Em São Luís

Estudo avalia a qualidade dos alimentos vendidos nas ruas de São Luís

A pressa do dia a dia nos leva a hábitos alimentares que podem colocar em risco a saúde. Ao comer em barracas na rua é preciso ter em mente os cuidados da preparação e manipulação daquilo que vai parar direto no estômago

Jock Dean

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45
Liquidificador sujo é um dos fatores de contaminação
Liquidificador sujo é um dos fatores de contaminação (Luquidificador)

Alimentos comercializados em barraquinhas de rua são um perigo à saúde de quem, por algum motivo, precisa fazer refeição fora de casa. E os riscos são causados por diversos problemas, como manipulação incorreta e falta de higiene, os grandes vilões da proliferação de bactérias em alimentos que, podem causar diarreia, náuseas e dores abdominais, principais sintomas da intoxicação alimentar. E uma pesquisa feita em São Luís constata que a maioria dos alimentos vendidos nas ruas da capital estão contaminados.

Grande parte das doenças de origem alimentar é causada pelo consumo de alimentos contaminados por microorganismos patogênicos. É o que informa a coordenadora do Programa de Controle de Qualidade de Alimentos e Água do Departamento de Tecnologia Química da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Adenilde Ribeiro Nascimento Mouchrek, que desenvolveu uma pesquisa com o objetivo de avaliar a qualidade microbiológica dos alimentos comercializados nas ruas de São Luís.

Durante a pesquisa foram coletadas 403 amostras dos alimentos mais consumidos em 26 bairros de São Luís. Foram analisados amostras de açaí, água de coco, beiju, cachorro-quente, mingau de milho, churrasquinho, espetinho de queijo, polpa de frutas, guaraná da Amazônia, salgadinhos em geral e sucos. “Nós analisamos estes alimentos conforme os padrões sanitários exigidos no Brasil para avaliarmos se eles estavam próprios ou impróprios para consumo”, informa Adenilde Ribeiro Nascimento Mouchrek.

Resultados

De acordo com a professora Adenilde Nascimento, na grande maioria dos alimentos analisados nesta pesquisa foram encontradas altas contagens de bactérias do grupo Coliformes a 45°C e Staphylococcus coagulase positiva. “Esses resultados evidenciaram as deficiências das condições higiênicas dos manipuladores. Os manipuladores também não possuem o hábito de higienização das mãos, muitas vezes até por falta de água, levando-os a manipularem dinheiro e alimentos simultaneamente o que certamente contribuiu de forma paralela às outras faltas de cuidado para a contaminação desses alimentos”, disse Adenilde Nascimento.

Também foram encontradas amostras com Escherichia coli, bactéria que é encontrada exclusivamente em fezes animais, que é um indicador de contaminação. Outro microorganismo encontrado foi o Staphylococcus aureus, um dos causadores de intoxicação alimentar. Bolores e leveduras também foram encontradas nas amostras coletadas durante a pesquisa.

De todas as amostras coletadas apenas a de dois alimentos não apresentaram contaminação, a do beiju e do mingau de milho. “Estes dois alimentos passam por um processamento que contribui para que os microorganismos presentes neles sejam eliminados. Nesse caso é o aquecimento já que o mingau de milho passa por um processo de fervura durante o cozimento e o beiju também vai ao fogo antes de ser consumido”, explica a pesquisadora.

Contaminados

Já o açaí e o guaraná da Amazônia foram os que tiveram o maior número de amostras reprovadas. “Aqui mais uma vez um dos fatores que contribuiu para este resultado foi a manipulação. No caso do guaraná da Amazônia é muito comum que a pessoa não higienize adequadamente os utensílios. Uma vez coletei uma amostra dentro do campus da UFMA e a vendedora utilizou o liquidificador sujo para preparar um novo. Mesmo sendo o mesmo produto aquela sobra deve ser retirada e o liquidificador lavado a cada novo preparo”, informa.

Além da higienização inadequada e da manipulação incorreta dos utensílios, outro fator apontado por Adenilde Ribeiro Nascimento Mouchrek que contribui para a contaminação dos alimentos vendidos nas ruas é a qualidade da água utilizada no preparo de sucos e outros produtos comercializados. “O clima de São Luís favorece a multiplicação de microorganismos, por isso, é preciso ter muito cuidado no preparo destes alimentos”, frisa a pesquisadora.

O consumo de alimentos infectados pode causar a chamada “infecção tóxica” ou ‘intoxicação”, devido à liberação de toxinas por bactérias. A intoxicação tanto pode reagir instantaneamente, como é o caso de pessoas que passam mal pouco depois da ingestão, como há a intoxicação permanente, como é o caso da Salmonella, bactéria encontrada em produtos de confeitaria, maionese, carnes e derivados.

Mais

Legislação

No Brasil, é a Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que estabelece os padrões de qualidade higiênico-sanitária que devem ser seguidos para a comercialização de alimentos.

Bairros pesquisados

Centro, Cohab, Cohatrac, Liberdade, João Paulo, Anil, Vila Embratel, Cidade Operária, Vila Palmeira, São Francisco e Maiobão.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.