Violência

Enterro de ambulante é marcado por revolta de familiares em São Paulo

Luiz Carlos Ruas foi morto, após tentar defender um homossexual que estava sendo agredido por dois homens, em estação de metrô

Estadão Conteúdo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42
Sequência de agressões que sofreu obrigou que seu corpo fosse velado com o caixão fechado
Sequência de agressões que sofreu obrigou que seu corpo fosse velado com o caixão fechado (ambulante)

SÃO PAULO - Sob um forte clima de revolta, o ambulante Luiz Carlos Ruas, de 54 anos, foi sepultado no fim da tarde desta terça-feira, 27, no cemitério Vale da Paz, em Diadema, Região Metropolitana de São Paulo. Familiares e amigos expressaram indignação com a agressão contra o homem e cobraram, aos gritos de "justiça", resolução rápida da investigação e prisão para a dupla flagrada cometendo o crime na noite de domingo, 25.

Ambulante foi morto, após tentar defender um homossexual que estava sendo agredido por dois homens. Ruas ainda tentou correr em direção à bilheteria da estação, mas foi perseguido pelos agressores, que continuaram a atingi-lo com vários golpes.


Pessoas que conviviam diariamente com Ruas destacaram a boa relação que ele mantinha com os moradores de rua da região, fornecendo alimentação a eles com frequência. A personalidade generosa foi ressaltada como parte da rotina do ambulante. "Ele acordava cedo todos os dias e dava cafezinho e comida aos mendigos. Sempre foi um cara de paz e que ajudava a todos", disse a dona de casa Maria de Fátima Ruas, de 53 anos, irmã da vítima.

Chorando, Maria cobrou prisão para os envolvidos na agressão. "Esses caras que fizeram isso são monstros, esse é o termo. Como eles estão se sentindo diante de uma maldade dessa?", questionou "No dia de Natal, em vez da confraternização, do abraço, estamos sepultando o nosso irmão, um herói." Além dela, Ruas, que era casado há 32 anos, tinha outros dois irmão.

Morador do Brás, o ambulante costumava acordar às 5h30 para trabalhar no ponto nas imediações da Estação Pedro II, da Linha 3-Vermelha do Metrô, rotina que se repetia nos últimos 20 anos. Segundo familiares, ele havia decidido prolongar a jornada de trabalho na última semana visando a quitar uma dívida de IPVA. O seu carro havia sido recuperado pela polícia após um roubo sofrido, mas estava detido em razão do débito.

A sequência de agressões que sofreu obrigou que seu corpo fosse velado com o caixão fechado. "Meu tio morreu defendendo uma vida Não entendo o motivo para isso ter acontecido, ele ter apanhado", disse o sobrinho Alexsander Ruas, enquanto chorava segurando uma fotografia do tio.

Ao seu lado, outros familiares se juntavam para consolá-lo e novamente cobrar justiça. "Ele cuidava do povo. Tem que morrer quantos que nem ele para que se faça alguma coisa?", disse Reginaldo Pereira, de 38 anos, marido de uma das sobrinhas de Ruas.

Familiares também reclamaram da estrutura de segurança do Metrô. Imagens do circuito interno da estação mostram o momento em que o ambulante busca socorro no local, mas acaba alcançado pelos criminosos e espancado. "Ele ficou apanhando por mais de dois minutos e não tinha ninguém para chegar lá e ajudá-lo?", perguntou a sobrinha Janaína Ruas.

Depois do ataque, ele chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. A polícia identificou os autores da agressão como sendo os primos Ricardo do Nascimento Martins, de 21 anos, e Alípio Rogério Belo dos Santos, de 26, que ainda estão foragidos.

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