Precipitações

2017 quebra ciclo de escassez e deve ser de chuvas volumosas

Janeiro terminou com um volume de chuvas um pouco acima da média para o mês; fevereiro já registrou 30% do total previsto; ano deve terminar com chuvas em torno ou até acima da média

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Rua Cobalto, no Coroado, ficou alagada depois das chuvas em São Luís
Rua Cobalto, no Coroado, ficou alagada depois das chuvas em São Luís

SÃO LUÍS - O início do ano de 2017 devolveu para São Luís a chuva forte e volumosa que não acontecia desde 2012. De 1º de janeiro até as 9h de ontem, choveu 16,20% de todo o volume esperado para o ano inteiro. O mês de janeiro terminou com um volume de chuvas um pouco acima da média para o mês e fevereiro já registrou 30% do total previsto. De acordo com o Laboratório de Meteorologia do Núcleo Geoambiental (Nugeo), da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), 2017 deve terminar com chuvas em torno ou até acima da média.

Por toda a cidade, choveu praticamente durante todo o fim de semana e tambem ontem. Segundo o Nugeo, durante o sábado, dia 11, e o domingo, dia 12, choveu cerca de 40 milímetros. Até as 9h de ontem, o mês de fevereiro havia registrado 114 milímetros de chuva. Como a segunda-feira foi de chuva ao longo de todo o dia, o volume de chuvas acumulado já ultrapassou os 114 milímetros. “Desde novembro de 2016 as previsões mostram que o período chuvoso 2016/2017 seria de melhor qualidade que os anteriores para toda a Região Nordeste”, afirma o meteorologista Gunter Reschke.

Nuvens carregadas
Ainda no dia 8, quinta-feira, as previsões meteorológicas já indicavam chuvas fortes ao longo do fim de semana. Imagens de satélite do dia 8 deste mês, às 15h30, já mostravam um aglomerado de nuvens carregadas em desenvolvimento na região norte do Maranhão, próximo à Ilha de São Luís, sistema que estava se intensificando sobre a região. O resultado foram as precipitações do sábado, 11, e do domingo, 12, que se mantiveram ao longo do dia de ontem.

Ainda de acordo com o meteorologista, as chuvas registradas até agora em São Luís têm boa distribuição espacial e temporal. “Isso quer dizer que as chuvas estão ocorrendo em diversas localidades da cidade, não se concentrando apenas em uma região, e está chovendo com frequência ao longo de diversos dias”, explica.

Chuvas acima da média
A média histórica para o volume de chuvas em São Luís no mês de janeiro é 244 milímetros e este ano choveu 5% a mais que a média. A última vez que o mês de janeiro ultrapassou a média histórica de chuvas foi em 2011, quando choveu 465,4 milímetros. Em 2012, quando começou a série anômala na climatologia, choveu apenas 100 milímetros. A média histórica de chuvas para fevereiro é superior à de janeiro, 373 milímetros. A expectativa é que o mês de fevereiro também atinja a média histórica.

Em janeiro de 2016, choveu menos que a metade normal para o mês. As chuvas abaixo da média em São Luís estavam ocorrendo desde 2012. Foram cinco anos consecutivos com índices pluviométricos insatisfatórios. “Isto ocorreu por causa da combinação de três fatores. O fenômeno El Niño, a má-formação da Zona de Convergência Intertropical e o dipolo do Atlântico, sobretudo este último”, destaca. Primeiro ano da série de chuvas abaixo da média, 2012 foi o com menor índice pluviométrico, chovendo apenas 995 milímetros.

Previsão
A previsão climática para o trimestre janeiro-fevereiro-março de 2017 indica maior probabilidade do total trimestral de chuva ocorrer dentro da faixa normal climatológica para maior parte do estado do Maranhão. “Isso não descarta a ocorrência de veranicos, que são dias consecutivos sem chuva dentro da estação chuvosa. As temperaturas tendem a ocorrer acima da faixa normal climatológica, mesmo dentro do período chuvoso”, explica o meteorologista.

Os meses de março e abril são os que registram o maior volume de chuvas na capital. De acordo com Gunter Reschke, cerca de 90% das chuvas de todo o ano se concentram no primeiro semestre do ano, quando São Luís está em sua estação chuvosa. “São seis meses de chuvas mais concentradas. A partir deste período as chuvas ficam mais escassas”, afirma o meteorologista.

Por causa das chuvas mais frequentes, as temperaturas também têm estado mais amenas em São Luís. A média da máxima registrada até agora varia entre 29ºC e 30ºC. As temperaturas médias são registradas no período do dia e as míninas durante a madrugada. “Mas a temperatura não costuma variar muito em dias de chuvas, não ficando menor que os 30°C durante o dia”, informa Gunter Reschke. Entretanto, como a capital maranhense fica na Região Equatorial, as chances de registrar temperaturas mais baixas são menores.

Previsão para esta terça-feira, dia 14

Predomina tempo nublado, com pancadas esparsas de chuva que podem ser acompanhadas de trovoada. A temperatura mínina deve ser de 24ºC e a máxima, 31ºC.

Chuvas registradas em São Luís este ano

Janeiro – 257 milímetros
Fevereiro – 114 milímetros até as 9h de ontem
Total – 371 milímetros
Médias históricas das chuvas em São Luís
Janeiro – 244,2 milímetros
Fevereiro – 373 milímetros
Março – 428 milímetros
Abril: 476 milímetros
Maio: 316,5 milímetros
Junho: 173,3 milímetros
Julho: 131,1 milímetros
Agosto: 29,4 milímetros
Setembro: 23,3 milímetros
Outubro: 7,6 milímetros
Novembro: 10,5 milímetros
Dezembro: 77,4 milímetros
Total: 2.290 milímetros

Como é medido o volume de chuva?
Quando meteorologistas vão falar sobre volume de chuvas usam a expressão milímetros para se referir à quantidade de chuvas em determinado período. Em São Luís, este ano já choveu 371 milímetros. Cada milímetro de chuva equivale a 1 litro de água por metro quadrado.

