Cuba e EUA

Cuba e EUA assinam acordo que restabelece voos diretos

Viagens aéreas regulares entre os dois países voltam a operar após 50 anos; rotas começarão a funcionar a partir do último trimestre deste ano; Pelo acordo, as empresas aéreas poderão operar diariamente 110 voos de ida e volta entre Estados Unidos e Cuba

Atualizada em 11/10/2022 às 12h50
Aeronaves no Aeroporto Internacional José Martí, em Havana
Aeronaves no Aeroporto Internacional José Martí, em Havana (Aeronaves no Aeroporto Internacional Jose Marti, em Havana)

Havana - Os governos de Cuba e Estados Unidos assinaram ontem em Havana um memorando de entendimento sobre aviação civil que inclui rotas regulares diretas pela primeira vez em mais de 50 anos, que estarão operativas a partir do último trimestre deste ano.

"Hoje é um dia histórico na relação entre Cuba e Estados Unidos. Estamos assinando este memorando de entendimento para que, pela primeira vez em mais de cinco décadas, EUA e Cuba tenham um serviço de transporte aéreo regular", afirmou na capital cubana o secretário de Transporte americano, Anthony R. Foxx, segundo a EFE.

Pelo acordo, as empresas aéreas poderão operar diariamente 110 voos de ida e volta entre EUA e Cuba: até 20 deles com destino a Havana e até 10 para cada um dos outros nove aeroportos internacionais cubanos. Segundo a Associated Press, o número é cinco vezes maior do que os voos que atualmente circulam entre os dois países -- todos fretados.

Além de Foxx, assinaram este acordo o ministro de Transporte de Cuba, Adel Yzquierdo, o secretário adjunto para Assuntos Econômicos e Negócios do Departamento de Estado dos EUA, Charles H. Rivkin; e o presidente do Instituto de Aeronáutica Civil da ilha, Alfredo Cordero.

Com a assinatura do acordo amanhã se abrirá o processo de licitação para que as companhias aéreas americanas apresentem suas solicitações ao Departamento de Transporte para as rotas que gostariam de operar.

Segundo a EFE, esse processo de licitação exclui a estatal Cubana de Aviación devido a litígios nos EUA que poderiam fazer com que seus bens fossem embargados se entrarem em território americano.

Além disso, em Washington, o Departamento de Segurança Nacional dos EUA anunciou também nesta terça-feira que eliminará as barreiras legais que pesam sobre os voos com Cuba, que antes só podiam partir ou chegar de 22 aeroportos, mas que agora estarão sujeitos às mesmas regras que qualquer outro voo internacional.

Retomada
Os Estados Unidos e Cuba anunciaram que tinham chegado a um acordo para restaurar o serviço regular de linhas aéreas comerciais entre os dois países em dezembro de 2015.

O anúncio foi feito no dia em que se comemora o aniversário de um ano da decisão dos dois países para restaurar os laços diplomáticos depois de mais de 50 anos de inimizade da Guerra Fria.

Embora o embargo comercial ao país caribenho tenha permanecido, quando as relações diplomáticas foram retomadas, os Estados Unidos anunciaram o desejo de facilitar viagens de americanos a Cuba.

Na época em que o anúncio da reaproximação foi feito, os Estados Unidos anunciaram ainda a autorização de vendas e exportações de bens e serviços dos EUA para Cuba assim como a autorização para norte-americanos importarem bens de até US$ 400 de Cuba. O governo norte-americano também deu início de novos esforços para melhorar o acesso de Cuba a telecomunicação e internet.

A embaixada dos Estados Unidos em Havana foi reaberta em agosto após em 54 anos

Opinião positiva

Pela primeira vez em décadas, a maioria dos americanos afirma ter opinião positiva sobre Cuba, mostrou uma pesquisa feita pelo instituto Gallup e divulgada nesta terça (16). Segundo o levantamento, 54% dos entrevistados dizem ter uma visão favorável do país, contra 40% cuja opinião é desfavorável.

Em 1996, quando a pesquisa foi feita pela primeira vez sob o critério atual, só 10% dos participantes tinham uma boa imagem da ilha, contra 87% que tinham uma imagem negativa (o Gallup fez a enquete nos 20 anos anteriores usando outro método, e o resultado predominante também foi negativo).

Ainda em 2009, quando Barack Obama assumiu o governo dos EUA, os americanos com opinião favorável a Cuba eram 29%, contra 60% com opinião desfavorável.

A mudança está sincronizada com o discurso de Obama, que desde sua eleição busca uma distensão com a ilha governada pelos irmãos Castro (o ditador Fidel, que se afastou em 2006, e seu irmão Raúl, no poder desde então) e que nos últimos dois anos tomou medidas concretas para tanto.

A mudança de tendência já era clara no levantamento feito em 2015, quando as visões positivas e negativas quase empatavam: 46% diziam ter imagem favorável de Havana, e 48%, desfavorável.

Em julho e agosto de 2015, os dois países reabriram as respectivas embaixadas em Havana e Washington, fechadas desde 1961. Nesta terça (16), os dois países assinam acordo para retomar os voos comerciais entre seus territórios, o que deve acelerar a retomada das relações. Mas o embargo econômico americano contra Cuba ainda vigora.

Eleições

Segundo o Gallup, enquanto as opiniões favoráveis a Cuba são compartilhadas por 73% dos democratas, elas ecoam apenas entre 34% dos republicanos. Entre os eleitores que não se identificam com nenhum dos dois partidos, 53% dizem ter visão favorável do país.

Ainda assim, a tendência aparece dos dois lados: há dois anos, 45% dos democratas, 28% dos republicanos e 38% dos independentes viam Cuba sob luz positiva.

Essa divisão ressoa na atual campanha presidencial, com os dois pré-candidatos democratas (Hillary Clinton e Bernie Sanders) apoiando a decisão de Obama e quatro dos cinco principais presidenciáveis republicanos (Ted Cruz e Marco Rubio, ambos descendentes de cubanos, e Jeb Bush e John Kasich) se opondo.

O líder das pesquisas, Donald Trump, cuja fortuna vem dos mercados de imóveis e lazer (sobretudo cassinos e hotéis) e para quem Cuba é uma oportunidade de negócios atraente, é a favor da retomada, mas afirma que "o acordo deveria ser melhor".

Mais

O Gallup entrevistou por telefone entre os últimos dias 3 e 7 de fevereiro 1.021 americanos maiores de idade em todo o país. A margem de erro é de quatro pontos percentuais em ambas as direções.

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