Pra relembrar os tempos áureos de folia

Um dos eventos de maior mobilização da história do entretenimento em São Luís ganha uma homenagem especial na noite da próxima terça-feira (1º de novembro), às 22h, na Casa das Dunas (Avenida Litorânea). A festa “O Encontro” relembrará a efervescência musical do Carnaval fora de época Marafolia, que marcou o calendário de micaretas na orla marítima da capital maranhense entre os anos de 1995 e 2008. O evento reunia blocos que desfilavam no “Corredor da Folia”, puxados por bandas e artistas famosos, durante três noites, começando na sexta-feira e finalizando no domingo. O formato da micareta era inspirado no Carnaval de Salvador (BA) e acontecia sempre no mês de outubro.

O evento na Casa das Dunas será comandado pelos cantores Pepê Júnior, Fabrícia, Gargamel e Franklim, além do DJ The Paul. Para uma participação especial, foram convidados os cantores Inácio Pinheiro e Roberto Brandão, da Companhia Barrica, que naquela época puxavam o Blocão do Bicho. Os empresários e produtores Marcelo Aragão, Dulce Britto, Walfredo Dantas, Roberto Gurgel, Gustavo Almeida e Tucídides Frota, mentores do Marafolia, foram convidados pela produção para ocuparem um lugar de destaque na festa.

Os artistas que estarão na linha de frente, Pepê Júnior, Fabrícia, Gargamel e Franklim, participaram intensamente das edições do Marafolia, não somente na Avenida Litorânea, mas também nos bastidores e nos eventos criados em torno da festa. No palco, embarcarão no túnel do tempo para relembrar o repertório musical que embalou aquelas décadas ao som da Banda Ilha e da banda Sambauê. Um telão ao fundo do palco exibirá imagens e fotos de edições do Marafolia e de eventos correlacionados. Na semana passada, diversas pessoas postaram fotos em redes sociais tiradas nos anos em que o evento foi realizado.

A banda que animará “O Encontro” será formada por Maninho Gavião - Banda Ilha (percussão), Júnior Monstrinho - Sambauê (percussão), Anverton - Banda Ilha (percussão), Coelho - Banda Ilha (teclado), Chiquinho - Banda Ilha (teclado), Reges - Banda Ilha (baixo), Marquinhos (bateria) e Pepê Junior (guitarra). “Nossa ideia é resgatar tudo aquilo que se relacionava ao Marafolia, inclusive as domingueiras da banda Pagrode, comandada por Pepê Júnior, com a participação da Banda Ilha, no bar Pagrode, no Bequimão, nos anos de 1997 e 1998, além do Coqueiro Bar, na Ponta d’Areia, as domingueiras na Avenida Litorânea, com o Trio Ilha, que, aliás, deu início à micareta propriamente dita”, adiantou Adilson Sousa de Oliveira, o Gargamel, que já tem 30 anos de carreira e de lá para cá passou por diversos estados brasileiros mostrando seu trabalho.

O repertório incluirá músicas como “Tchequerê” (Banda Ilha), “Dança da Tiririca” (Banda Ilha), “Dança da Pororoca” (Banda Ilha), “Marafoliá” (Banda Ilha), “Pra você cantar” (Banda Ilha), “Marafolia” (Sambauê), “Ilha do Amor” (Sambauê), “Dança da Periquita” (Sambauê) e “Dois Corações” (Sambauê), entre diversas outras. Na abertura e nos intervalos das apresentações, o DJ Paulo Sérgio Duarte de Oliveira, o The Paul (ficou assim conhecido nessa época), tocará o melhor do repertório do “Marafolia”.

Rádio

The Paul comandava o programa Axé Folia, criado na época pela Rádio Mirante FM. O Axé Folia permaneceu por 21 anos no ar e era o programa oficial da micareta, fazendo a transmissão do evento. São canções que animavam os blocos na avenida, executadas por grupos como Timbalada, Banda Eva, Ivete Sangalo, Asa de Águia, Chiclete com Banana, Harmonia do Samba, entre outros.

“Eu e o produtor Marcelo Aragão vínhamos de uma afinidade de passar o Carnaval em Salvador. Só depois ele começou a produzir shows com a família”, relembrou The Paul, que atualmente tem dois programas na Rádio Difusora FM. Ele, com Gargamel e o DJ Arsênio Filho, foram pioneiros na realização de prévias de eventos carnavalescos em boates na capital.

Pedro Paulo Machado Júnior, que ficaria conhecido como Pepê Júnior, participou de todas as edições do Marafolia animando, sobre trio elétrico, a chamada “Pipoca” (bloco para os foliões que não compravam abadás e que não desfilavam pelo “Corredor da Folia”). “A festa na cidade começava na quinta-feira, com toda aquela movimentação de trios. A primeira vez que subi em um trio foi no caminhão da Banda Eva, cantando a música “Tic-Tic-Tac”, da banda Carrapicho, puxando a Pipoca. Durval Lélys, da banda Asa de Águia, me chamou em cima do trio para cantar cinco músicas com ele”.

O Marafolia mexia com a rotina de São Luís e das cidades do interior do estado. Caravanas de foliões desaguavam na capital no intuito de participar da festa. Os trios elétricos começavam a cruzar o Estreito dos Mosquitos faltando poucos dias para o evento. Bares, hoteis, restaurantes, lojas de artigos de festa, salões de beleza e ateliês de costura se mobilizavam para aumentar o faturamento, bem como o comércio informal e diversos fornecedores de comida e bebida, que abasteciam os camarotes e os bares da orla marítima.

A corrida pelos abadás era um capítulo à parte. As vestimentas eram imprescindíveis para a passagem dos foliões pelo “Corredor da Folia”. Os preços mudavam conforme a noite, principalmente aqueles revendidos por cambistas, em razão das apresentações das bandas. Nos três dias, São Luís era dominava pelo burburinho em torno de seu Carnaval fora de época, realizado com dezenas de parcerias, inclusive da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e do Ministério Público.

Serviço

O quê

Festa “O Encontro”

Quando

Na próxima terça-feira (1º de novembro)

Onde

Casa das Dunas (Avenida Litorânea)

Ingressos: R$ 20,00

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