Entenda os fenômenos

Zona de Convergência Intertropical
A Zona de Convergência Intertropical é a área que circunda a Terra, próxima à Linha do Equador, onde os ventos originários dos hemisférios norte e sul se encontram. Variações na localização desse sistema metereológico afetam o volume de chuvas em muitos países dessa região do planeta. Em São Luís, a Zona de Convergência Intertropical é responsável por mais de 70% das chuvas. Para que a Zona de convergência Intertropical se forme e garanta volumes de chuva dentro da normalidade é preciso que as águas do oceano Atlântico Sul estejam mais quente que as do Atlântico Norte. O que não vinha ocorrendo desde 2012, resultando na irregularidade das chuvas na capital.
Dipolo do Atlântico
O fenômeno de dipolo do Atlântico é resultante da interação entre oceano e atmosfera, e que pode diminuir ou aumentar a formação de nuvens influenciando a ocorrência de chuvas no leste da Amazônia e litoral norte brasileiro (Amapá, Pará, Maranhão, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte). Esse fenômeno é identificado como uma mudança anormal na temperatura da superfície do Oceano Atlântico Tropical. Quando as águas do Atlântico Tropical Norte estão mais quentes que as do Atlântico Tropical Sul, existem movimentos descendentes transportando ar frio e seco dos altos níveis da atmosfera sobre a região leste da Amazônia e litoral norte brasileiro, inibindo a formação de nuvens e diminuindo a precipitação (dipolo positivo), podendo causar secas. Por outro lado, quando as águas do Atlântico Tropical Norte estão mais frias que as do Atlântico Tropical Sul ocorre aumento nos movimentos ascendentes sobre o leste da Amazônia e litoral norte brasileiro, aumentando tanto à formação de nuvens quanto os índices pluviométricos (dipolo negativo).
El Niño
O El Niño é um fenômeno de interação do oceano com a atmosfera caracterizado por um aquecimento acima do normal das águas do oceano Pacífico Equatorial. Quando as águas estão quentes ocorrem grandes mudanças nos padrões normais de vento e de pressão da circulação geral da atmosfera, em vários níveis de altitude, que geram alteração no padrão climático de chuva e de temperatura em diversas regiões do planeta. No Brasil, o El Niño tem dois efeitos marcantes: o aumento da chuva sobre a Região Sul e a diminuição da chuva sobre a Região Nordeste. Algumas áreas do Norte, do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil também sentem o efeito de redução ou aumento da chuva.

[e-s001]Cidade deve estar em alerta para chuvas

Com a intensidade das chuvas, o perigo de deslizamentos e desabamentos torna-se maior; 60 localidades e 24 casarões da capital estão em risco

São Luís está em pleno período chuvoso. Desde o início do ano tem chovido com mais frequência na capital, e as temperaturas andam mais amenas. E, como de costume, as chuvas têm causado transtornos à população. Alguns deles são recorrentes, como ruas alagadas, queda na rede elétrica e nos serviços de TV à cabo e internet e panes em sinais de trânsito e engarrafamentos. Segundo o meteorologista Gunter Reschke, a cidade deve ficar em alerta para risco de deslizamentos e alagamentos.

O meteorologista destaca ainda que o período de chuvas mais intensas ainda não chegou. Março e abril são os meses em que mais chovem na capital e tantas chuvas trazem risco à população. “Estes dois meses é que definem a qualidade do período chuvoso e trazem os maiores transtornos, sobretudo em relação a alagamentos e deslizamentos”, destaca Gunter Reschke. Segundo a Prefeitura de São Luís, 60 localidades da capital têm risco de deslizamentos e 24 casarões do Centro Histórico correm risco de desabamento por causa das chuvas.

O alerta é porque desde 2012 não chovia tanto em São Luís. Após cinco anos de chuvas abaixo da média, a cidade chegou a registrar 121,5 milímetros apenas nos primeiros nove dias de 2017, o correspondente a 49,79% do total esperado para o mês, a maior parte somente na madrugada do dia 8 o dia 9 de janeiro. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostraram que entre 10h do dia 8 e 10h do dia 9 o volume de chuva acumulado foi de 97 milímetros.

Este é foi maior volume de chuvas registrado em São Luís desde maio de 2015 quando choveu 98,2 milímetros entre os dias 2 e 3 de maio. A maior parte deste volume caiu durante a madrugada em um período de duas horas, quando choveu 64 milímetros em duas horas, quantidade correspondeu quase 40% da média de chuva para o mês.

Ontem, era possível ver diversos exemplos dos transtornos causados pelas chuvas na capital. As ruas 9, no São Francisco, e da Cobalto, no Coroado, ficaram alagadas. Era impossível trafegar pelas duas vias, sobretudo à pé. Até mesmo condutores ficavam receosos de colocar seus veículos nas vias. Grandes avenidas também ficaram alagadas, como a dos Africanos.

O resultado foi o trânsito lento em diversos pontos da cidade, propiciando acidentes. Foram 10 somente até as 9h, segundo a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT). No Retorno da Forquilha, o trânsito ficou engarrafado ao longo de todo o dia. Problemas de sinalização e a falta de agentes de trânsito ajudaram a complicar ainda mais o tráfego. Quem trafegava da Avenida Ana Jansen, sentido Avenida Beira-Mar, teve de ter muita paciência porque o trânsito ficou parado ao longo da Avenida Marechal Castelo Branco, no São Francisco. Outro ponto de congestionamento foi a Estrada de Ribamar.

Assista o vídeo:

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