Alcântara

Brasil confirma fim de parceria que viabilizaria lançamento de foguete em Alcântara

Governo brasileiro informou à Ucrânia que vai cancelar acordo para lançamento em Alcântara; EUA pode ser novo parceiro, segundo especialistas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h56
Base de Lançamento de Alcântara é trunfo do Brasil para parcerias
Base de Lançamento de Alcântara é trunfo do Brasil para parcerias (Base de Alcantara )

Segundo informações do jornal O Globo, o governo brasileiro informou à Ucrânia, por meio de comunicado ao embaixador do país em Brasília, que cancelará o acordo assinado entre os dois países para lançar o foguete Cyclone 4 do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). A reportagem afirma que o tratado já custou meio bilhão de reais ao Tesouro Nacional e pode causar ainda mais prejuízos.

Uma carta, que anuncia o posicionamento do Brasil, foi publicada pelo site especializado Defesanet e é assinada pelo ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira. O periódico afirma que o envio da carta foi confirmado por autoridades brasileiras. O documento foi encaminhado ao embaixador Rostyslav Tronenko em 16 de julho, poucos dias depois de uma reunião, em Brasília, com a presença de representantes de vários ministérios, para tratar do impasse sobre o programa

O documento enviado pelo chanceler brasileiro afirma que "ocorreu significativa alteração da equação tecnológico-comercial” que justificou o início da parceria. E que, portanto, comunica a "decisão irrevogável do governo brasileiro de denunciá-lo [o tratado]".

O projeto chega ao fim três anos depois que a presidente Dilma Rousseff recebeu diagnóstico, elaborado pelo então ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, apontando que a parceria com o país europeu não geraria os lucros projetados com o lançamento comercial de satélites a partir do CLA.

Parceria com os EUA - Com o fim do acordo bilateral entre Brasil e Ucrânia, a base de Alcântara pode ser utilizada pelos Estados Unidos para fins comerciais, segundo opiniões de especialista.

O iminente fim do acordo deixa as portas abertas para novas negociações com os Estados Unidos, que chegaram a ser iniciadas em 2000, mas foram engavetadas porque os norte-americanos não estariam dispostos a compartilhar sua tecnologia, mas apenas utilizar a base.

Saiba mais sobre acordo

Em 2003, o Brasil propôs o acordo de cooperação com a Ucrânia para explorar Alcântara. Os ucranianos entrariam com o foguete, o Cyclone 4, e o Brasil com o sítio de lançamentos. Três anos depois, foi constituída a empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS), com capital previsto de 105 milhões de dólares.

Em 2008, a Aeronáutica cedeu à ACS parte do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), após mobilizações de quilombolas por causa do seu território. O projeto foi interrompido no ano seguinte - porque a Ucrânia ficou sem dinheiro para terminar o foguete - e suspenso novamente em 2011 por causa da falta de contrapartida ucraniana no capital da ACS.

Os anos seguintes (2012 e 2013) também foram de interrupção e atrasos nos projetos, culminando, neste ano, com o cancelamento do acordo entre os dois países, após um gasto de cerca de R$ 1 bilhão.

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