Assembleia

Base governista aprova urgência para tramitação de projetos de reforma tributária no MA

Propostas do governo provocaram polêmicas na CCJ, onde foram denunciadas irregularidades e precisaram ser modificadas

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h43
(Plenário da Assembleia Legislativa)

O plenário da Assembleia Legislativa aprovou ontem – contra os votos apenas dos deputados de oposição – um requerimento de autoria do deputado Levi Pontes (SD) para que tramitem em regime de urgência dois projetos oriundos do Poder Executivo que tratam de aumento de impostos no Maranhão.

Com a aprovação do pedido do governista, as duas matérias deveriam ter sido apreciadas ainda na quarta-feira, em sessão extraordinária realizada logo após a sessão plenária, o que não ocorreu por falta de quórum.

Encaminhadas ao Poder Legislativo por meio de mensagem do governador Flávio Dino (PCdoB), as projetos de lei 202/2016 e 204/2016 instituem, na verdade, uma reforma tributária no estado, mas geraram polêmica depois que o deputado estadual Eduardo Braide (PMN) apontou ilegalidades no texto original.

As propostas previam incialmente criação de multa de mora, aumento de juros e cumulação com a taxa Selic, além do aumento na antecipação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 30% para 50% em todo o estado.

Quando os textos eram discutidos ainda Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa, na semana passada, Braide chamou a atenção para o risco de penalização do contribuinte, agravamento da recessão e aumento do desemprego no Maranhão.

Após essa manifestação, o presidente da CCJ, deputado Rafael Leitoa (PDT), retirou as proposições de pauta e pediu audiência com o secretário de Estado da Fazenda, Marcellus Ribeiro Alves, depois da qual o texto voltou à pauta da Comissão, com nova redação.

O pedetista negou a existência de ilegalidade, mas apontou “equívocos” da primeira proposta. “Não existe ilegalidade, o que existem são equívocos corrigidos por meio de emendas”, ressaltou.

Segundo Leitoa, não haverá cumulação de multa de mora e aumento de juros, em 1% com a taxa Selic – como destaca o texto original do projeto de lei 202/2016, e já considerado ilegal pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Leitoa também rebateu o posicionamento de Braide a respeito da “penalização ao contribuinte” no estado. Ele disse que, ao contrário do exposto pelo colega, haverá redução, e não aumento de imposto.

O pedetista acrescentou, também, que o projeto de lei 204/2016 não tem caráter de confisco. “O projeto nº 204, ele traz exatamente a isonomia entre quem é legal e quem não está legal, pois este regramento já existe na nossa legislação estadual, que é o regulamento do ICMS no seu Artigo 17, inciso 4, que prevê adição de 50% para venda a contribuinte inscrito. A agregação já é de 50%, o que ocorre é que Estado agora coloca e equilibra quem não é inscrito, mas que pratica atividade, que é a necessidade de estar inscrito no cadastro do ICMS. Ou seja, aquele comerciante que a gente não pode deduzir se é legal ou não, por ser pequeno, ou não, é que vai valer também para 50% e vai dar uma justiça e isonomia a quem está legal”, completou.

Apesar de defender a antecipação de 50% do ICMS, Leitoa admitiu alteração ao trecho do projeto que havia revogado dispositivos do Regulamento do ICMS, prevendo o recolhimento do imposto até o dia 20 do mês subsequente ao da operação.

MAIS

Como parte daquilo que a oposição tem chamado de “reforma tributária fatiada”, o governo Flávio Dino (PCdoB) garantiu, também ontem, a aprovação de um projeto de lei que trata da antecipação de ICMS nas saídas internas de aves e outro que “institui sistemática especial de tributação do ICMS para instalação e operação de usina termelétrica movida a gás natural e de unidade de processamento de gás”.

Oposição reclama de pedido de urgência

Mesmo sem conseguir barrar a urgência na tramitação dos projetos, parlamentares de oposição na Assembleia Legislativa reclamaram da postura da base governista durante a votação dos pedidos.

Os deputados Edilázio Júnior (PV) e Andrea Murad (PMDB) reagiram ao que consideraram submissão do plenários ao Governo do Estado.

“Essa Casa está agachada para o governador Flávio Dino. Um governo que pregou tanto o diálogo e agora se nega a debater um tema de tamanha relevância”, pontuou a peemedebista.

Para Edilázio, o assunto – que é, segundo ele, complexo e polêmico – deveria ser melhor debatido nas comissões.

“Só houve mudanças nesses projetos porque se discutiu o assunto nas comissões. Mas agora o governo faz as mudanças que quer e não quer mais discutir. O líder do governo nos sugeriu aqui ontem [terça-feira, 6] que usássemos mais as comissões para debater com os secretários de governo e agora, por que não podemos debater esse tema, que é de interesse do governo, nas comissões?”, questionou.

Apesar dos apelos, a urgência passou sem problemas em plenário.

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