Grampos

Escutas ilegais podem levar a anulação da Lava Jato, afirma Aluisio Mendes

Deputado diz que se dados de grampos houverem sido usados para prisões, investigação está toda "contaminada"

Glberto Léda/O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h54
(Aluísio mendes)

O deputado federal Aluisio Mendes (PSDC-MA) declarou nesta semana, em entrevista exclusiva a O Estado, que toda a Operação Lava Jato – que investiga crimes de corrupção na Petrobras – pode ser anulada caso se confirmem as suspeitas de que informações obtidas através de escutas ambientais ilegais foram utilizadas para embasar as prisões de alguns dos envolvidos.

Em depoimento à CPI da Petrobras, em julho, um agente e um delegado da PF confirmaram que uma escuta colocada na cela onde ficaram presos o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, na carceragem da Polícia Federal no Paraná, foi instalada sem autorização judicial.

Para o parlamentar maranhense, como a prisão de Youssef deu início a quase todas as demais fase da investigação, se confirmado o uso de informações obtidas ilegalmente, há a possibilidade de se questionar as prisões e o processo decorrentes disso. “É a ‘teoria do fruto da árvore envenenada’”, disse.

“Se realmente ficar provado que os áudios captados na cela de forma ilegal, pois não havia autorização judicial para instalação do equipamento de escuta ambiental, foram usados na investigação, isso pode ensejar a anulação da operação”, completou.

Mendes lembrou os casos das operações Satiagraha e Castelo de Areia, também da PF, que foram anuladas por ilegalidades na coleta de provas através de escutas telefônicas.

“Como a prisão de Youssef é que deu início a toda a Operação Lava Jato, se houve alguma ilegalidade nas informações que levaram à prisão dos demais envolvidos, isso pode contaminar toda a investigação. Temos alguns exemplos, como a Operação Castelo de Areia e a Operação Satiagraha”, avaliou.

Depoimentos – Confirmaram a ilegalidade de escutas na PF o delegado José Alberto de Freitas Iegas, ex-diretor de Inteligência da Polícia Federal, e o agente Dalmey Fernando Werlang, apontado como o responsável pela instalação da escuta na cela de Youssef. Ambos prestaram depoimentos à CPI da Petrobras, ainda em julho.

Werlang acrescentou que foram instaladas escutas ambientais no “fumódromo” do prédio da PF – em despacho encaminhado à CPI da Petrobras, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já confirmou que, neste caso, as escutas foram instaladas sem autorização judicial.

“Ele [Dalmey Werlang] depôs na CPI e disse que instalou e captou os áudios, entregando aos delegados que comandam a Operação Lava Jato”, confirmou Aluisio Mendes.

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