SÃO LUÍS - Em dias de empoderamento feminino, nada melhor do que discutir o tema enviesado pela Sétima Arte. Na semana que homenageia a mulher, O Cine Praia Grande, em parceria com a Secretaria Estadual da Mulher, exibirá sete filmes dirigidos por mulheres e que conquistaram audiências em todo o mundo. A abertura acontecerá amanhã, a partir das 18h, com a exibição do filme “O piano”, de Jane Campion.

A mostra também contemplará filmes indicados ao Oscar, como é o caso de “Maria Antonieta” e “Coco Antes de Chanel”, além do independente underground “Go Fish”, grande sucesso do cinema queer da década de 1990. Há espaço para uma grande obra-prima da Nouvelle Vague, com o maravilhoso “Cléo das 5 às 7”, de Agnès Varda, como também para o erotismo punk-feminista de “Baise-Moi”, cult-movie que chocou a França.

Todos os filmes serão exibidos em versão legendada e terão o preço promocional de R$ 5,00. ”O principal motivo da realização da mostra é exibir uma seleção de grandes filmes que tiveram mulheres à frente de sua realização. É uma maneira de mostrar a força destas cineastas e também um ponto de partida para uma discussão sobre o abismo entre o número de filmes dirigidos por mulheres e o número de filmes realizados por homens. Não só em Hollywood, mas também no Brasil, na França, Itália, Hong Kong. Considero um "presente" para homens e mulheres puderem desfrutar estes filmes no cinema, em tela grande, com projeção luminosa e novo sistema de som, mais claro e definido”, explicou Raffaele Petrini, diretor artístico do Cine Praia Grande.

A mostra será aberta com um dos grandes vencedores do Oscar de 1993. O drama “O Piano”, dirigido por Jane Campion, recebeu oito indicações e venceu três: atriz (Holly Hunter), coadjuvante (Anna Paquin) e roteiro original. Além disso, a cineasta quebrou paradigmas. Ela foi a segunda mulher indicada ao Oscar de direção e a primeira mulher a ganhar a Palma de Ouro do Festival de Cannes. Ela não participou da cerimônia de premiação porque se recuperava de um parto.

O filme se passa na época vitoriana, quando a Nova Zelândia estava há pouco tempo sendo colonizada. Para lá se muda Ada McGrath (Holly Hunter), uma mulher que quando tinha seis anos de idade resolveu parar de falar. Ela vai na companhia de sua filha, Flora (Anna Paquin). O motivo de ter ido para lá é que Ada se casou com Stewart (Sam Neill) em um casamento arranjado, já que ela nem conhecia seu noivo. Ada imediatamente antipatiza com Stewart quando ele se recusa a transportar seu amado piano.

“Quando eu sentei para definir os sete filmes que iriam compor a mostra, ‘O piano’ foi o primeiro que veio em mente, justamente por esse critério de excelência cinematográfica. Jane Campion retrata em seu cinema mulheres oprimidas e em condições desfavoráveis, mas ao mesmo tempo ela evita tons românticos e desenha um mundo onde reina a racionalidade. São também filmes com referências cultas à literatura, cinema e música; a originalidade do tema e a complexidade do estilo fazem de Jane Campion, sem dúvida, uma das melhores cineastas contemporâneas”, comentou Petrini.

O suspense erótico “Baise-Moi”, de Virginie Despentes e Coralie Trinh Thi, retrata a história de Manu e Nadine, duas jovens mulheres, que após passarem por situações traumáticas, são marginalizadas pela sociedade ao embarcarem em uma jornada destrutiva de sexo e violência. Quebrando normas e matando homens, elas provocam controversas cenas pela estrada da França.

No mesmo segmento está “Go Fish”, de Rose Troche. O drama esboça o sofrimento de Max (Guinevere Turner), uma linda jovem lésbica que está tendo dificuldades para encontrar um amor. Um amigo a apresenta a Ely (V.S. Brodie). Max gosta de Ely, mas ela é deselegante, caseira e mais velha, não tendo muito em comum.

Biografias –Um dos destaques da mostra é “Maria Antonieta”, de Sofia Coppola, vencedor do Oscar 2007 de Melhor Figurino. O filme resgata a trajetória de uma rainha francesa que foi a frente do seu tempo. Ainda adolescente, a austríaca Maria Antonieta (Kirsten Dunst) é enviada à França para se casar com o príncipe Luis XVI (Jason Schwartzman), como parte de um acordo entre os países. Na corte de Versalles ela é envolvida em rígidas regras de etiqueta, ferrenhas disputas familiares e fofocas insuportáveis, mundo em que nunca se sentiu confortável. Praticamente exilada, decide criar um universo à parte dentro daquela corte, no qual pode se divertir e aproveitar sua juventude. Só que, fora das paredes do palácio, a revolução não pode mais esperar para explodir.

Outro drama biográfico é o francês “Coco Antes de Chanel”, de Anne Fontaine. O filme conta com o protagonismo de Audrey Tautou, uma das atrizes francesas mais respeitadas na atualidade.

Quando criança Gabrielle (Audrey Tautou) é deixada, junto com a irmã Adrienne (Marie Gillain), em um orfanato. Ao crescer ela divide seu tempo como cantora de cabaré e costureira, fazendo bainha nos fundos da alfaiataria de uma pequena cidade. Até que ela recebe o apoio de Étienne Balsan (Benoît Poelvoorde), que passa a ser seu protetor. Recusando-se a ser a esposa de alguém, até mesmo de seu amado Arthur Capel (Alessandro Nivola), ela revoluciona a moda ao passar a se vestir costumeiramente com as roupas de homem, abolindo os espartilhos e adereços exagerados típicos da época.

O time de biografias é completado por “Frida”, estrelado por Salma Hayek e com direção de Julie Taymor. O filme foi vencedor de duas estatuetas da Academia de Hollywood, em 2002: maquiagem e trilha sonora. “Frida Kahlo era uma grande artista, mas também é um símbolo que até hoje representa o feminismo e suas lutas. O filme é um deleite audiovisual que merece ser visto na tela grande. Sua força principal está em Salma Haiek, interprete de Frida, como também no elenco monstruoso, com Alfred Molina, Valeria Golino, Edward Norton, Antonio Banderas, Mia Maestro, Ashley Judd e outros”, destacou Petrini.

Por fim, a mostra ainda exibirá o drama ítalo-francês “Cléo das 5 às 7”, de Agnès Varda. Cléo (Corinne Marchand) é uma cantora francesa que vive um momento de angústia, enquanto espera o resultado de um exame. O teste pode apontar se ela tem ou não um câncer de estômago. Sem saber o que fazer, Cléo perambula pela cidade de Paris. Ela passa uma hora e meia fazendo coisas banais, à procura de distração, até que conhece um soldado que está prestes a ir para a guerra na Argélia.

Serviço

O quê: Mostra “O Cinema por Elas”

Quando: de amanhã até quarta-feira (9), às 18h

Onde: Cine Praia Grande

Ingresso: R$ 5,00

Programação

Amanhã

18h00 - O piano, de Jane Campion

Sexta-feira

18h00 – Maria Antonieta, de Sofia Coppola

Sábado

18h00 – Coco Antes de Chanel, de Anne Fontaine

Domingo

18h00 – Cléo das 5 Às 7, de Agnès Varda

Segunda, 7 de março

18h00 – Go Fish: O par Perfeito, de Rose Troche

Terça, 8 de março

18h00 - Frida, de Julie Taymor

Quarta, 9 de março

18h00 – Baise-Moi, de Virginie Despentes

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