Seca

Se chuvas se mantiverem, Batatã pode voltar a operar em abril

Desde o mês de julho de 2016 as águas do reservatório não são mais utilizadas para o abastecimento na cidade por causa do seu baixo volume; estiagem, desmatamento e ocupações irregulares são as principais causas da seca do Batatã

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Reservatório do Batatã ainda está em volume morto e não pode abastecer bairros do Centro da cidade
Reservatório do Batatã ainda está em volume morto e não pode abastecer bairros do Centro da cidade

SÃO LUÍS - O Reservatório do Batatã, em São Luís, não está mais sendo utilizado para o abastecimento de água em bairro da capital por causa do seu baixo volume. A expectativa é de que ele volte a operar normalmente apenas no mês de abril, caso até lá as chuvas se intensifiquem e o encham.

O reservatório passa hoje por momentos de seca. Há vários anos ele opera com baixa capacidade por causa da escassez das chuvas e os problemas que acontecem hoje em vários pontos do Parque Estadual do Bacanga, onde o reservatório está inserido: o desmatamento e, principalmente, as ocupações irregulares.

A principal consequência dessa situação é a irregularidade no abastecimento de água. Moradores de bairros localizados na região central da cidade, como o Monte Castelo e Liberdade, por exemplo, há anos sofrem com a ausência de água nas torneiras, sendo necessário comprar o produto de empresas de distribuição.

Seca
Esta semana, O Estado esteve no reservatório e constatou o baixo volume de água nele. As fortes chuvas que ocasionalmente estão atingindo a capital maranhense, até o momento, não parecem ter melhorado a situação do Batatã, que está operando no que os técnicos da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) chamam de “volume morto”.

Desde o ano de 2008 o reservatório não opera com uma capacidade desejável. Atualmente, o que se observa no local são os sinais de seca, com vegetação crescendo no solo que deveria estar coberto pela água.

Não apenas a escassez das chuvas contribui para a seca do principal reservatório da cidade. A ação do homem, provocando o desmatamento e ocupações irregulares, contribuiu diretamente para a baixa do volume de água do Batatã.

Nas proximidades do reservatório, ainda dentro da Parque Estadual do Bacanga, diversas construções irregulares e invasões foram erguidas com o passar do tempo, ocasionando o desmatamento e a erosão do solo. Na semana passada, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) e o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) realizaram uma operação para conter esse problema.

Essas ocupações irregulares também afetam o Rio da Prata, um dos responsáveis pelo abastecimento do Sistema Batatã. A área em torno de sua foz passou, nos últimos anos, por um acelerado processo de desmatamento, ameaçando a biodiversidade local. Hoje o rio também é penalizado com o baixo volume.

“Tem tido o processo de desmatamento, que agrava a capacidade de recarga do manancial. Estamos em uma luta grande para reverter esse quadro”, disse Carlo Rogério Araújo, que é diretor de Operações e Manutenção da Caema.

Abastecimento
Bairros como Centro, São Pantaleão, Madre Deus, Goiabal, Codozinho, Vila Bessa, Belira, Lira, Areinha (parte), Macaúba, Apicum, Camboa, Vila Bangu, Diamante, Vila Passo, Corea de Baixo e Coreia de Cima, Sítio do Meio, Alto de Boa Vista, Retiro Natal, Liberdade, Tomé de Sousa, Fé em Deus, Floresta e Monte Castelo são abastecidos pelo Batatã, atingindo cerca de 100 mil moradores.

Desde o mês de julho do ano passado a Caema já não conta mais com as águas provenientes do reservatório, situação que agrava ainda mais os problemas de abastecimento de água dos moradores desses bairros. A previsão da companhia é que as águas dele voltem a ser usadas em abril, caso haja uma intensificação das chuvas.

Com o Batatã desativado, o abastecimento nos bairros que depende do reservatório está sendo feito por meio de 14 poços profundos perfurados pela Caema dentro do Parque do Bacanga, que tiram em média 90 m³ de água por hora, cada um, e distribuem o líquido para os bairros.

“Isso tem amenizado de certa forma o abastecimento do centro. E a complementação nós temos feito por meio do Sistema Italuís. Por essa razão temos problemas de abastecimento de água na cidade. Um dia abastecemos uma área e depois outra, pois a água está escassa”, afirmou Carlos Rogério.

Ele espera que, com a conclusão das obras de substituição da adutora do Sistema Italuís, o abastecimento de água na cidade será regularizado. “Estamos otimistas que, com a conclusão das obras do Italuís, até março, vamos aumentar em 30% a vazão do sistema, o que trará a normalidade de muitas áreas que hoje estão sofrendo com o racionamento”, frisou o diretor de Operações e Manutenção da Caema.

[e-s001]Sem pescaria
O Reservatório do Batatã também é fonte de renda para muitas pessoas. Pescadores costumam ir até o local para conseguir peixes para a sua subsistência. Contudo, o atual nível de água do local dificulta essa atividade.

Esta semana, O Estado conversou com um dos pescadores que costumar ir ao reservatório. Ele confirmou que em anos anteriores a atividades era mais produtiva e no final ele conseguia obter uma grande quantidade de peixes. “Não tem muita coisa não. Já teve dias melhoras”, disse Raimundo Nonato Costa Sousa.

Fiscalização
Na terça-feira, dia 24, a Sema realizou mais uma etapa da fiscalização das ocupações irregulares e atividades ilegais dentro do Parque Estadual do Bacanga. A ação resultou em autos de notificação. A vistoria iniciou-se no mês de dezembro, quando os técnicos da secretaria fizeram um sobrevoo pela Unidade de Conservação, onde identificaram ocupações irregulares no interior do local.

Na última ida ao local, nos dias 11 e 12 de janeiro, a ação de fiscalização resultou em autos de infração, multas, apreensão de materiais e equipamentos e embargos.A inspeção continua durante todo esse semestre, como forma de coibir os crimes ambientais na unidade de conservação.

SAIBA MAIS
O Reservatório do Batatã foi estrategicamente construído pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS) em um esforço conjunto de pesquisa de militares, engenheiros americanos e técnicos locais. Ele faz parte do Sistema Sacavém e quando foi inaugurado tinha 485 metros de comprimento e profundidade máxima de 17 metros e suportava uma proporção de 4,6 milhões de metros cúbicos de água. Está situado em uma altura de 15 metros e cercado por tabuleiros de aproximadamente 60 metros de altura, o que facilita o escoamento da água da chuva para dentro do reservatório, seja por via superficial ou subterrânea.

Assista o vídeo:

Batatã quase seco

Pesca está comprometida no Batatã quase seco
Pesca está comprometida no Batatã quase seco
Pesca está comprometida no Batatã quase seco
Pescador mostra a pescaria fraca do Batatã
Pescador mostra a pescaria fraca do Batatã
Reservatório está no volume morto
Reservatório está no volume morto
Invasão aumentou na região do Batatã
Invasão aumentou na região do Batatã
Invasão aumentou na região do Batatã
Invasão aumentou na região do Batatã
Invasão aumentou na região do Batatã

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