Uma equipe da Defesa Civil estadual chegará hoje a Belágua para reforçar os trabalhos de análise que estão sendo realizados no município após o tremor registrado ontem (3), que foi sentindo em São Luís e pelo menos outras 16 cidades do estado, além de regiões do Piauí. De acordo com o primeiro levantamento, foram constatados poucos danos, como rachaduras em casa, sem registro de desabamentos ou vítimas.
“Percebemos in loco que as casas que apresentaram rachaduras são estruturas frágeis, sem amarração nenhuma, o que demonstra que não foi algo tão alarmante, mas claro que foi uma sensação ruim, efeito dessa onda sísmica. Daremos toda a assistência possível e apesar do tremor ser considerado abaixo de moderado, amanhã [quarta-feira] chega à cidade uma equipe da Defesa Civil que vai fazer uma vistoria minuciosa, inclusive com deslocamento para a área rural até os pontos e povoados mais distantes”, explicou o coronel Célio Roberto, comandante-geral do Corpo de Bombeiros.
O abalo sísmico foi monitorado pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), pelo Painel Global de Monitoramento e pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Com base nas informações enviadas por estes órgãos, também houve comunicado para a acompanhamento da situação no município de Vargem Grande, outra cidade apontada como epicentro dos tremores. Mesmo sendo considerado com um abalo abaixo de moderado, os efeitos da onda sísmica foram sentidos em algumas localidades de cidades como São Luís, que também tiveram acompanhamento dos relatos apresentados pela população, especialmente nos bairros Jaracati, São Francisco, Centro e Renascença.
Causa
O professor de Geografia Física da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Luiz Jorge Dias, informou que a causa deste abalo foi uma acomodação de placas. “Isso acontece quando as rochas estão absolutamente saturadas por conta do peso do solo para baixo. Isso permite que a retirada de água e a injeção das rochas se acomodem do solo até alguns poucos quilômetros de profundidade. Isso é bastante comum em áreas sedimentares como é o caso da nossa região, que são rochas mais recentes, menos instáveis e estão sujeitas a isso”, comentou.
De acordo com o especialista, existem falhas geológicas na zona costeira maranhense induzida por gel magnetismo não sendo perceptível na superfície, mas fazendo com que haja propagação mais concentrada. “Em 1994 aconteceu um terremoto semelhante por conta de um tremor ocorrido no Chile”, declarou.
Para a Engenheira de Minas e professora de Geologia da UEMA, Karina Pinheiro, apesar do Brasil se localizar no centro da Placa Sul-Americana, distante da zona de instabilidade tectônica (encontro de placas), há de se considerar que o desgastes na placa, de aproximadamente 200 quilômetros de espessura, pode causar falhas geológicas, podendo provocar tremores com epicentros nos países da América Latina. “O que provavelmente pode ter ocorrido hoje (ontem) que alcançou os estados do Maranhão e Piauí, foi atividade tectônica resultante do deslocamento de falhas geológicas”, comentou. Ela lembrou que desta forma o Brasil não está completamente livre da ocorrência de tremores de terras, apesar destes não causarem grandes destruição em infraestruturas.
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