Turismo em baixa

Visitantes gostam da capital, mas reclamam da falta de conservação

Em visita a São Luís, turistas ficam encantados com casario e belezas arquitetônicas da cidade, mas ao mesmo tempo não deixam de criticar a falta de divulgação e segurança e chamam atenção para ausência de preservação do patrimônio

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h47

[e-s001]Maria de Lourdes Quadros, 64 anos, é de Veranópolis, cidade do interior do Rio Grande do Sul. Ela está em São Luís pela primeira vez, mas não disse que voltaria a visitar a capital. Na verdade, ela afirma que moraria em São Luís, não só por causa da beleza do patrimônio arquitetônico, mas principalmente por causa do calor. As­sim como Maria de Lourdes Qua­dros, muitos outros turistas se encantam com a capital quando a conhecem pela primeira vez, só que não são apenas boas lembranças que eles levam para casa.
A falta de conservação do Centro Histórico é uma reclamação constante.

Zildenice Barros é guia de turis­mo há 15 anos. Na quinta-feira, 16, ela acompanhou um grupo de turistas gaúchos durante uma visita no bairro Praia Grande. Durante o city tour, eles passam por locais como Praça Pedro II, Palácio dos Leões, Praça Benedito Leite, Igreja da Sé, Fonte do Ribeirão, Beco da Bosta, Igreja de Santo Antônio, Praça Gonçalves Dias, Teatro Arthur Azevedo, Igreja e Convento do Carmo, Beco do Quebra-Bunda, Igreja do Desterro, Mercado das Tulhas, Rua Portugal e Casa do Maranhão. “Eles ficam encantados com a beleza da nossa arquitetura. Ficam curiosos sobre a história desses lugares, fa­zem várias perguntas e muitas fo­tos”, afirma.

Reclamações
No entanto, após o encanto eles fa­zem observações nada animadoras sobre os locais que acabaram de conhecer. “Eles comentam que é lindo, mas também falam que muitos locais estão precisando passar por reformas, melhorar a conservação. Eles criticam até o fato de haver pouca divulgação da cidade e do Centro Histórico. Muitos dizem que acabam se interessando em conhecer São Luís após indicação de outra pessoa ou pesquisa na internet”, comenta.

As agências de viagens e turismo de São Luís também recebem reclamações dos turistas sobre o estado do Centro Histórico da cidade. “Nós temos um opinário que é entregue ao turista ao fim dos passeios. É um questionário bastante longo, em que eles avaliam questões como segurança, satisfação, limpeza. Geralmente não há reclamações sobre a beleza da nossa arquitetura, mas sempre há observações sobre a conservação da cidade”, informa Daniel Contente Martins, sócio-administrador da Caravelas Turismo.


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[e-s001]Alessander Valentin, gerente de vendas da Taguatur Turismo e Eventos, diz que os passeios pelo Centro Histórico estão entre os mais pedidos pelos turistas, por isso, são os passeios mais extensos e que a avaliação dos visitantes sempre destaca como pontos positivos a riqueza histórica e cultural da cidade. “Mas também há os pontos negativos como a segurança e os problemas dos casarões da Praia Grande”, comenta.

Turistas
Apesar das reclamações, a aposentada Maria de Lourdes Quadros adorou conhecer São Luís. “O casario daqui é lindo, principalmente a parte que é patrimônio da Unesco. Eu moraria nessa cidade. Se pudesse, trocaria Veranópolis por São Luís”, afirma a turista gaúcha, que fica até terça-feira, dia 21, em São Luís, antes de viajar para os Lençóis Maranhenses.

Diferentemente de Maria de Lourdes Quadros, a aposentada Maria Borsário, turista de Capiveribe, cidade do interior de São Paulo, diz que não pretende voltar a São Luís. “A cidade é bonita, mas é malcuidada. Do que serve toda aquela opulência do Palácio dos Leões se o patrimônio histórico e arquitetônico está desse jeito? As fotos que a gente vê na internet não condizem com a realidade da cidade. É muito triste”, afirma.

Menos radical que Maria Borsário, a brasiliense Andréa Santos garante que vai voltar apesar dos problemas que viu durante passeio pela cidade. Ela disse que conhecer o Centro Histórico de São Luís é um misto de contemplação e decepção. “A gente tem poucas cidades assim no Brasil. Acho que elas deveriam ser mais valorizadas e mais preservadas. Espero que se­jam feitos investimentos na preservação de São Luís e que o cenário esteja mais bonito ainda quan­do eu voltar”, comenta.

