Naufrágio

Acidente com catamarã será investigado pela Capitania

Naufrágio aconteceu ontem; alguns passageiros ficaram com ferimentos e foram encaminhados para hospitais

Gisele Carvalho/O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h53

O catamarã Carcará naufragou na Baía de São Marcos, próximo ao Espigão da Ponta d’Areia, em São Luís, na manhã de ontem. A embarcação deixou a cidade de Alcântara às 6h e naufragou quando chegava a São Luís, pouco antes de 8h. Por sorte, um rebocador estava na região, e a tripulação iniciou o resgate das vítimas. Equipes dos bombeiros e um helicóptero também atuaram no salvamento. Todos os passageiros conseguiram se salvar. A Capitania dos Portos investigará o acidente.

O acidente ocorrido ontem não teve nenhum óbito, mas algumas vítimas foram encaminhadas ao hospital com ferimentos e para observação, como foi o caso de uma idosa e uma gestante. Segundo alguns passageiros do catamarã, havia cerca de 50 pessoas na embarcação, que era alugada.

Desespero - “A gente estava no meio da baía quan­do o catamarã furou e começou a afundar. Tinha mais de 30 pessoas. Foi um momento de muito desespero. As pessoas tentavam se sal­var. Mas graças a Deus todo mundo ficou bem”. Esse é o relato de Tiago de Melo, eletrotécnico da base de Alcântara, uma das vítimas do naufrágio. Abalado pelo acontecido, ele contou ainda que a atuação das equipes de resgate foi rápida, mas, se não fosse a presença do rebocador próximo ao local do acidente, poucos poderiam ter se salvado.

O servente de pedreiro e lavrador Domingos Araújo chegou à terra firme chorando, emocionado por ter sobrevivido ao acidente. “Estou cansado de tanto segurar as pessoas para ninguém afundar. Vim a São Luís para trabalhar. Minhas coisas molharam todas. Estou liso e desesperado, mas me sentindo bem, porque só perdi meus documentos”, disse.

Ao chegar à terra firme, na região do Espigão da Ponta da Areia, muitas pessoas choravam abraçadas a seus familiares. A diarista Marcelina Araújo Borges foi ao local ao saber do ocorrido, pois sua filha estava na embarcação que afundou. “Já presenciei catamarã lotado várias vezes. Eu já liguei para a capitania uma vez e eles nunca vieram. Agora, aconteceu a mesma coisa e por pouco não foi uma tragédia. O que aconteceu aqui foi por causa da irresponsabilidade da capitania. Meu genro me disse que o catamarã largou o fundo a cada maré que batia, isso por falta de revisão”, declarou.

Em meio à emoção e revolta das vítimas e familiares, outras pessoas buscavam atendimento médico. Foi esse o caso de uma passageira do catamarã que está grávida de quatro meses e estava preocupada com o estado de saúde de seu filho. “Eu bebi muita água. Tenho medo de ter acontecido algo com ele”, afirmou.

Salvamento - Além dos tripulantes do rebocador Catu I, também atuaram no salvamento das vítimas equipes do Grupamento Tático Aéreo (GTA) e do Batalhão de Bombeiros Marítimo (BBMAR). O GTA enviou uma aeronave com equipamento e mergulhadores para estabilizar as pessoas que ainda estavam na água, enquanto os homens do BBMar ajudavam as vítimas a chegar à terra firme e encaminhavam os feridos para a ambulância.

Segundo o tenente-coronel Nilson Ferreira, chefe de operações do GTA, o chamado chegou por meio do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) por volta das 7h30. Prontamente, ele acionou a equipe plantonista.

“Com a chegada da equipe, ainda havia cerca de 10 pessoas desgarradas à deriva. Elas estavam a uma distância de cinco a seis quilômetros da costa. Por isso, lançamos mergulhadores”, lembrou o chefe de operações.

Ainda de acordo com o tenente-coronel, a superlotação deve ser um fator importante nas investigações. “O que nos chamou a atenção foi a quantidade de passageiros que o catamarã transportava. Em uma rápida pesquisa, descobrimos que a capacidade era em torno de 30 pessoas. Mas havia pelo menos 48 entre as vítimas”, afirmou.

O sargento Elias de Melo foi um dos mergulhadores/salva-vidas que atuou no resgate. De acordo com ele, o mar estava revolto e isso dificultou o salvamento. “Quando chegamos, havia pessoas se segurando em pedaços de madeira e caixas de isopor. Algumas delas estavam debilitadas, como uma senhora já ido­sa e uma adolescente, já sem forças”, recordou.

Ele lembrou que salvamentos ma­rítimos são comuns na orla de São Luís. Nesses casos, as vítimas tendem a agarrar-se a qualquer coi­sa na tentativa de se salvar, seja algo que esteja flutuando ou alguém próximo. “Nossa função e estabilizar essa vítima com objeto flutuante e acalmá-la. Depois, devemos viabilizar a retirada da pessoa da água”, explicou o sargento.l

Superlotação foi denunciada por passageiros

Segundo o Capitão de Mar e Guerra Marcos Tadashi Hamaoka, Capitão dos Portos do Maranhão, as causas do naufrágio estão sendo investigadas. As informações passadas por passageiros do catamarã, que dão conta de que a embarcação fazia a travessia superlotada,e serão averiguadas no decorrer do inquérito administrativo.

Ainda de acordo com ele, o catamarã Carcará tinha capacidade para transportar 33 passageiros. Mas pelos relatos isso não foi respeitado. “Pelas informações, parece que tinha mais de 40 pessoas sendo transportadas. No decorrer do inquérito serão elucidadas todas as informações passadas pelos passageiros”, afirmou.

O Capitão de Mar e Guerra destacou ainda que as fiscalizações para essas travessias entre São Luís e Alcântara são feitas na Rampa Campos Melo, em São Luís, e em Alcântara. Durante a semana, a fiscalização é feita de surpresa. No final de semana é constante de acordo com os horários de embarque e desembarque.

Após concluído, o inquérito administrativo desse naufrágio será enviado ao tribunal marítimo no Rio de Janeiro. As penalidades serão aplicadas pela corte.

Naufrágio de catamarã

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