Câmara

Rodrigo Maia garante que diálogo entre Câmara e Senado é fundamental

Presidente eleito da Câmara dos Deputados fez visita ao presidente do Senado, Renan Calheiros, e ainda ao presidente da República interino, Michel Temer

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47
(Rodrigo Maia sendo ovacionado pelos membros do PSDB)

Brasília - Eleito novo presidente da Câmara dos Deputados na madrugada de ontem, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou, após visitar o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que trabalhará em conjunto com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Maia também se reuniu ontem com o presidente em exercício, Michel Temer, no Palácio do Planalto, e com o ministro das Relações Exteriores, José Serra.

Para Maia, é “fundamental” que Câmara e Senado "voltem a dialogar". Durante o período em que esteve à frente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) protagonizou embates com Renan Calheiros. O senador peemedebista ensaiou aproximação com o Planalto no final do ano passado, enquanto Cunha liderava a ala do PMDB que defendia rompimento com o PT e o afastamento da presidente Dilma Rousseff.

“Vou trabalhar junto com presidente Renan Calheiros e nós, deputados e senadores, vamos trabalhar juntos, para construir pautas em conjunto para que a gente possa superar a crise. É fundamental que Câmara e Senado voltem a ter diálogo saudável, que deixamos de ter há muito tempo”, afirmou o novo presidente da Câmara.

Cunha também criticava publicamente o fato de ter virado réu na Operação Lava Jato enquanto Renan Calheiros ainda é investigado em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras.

Rodrigo Maia afirmou que as duas casas legislativas precisam se unir para discutir propostas de recuperação da economia. Ele também defendeu que seja retomada a discussão sobre a reforma política, para viabilizar mudanças mais amplas no sistema atual.

“Câmara e Senado precisarão trabalhar em conjunto nessas pautas da sociedade, A reforma política, fora da agenda econômica, é uma agenda urgente, para que possamos fazer mudanças mais profundas.”

O deputado do DEM venceu a disputa pelo comando da Câmara em segundo turno, após derrotar, por 285 votos a 170, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), candidato do “Centrão” e apontado como nome favorito do Palácio do Planalto.

Encontro

Rodrigo Maia esteve no Palácio do Planalto nesta quinta para um encontro com o presidente em exercicio, Michel Temer.

O encontro durou cerca de meia hora, segundo a assessoria. Também participaram o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE). Ninguém falou com os jornalistas após a reunião.

No fim da tarde, Rodrigo Maia se reuniu no Palácio do Itamaraty com o ministro José Serra, que disse ter pedido a Maia que a Câmara vote projetos de acordos internacionais, que ainda precisam ser ratificados pelo Congresso, relacionados ao meio ambiente. Um deles, explicou, é relacionado ao que os países devem fazer para reduzir a emissão de mercúrio, assinado em Tóquio (Japão).

Ao comentar o resultado da eleição na Câmara, Serra elogiou Rodrigo Maia.

“Pessoalmente, fiquei muito feliz com sua eleição. [A presidência da Câmara] é um lugar decisivo para o futuro do Brasil, a curto e médio prazos, e vamos ter uma pessoa qualificada, equilibrada, com experiência política que, se Deus quiser, vai nos ajudar no processo de recuperação do nosso país como um todo, independentemente de interesses partidários, de interesses pessoais”, declarou.

Em seguida, o novo presidente da Câmara disse ter procurado Serra para “trocar ideias” uma vez que, na visão dele, o tucano é “um dos quadros mais competentes e mais brilhantes da política brasileira”. Maia voltou a defender a diminuição do “tensionamento” na Câmara.

A vitória de Rodrigo Maia foi viabilizada por um amplo acordo entre os partidos que compõem a antiga oposição - PSDB, DEM, PPS e Solidariedade. Na manhã desta quinta, Maia se reuniu com o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, para “agradecer” o apoio.

“Vim agradecer Aécio Neves e o líder Imbassahy. Nossa vitória foi construída no domingo à noite numa conversa entre o líder, o senador Aécio neves e o ministro Mendonça [Filho, da Educação]. Foi discutida a conjuntura dessa eleição e a estratégia para a vitória. Então quis, assim que saísse de casa, agradecer a quem me concedeu essa vitória”, disse.

Correlata

Maia diz que pautará caso Cunha após recesso e em dia de quórum alto

O novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira (14) que vai levar o processo de cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao plenário após o “recesso branco” de julho e em um dia que houver quórum elevado de parlamentares. Do dia 18 de julho ao dia 31, a Câmara não terá sessões de votação.

“[Vamos votar] Assim que voltarmos do recesso e assim que tivermos clareza de que haverá quórum adequado para essa votação. Não quero ajudar nem prejudicar. Quero votar de forma transparente e com quórum elevado. Qualquer votação com quórum baixo a gente sabe que pode estar interferindo a favor ou contra e isso não é correto”, disse Rodrigo Maia.

Mais cedo nesta quinta, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) rejeitou o parecer do deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF) sobre recurso de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O texto recomendava a anulação da votação do Conselho de Ética, que foi favorável à cassação do mandato do deputado afastado.

Como os deputados recusaram refazer a votação no conselho, o processo de cassação de Cunha agora vai para plenário da Casa. Qualquer punição a Eduardo Cunha, como a perda do mandato, precisa ser aprovada com o voto de pelo menos 257 deputados.

“O correto é votar num dia com semana certa. Vamos ter Olimpíada, depois eleição. Temos que ter uma semana em que o quórum esteja parecido com a noite de ontem”, reforçou o novo presidente da Câmara, após reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Na madrugada de ontem, pouco depois de vencer a eleição para a presidência da Câmara em segundo turno, Rodrigo Maia de que Cunha foi “talvez o melhor presidente”, mas que pode ter tido “poder demais”.

“Eu ajudei a eleger presidente da Câmara o Eduardo Cunha contra um candidato do PT. O presidente Eduardo Cunha, no plenário, foi talvez o melhor presidente que nós tivemos, colocava para pautar a Câmara, mas acho que talvez tenha sido poder demais”, afirmou Maia. Ele ressaltou, ainda, não ser “daqueles que só pisa” e que Cunha teve “méritos na presidência”.

No processo que tramita na Câmara, Eduardo Cunha é acusado de quebrar o decoro parlamentar por ter dito à CPI da Petrobras, no ano passado, que não possui contas bancárias no exterior.

Posteriormente, ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de usar contas bancárias na Suíça guardar dinheiro de propina de contratos da Petrobras.

O peemedebista nega as acusações e diz que vai recorrer ao STF para tentar barrar o processo por quebra de decoro parlamentar a que responde na Câmara.

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