Revitalização de pontos turísticos
Segundo o Governo do Estado e a Prefeitura de São Luís pontos turísticos de São Luís estão sendo revitalizados com a restauração de monumentos e a reforma de praças, coretos e barracas para incremento do turismo no Maranhão. Entre os monumentos já recuperados estão a Pedra da Memória e o Coreto da Beira-Mar. A primeira foi um presente do Estado destinado ao imperador Dom Pedro II, no ano de 1841, em comemoração à sua coroação. Além de limpeza e nova pintura, as áreas ganharam novo piso e iluminação especial.

Outro ponto conhecido por maranhenses e muito procurado por turistas é a escadaria do Beco Catarina Mina, que recebeu recuperação completa da escadaria, pintura, recomposição das calçadas e da rua de pedra paralelepípedo. Também com obras finalizadas, as barracas da Rua da Alfândega, na Praia Gran­de, ganharam nova iluminação individual, cobertura, pintura, reforço na estrutura e nova identidade visual, com imagens de pontos turísticos e personagens da cultura maranhense.

A Praça Nauro Machado foi revitalizada e entregue à população em junho de 2015. A reforma da praça foi um investimento do Governo do Estado, em parceria com a Prefeitura de São Luís, a fim de melhor receber turistas e frequentadores do Centro Histórico.

NÚMEROS
2.342 imóveis
do Centro Histórico são tombados pela Unesco desde 1997
5.600 imóveis do Centro Histórico são tombados pelo Governo do Estado
220 hectares é a extensão do Centro Histórico de São Luís

Patrimônio Histórico da Humanidade

Em 1997, São Luís foi tombada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade. O título foi concedido a partir do reconhecimento do rico acervo arquitetônico.

PAC Cidades Históricas

Estava prevista, em São Luís, a execução de 44 obras de restauração, recuperação e revitalização do Centro Histórico de São Luís. As obras seriam executadas com recursos do PAC Cidades Históricas. O cronograma da Superintendência do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) prevê para dezembro de 2016 a conclusão de todas as 44 obras do programa, que soma R$ 133 milhões em investimentos. No entanto, as únicas obras já entregues foram a requalificação urbana da Praça da Alegria, no Centro, e a restauração das fachadas do Sobrado dos Belfort, nº 37 (antigo Hotel Ribamar), na Praça João Lisboa, em janeiro de 2015.

Estavam em execução a restauração do Palácio Cristo Rei, no Largo dos Amores, também no Centro; a restauração do Sobrado 341, na Rua da Estrela, Praia Grande, onde funcionará o anexo do curso de História da Universidade Estadual do Maranhão (Uema); restauração do Sobrado 286, também na Rua da Estrela, onde funcionará a sede da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) e a restauração do Palácio das Lágrimas, na Rua da Paz, Centro, onde será implantado o Museu da Ciência. As demais obras não chegaram a ser iniciadas.

Obras previstas: Casa de Nhozinho, Casa do Maranhão, Centro de Pesquisa de Pesquisa de História Natural e Arqueologia, Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, Museu de Artes Visuais, Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, Museu Histórico e Artístico do Maranhão, Teatro Arthur Azevedo, Teatro João do Vale, Praça João Lisboa e Largo do Carmo, Fábrica São Luís, Arquivo Público do Maranhão, Superintendente de Patrimônio Cultural, Sede da Secretaria de Direitos Humanos, Prédio sede da Secma (Rua Portugal), Estação Ferroviária (RFFSA), Biblioteca Escolar, Centro Educacional Guaxenduba, Escola de Música do Maranhão, Centro Artístico Operário, Praça das Mercês, Igreja do Carmo, Igreja de São João, Igreja de Santana, Igreja de Santo Antonio, Companhia Oficina de Teatro (Coteatro), Prédio da Junta Comercial do Maranhão (Jucema), Mercado Central, Anexo do Museu da Gastronomia, Palacete Formosa, Casa do Estudante, HIS Rua da Palma, Fortaleza São Luís, Polo Digital, Teatro de Tablado, Escola de Música Uema, Faculdade de História, Praça da Alegria, Fachada de azulejo do antigo Hotel Ribamar, Palácio das Lágrimas, Palácio Cristo Rei, Fórum Universitário, Rua Grande e Polo Tecnológico da Fapema.

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