Limpas ou não?

“Língua negra” permanece desaguando no mar, em SL

Esgoto in natura ainda escorre da foz do Rio Calhau na direção do mar, em São Luís; apesar disso, último laudo de balneabilidade, divulgado no dia 1º, concluiu que praias estão próprias para banho em toda a região metropolitana

Thiago Bastos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h43
Água suja ainda escorre da foz do Rio Calhau na direção do mar, poluíndo a orla de São Luís; último laudo de balneabilidade foi divulgado no dia 1º
Água suja ainda escorre da foz do Rio Calhau na direção do mar, poluíndo a orla de São Luís; último laudo de balneabilidade foi divulgado no dia 1º (lingua negra)

Apesar do último resultado do laudo de balneabilidade – divulgado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) no dia 1º deste mês –, que concluiu que as praias de São Luís estão próprias para banho, a “língua negra” (fenômeno caracterizado por especialistas como o possível despejo de esgoto in natura) ainda é vista na orla da cidade. No Rio Calhau (ao lado do parquinho da Avenida Litorânea), por exemplo, uma mancha escura é observada por frequentadores do trecho.

O Estado esteve na tarde de ontem no trecho e constatou mais uma vez o fato. No local, não foi observada a presença de técnico ambiental analisando a situação. A aparição mais recente da “língua negra” começou há pouco mais de uma semana. Vários banhistas tiraram fotos do fato por meio de celulares, que, rapidamente, se espalharam pela internet.

No dia 4 deste mês, em resposta a questionamentos de O Estado sobre a água poluída que escorria do Rio Calhau, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) informou, em nota, que durante a coleta de amostras de água nas praias de São Luís e São José de Ribamar, para laudo de balneabilidade, na tarde de quarta-feira, 2, a equipe do Laboratório de Análises Ambientais da Secretaria constatou lançamento de esgoto na foz do Rio Calhau, em São Luís, em direção à praia. Frisaram ainda que, na ocasião, os técnicos fotografaram e coletaram a amostra da água, tomando, assim, as providências necessárias, entrando inclusive em contato, imediatamente, com a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema).

Segundo a Sema, na sexta-feira, 4, teria sido enviado técnico ao local para verificar novamente as condições, e não houve mais o registro da mancha negra, o que é contestado por O Estado, que também esteve no local no mesmo dia e fez registros fotográficos da “língua negra”.

Balneabilidade
O despejo da “língua negra” é apenas mais um dos fatos recentes que contestam, de forma mais veemente, os laudos de balneabilidade das praias da Ilha. No dia 19 do mês passado, a Comissão de Assuntos Municipais e de Desenvolvimento Regional da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão (AL) realizou uma audiência pública em que especialistas de diversas áreas questionaram os métodos utilizados pela Sema na coleta de amostras que geram os laudos.

Em contrapartida, a direção da Sema disse – na ocasião – que os laudos são feitos com base em resoluções técnicas específicas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A O Estado na semana passada, o secretário titular da Sema, Marcelo Coelho, informou que não havia nenhuma objeção para a realização de contraprovas dos testes. “O nosso interesse é que tudo seja esclarecido. O nosso posicionamento é que a população pode ficar tranquila que as praias estão próprias para banho”, disse.
Procurada por O Estado, até o fechamento desta página, o Governo do Estado não se pronunciou sobre permanência da “língua negra” despejada no mar.

SAIBA MAIS

Uma das soluções apontadas para a melhoria – apontada pela Sema – da balneabilidade das praias de São Luís é a Estação de Tratamento do Vinhais (entregue pelo Governo do Estado em agosto deste ano). No dia 22 do mês passado, O Estado publicou que, de acordo com um funcionário ligado diretamente à direção da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), o esgoto que está chegando à estação de tratamento é entregue a natureza com mais de 50% de impureza. Ainda segundo a fonte, a entrega da ETE – por parte do Governo – foi “politiqueira”.

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