Provas

3.036 estudantes no Maranhão farão o Enem 2016 em dezembro

Medida foi anunciada ontem pelo Inep em razão de ocupações de locais de provas, dias 5 e 6 deste mês, por estudantes em cinco instituições de ensino no estado: em Grajaú (UFMA), Imperatriz (Uema), Pinheiro (IFMA e unidade escolar) São Bernardo (UFMA)

Thiago Bastos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44
(Em São Luís, os cursinhos estão intensificando as aulas para os estudantes que prestarão o Enem 2016Em São Luís, os cursinhos estão intensificando as aulas para os estudantes que prestarão o Enem 2016)

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informou ontem, em Brasília, que 3.036 estudantes no Maranhão serão submetidos ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) somente nos dias 3 e 4 de dezembro, um mês após a data oficial estipulada pelo Ministério da Educação (MEC). A mudança, de acordo com o órgão, se deu em virtude da ocupação – por parte de estudantes que protestam contra a PEC dos gastos públicos em tramitação no Congresso – de cinco instituições de ensino no estado que seriam locais de prova.

Ainda de acordo com o Inep, os 324.765 estudantes no Maranhão restantes, cujos locais de prova não foram afetados pelos protestos, farão o Enem normalmente no sábado,5, e domingo,6, deste mês. No início da noite de ontem, o Inep divulgou que os estudantes - cujas datas do Enem foram alteradas no estado - fariam as provas nas cidades de Grajaú (no campus da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Imperatriz (no Centro de Estudos Superiores da Uema), Pinheiro (no campus do IFMA e na Unidade Escolar Agostinho Ramalho Marques) e São Bernardo (no campus da UFMA).

A assessoria da UFMA informou a O Estado que havia ocupação no campus de São Bernardo até ontem. Já em Grajaú, a instituição não informou se havia movimento no prédio. A direção do IFMA disse que, além do campus Pinheiro (conforme divulgado pelo Inep), o campus da instituição em São Luís, no Maracanã, também não será local de prova em virtude de ocupações por estudantes. Até o fechamento desta edição, a direção da Uema não informou sobre a ocupação apontada pelo Inep, do Centro de Estudos Superiores de Imperatriz. No início da noite de ontem, a reitoria da Uema, em São Luís, também foi ocupada por estudantes.

Provas em São Luís

Em São Luís, ainda de acordo com o Inep, as provas ocorrerão normalmente no próximo fim de semana. Por isso, nos cursos preparatórios o ritmo dos candidatos é intenso. “ Neste momento, é importante que o estudante tenha tranquilidade para ter o melhor desempenho possível nas provas”, disse o professor de Língua Portuguesa, João Batista Pires, de um cursinho preparatório da capital.

A estudante Elane Araújo, de 18 anos, fará o Enem sonhando com uma vaga em um curso de Medicina. “ É um sonho na minha vida. Estou estudando até seis horas por dia em busca deste vaga”, disse.

Ocupações

Em nota, a UFMA informou ontem que as ocupações no Centro de Ciências Sociais (CCSo) e no Centro de Ciências Humanas (CCH) do campus Dom Delgado, em São Luís, foram encerradas. No Colégio Universitário (Colun), o movimento também foi encerrado.

No campus do IFMA do Monte Castelo, a ocupação deverá prosseguir por tempo indeterminado. “ Não vamos diminuir a intensidade do movimento, até porque vemos como necessária a mobilização”, disse a representante do movimento Ocupa IFMA, Beatriz Santos.

Enem no país

Cerca de 300 escolas em todo o país marcadas como locais de aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) terão as provas adiadas devido às ocupações, informou o Ministério da Educação.

Ao todo, dos 16 mil locais selecionados para aplicação das provas do Enem, 304 permaneciam ocupados por estudantes até as 12h desta terça. O número abrange escolas de educação básica e instituições de ensino superior distribuídas em 126 municípios de 20 estados.

O adiamento atinge 191.494 inscritos de um total de 8,6 milhões. Com a mudança, as novas provas para esses inscritos devem ser aplicadas em 3 e 4 de dezembro, em locais que ainda serão definidos, segundo o MEC. Os participantes devem ser avisados por SMS e e-mail sobre o adiamento.

Para a presidente do Inep, Maria Inês Fini, o adiamento não deve trazer prejuízos ao Sisu, sistema utilizado para ingresso no ensino superior. "Temos como analisar os resultados a tempo para integrarem a lista classificatória disponível para o Sisu, Prouni e do Fies", afirma.

Ela nega que os alunos que terão as provas adiadas tenham vantagem em relação aos demais por terem mais tempo para os estudos. "Não acredito que mais de um mês aumentará a vantagem de uns em relação a outros", completou. "Lamentamos a ansiedade que esses estudantes ainda manterão até realizar a prova."

Ocupações

A mudança das datas de provas ocorre diante do fim do prazo estabelecido pela pasta para que escolas alvo de ocupações fossem liberadas para a realização do exame. O anúncio de prazo, que terminou segunda,31, foi interpretado como uma estratégia para que os alunos, que protestam contra a PEC que estabelece um teto para os gastos públicos e a proposta de reforma do ensino médio, encerrassem os protestos.

Para Fini, as ocupações são um movimento "legítimo", "mas que afeta a vida de milhares de outros que precisariam destes locais para terem a prova aplicada de maneira tranquila", disse.

Segundo ela, seria inviável manter a data original do Enem para todos os inscritos, com a seleção de outros locais para aplicar as provas em substituição aos ocupados. "Não é fácil trocar o local de prova. Temos que garantir a mesma isonomia", afirmou.

E atribuiu a responsabilidade da mudança aos estudantes. "Não foi o Inep que fez essa penalização. Foram os próprios alunos que invadiram as escolas."

Questionada sobre a possibilidade do governo tentar ressarcir os gastos com a aplicação de uma nova prova, conforme já anunciado pela AGU (Advocacia-Geral da União), Fini descartou qualquer chance de uma nova cobrança dos estudantes.

Mas disse que adoraria "cobrar dos reais responsáveis" que, segundo ela, estão dando às ocupações "uma cor política diferenciada".

"Lamentavelmente [quem vai pagar a conta] é o próprio Governo Federal. Não temos como imputar a responsabilidade. Bem que gostaríamos de dizer para as pessoas que estão monitorando esse movimento, dando uma cor política diferenciada. Adoraríamos poder atribuir esse custo aos reais responsáveis que desconfio que não são os jovens", disse. "Temos relatos que os alunos estão sendo orientados para a ocupação. Não temos como imputar a um jovem menor de idade uma responsabilidade como essa", completou Fini, para quem há ação de partidos políticos.

Segundo ela, os prejuízos com o adiamento ainda serão levantados. "Temos uma reserva técnica de provas para problemas locais, mas esse tipo de problema não estava previsto, nem nessa magnitude."

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.