Mas o momento de descontração ignorava um perigo. A alguns metros dali, na Foz do Rio Calhau, o esgoto continuava jorrando em direção ao mar. Embora não fosse tão escuro como fica quando a “língua negra” aparece, era possível notar que a água que corria para a maré estava suja. O trecho é constantemente classificado como impróprio nos laudos de balneabilidade divulgados pelo Governo do Estado.

Água poluída
As bactérias coliformes são os principais indicativos de contaminação das praias. A ingestão da água poluída pode provocar diversas infecções, principalmente do trato digestivo, chamadas gastrenterites. A gastrenterite pode ser causada por bactérias, protozoários, como as amebas, ou vírus, como o rotavírus e o norovírus. Esses micro-organismos entram no corpo quando a pessoa ingere água contaminada, ainda que em pequenas quantidades, ou alimentos que tiveram contato com ela. De maneira geral, os sintomas são vômito e diarreia, mas também pode haver cólicas, febre e sangue nas fezes. Outra doença que pode ser contraída é a hepatite A.

O Estado tentou verificar quais trechos da orla da capital estão impróprios para banho, mas por causa de problemas técnicos no site da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) não conseguiu acessar o laudo de balneabilidade divulgado periodicamente pela Sema. Segundo o último relatório a que tivemos acesso, dia 27 de janeiro, 6 dos 21 pontos de praias analisados na orla de São Luís ainda estavam impróprias para banho.

Conforme o relatório, quatro pontos da praia da Ponta d’Areia, não estavam com níveis aceitáveis de impurezas, são eles: atrás do bar do Dodô; em frente a praia de apoio ao banhista; em frente ao Edifício Herbene Regadas; em frente ao Hotel Brisamar). Um ponto da praia do Calhau (Foz do Rio Calhau), e um ponto no Olho d’Água, (a direita da elevatória Pimenta I) também estavam impróprios para banho.

SAIBA MAIS

Em 2012, as praias da Região Metropolitana de São Luís passaram quase 200 dias interditadas pela Sema após a divulgação de um laudo, no dia 25 de março daquele ano, segundo o qual toda a orla estava imprópria para banho. A liberação ocorreu apenas em 11 de outubro, após a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) executar obras de melhoria do sistema de esgotamento sanitário
de São Luís.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.