Intercâmbio

A cidade como um laboratório cultural

A artista visual Clara Domingas está em São Luís até sexta-feira participando de um intercâmbio artístico na Guest House

Atualizada em 11/10/2022 às 12h57
A artista Clara Domingas observa a cidade para as suas criações
A artista Clara Domingas observa a cidade para as suas criações (Clara Domingas)

A artista visual e educadora corporal baiana Clara Domingas é a convidada de mais um Open Space/Residências Artísticas, que está ocorrendo até sexta-feira, 10, na Guest House (Rua da Palma, 142 – Centro Histórico). A ação faz parte do Conexão | Espaço | Habitação, projeto selecionado no Rumos Itaú Cultural 2013/2014. A realização é do BemDito Coletivo Artístico, que tem como colaboradores os artistas Erivelto Viana, Ângela Souza, Aurea Maranhão, Diones Caldas, Imira Brito, Ruan Paz, e Yuri Azevedo.

Clara Domingas, que está em São Luís desde o último dia 27, pesquisou e observou o cotidiano dos moradores do Centro Histórico, além das diversas manifestações que fazem parte da identidade cultural do Maranhão como o Bumba meu boi e o tambor de crioula entre outras, mas sem a intenção de folclorizá-las. A artista está ministrando a residência Alter – cidades que estão reunindo um grupo de artistas locais para experiências práticas, inventivas e coletivas no Centro Histórico de São Luís.

Clara Domingas pretende passar para os artistas locais algumas técnicas e ensinamentos que aprendeu em suas experiências no universo da dança. Formada em ballet clássico pela Royal Academy Dance (R.A.D), de Londres, graduada em Licenciatura em Dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e certificada nos métodos Gyrokinesis e Gyrotonic, condicionamento físico criado no final dos anos 70 pelo romeno Juliu Horvath, bailarino, ginasta, nadador, yogui e acupunturista.

Método- Segundo ela, os métodos baseiam-se em princípios que têm as chaves do yoga, tai-chi-chuan, natação e ballet, e que consiste na prática de exercícios físicos fluidos, rítmicos e circulares integrados à respiração, obedecendo a natureza do corpo humano. Os selecionados farão parte de um grupo de pesquisa por uma semana intensiva. A cada dia, a residência começará com exercícios de percepção física e, em seguida, o grupo segue para experiências de ocupação/execução de programas performativos em alguns espaços públicos e paisagens do centro histórico de São Luís. “O que está no cerne da proposta acompanha a história das cidades brasileiras, do período colonial aos dias atuais: a liada com o outro. O objetivo da oficina é exercitar nossa ‘abertura ao outro’ e recuperar o sentido antropofágico que considera a alteridade como uma experiência altamente desejável. Buscaremos experimentar novas maneiras de pensar e ocupar espaços urbanos, sem intenção de apropriar-se do terreno, mas sim de abri-lo a um “uso comum”, disse.

A artista ressaltou que a intenção é desenvolver possibilidades de responder aos acontecimentos do nosso tempo, metamorfosear-se a partir da experiência, fabular histórias e relatos do cotidiano. Um exercício de resistência criativa, de política da transformabilidade, para afirmar que “outros mundos são possíveis”.

“O que estamos propondo neste trabalho é a possibilidade de estarmos atentos e abertos aos encontros. Tirar destes encontros, que ocorreram principalmente nas Ruas da Palma, do Giz e da Saúde, coisas que vão acontecendo e se transformando em recortes e imagens a serem trabalhadas. O olhar de quem não é daqui pode revelar coisas que, muitas das vezes, passam despercebidas. Na verdade, é um olhar a partir do ponto de vista do outro.

MAIS

Ao longo de 10 anos, experiências de moradia em outros países (Nova Iorque, Buenos Aires e Ensenada, na fronteira México/EUA) geraram desterritorializações profundas no seu fazer artístico. Neste tempo, sua formação em Dança e Educação somática transformou-se em pesquisa autoral que envolve desenho, pintura, estêncil, grafite, vídeo, fotografia, animação, performance e o que mais ocorrer. Uma investigação aberta que articula saberes do corpo com artes visuais, filosofia, antropologia e urbanismo.

A artista realiza intercâmbios nacionais e transnacionais em Salvador e com desdobramentos em outras cidades do Brasil e do mundo, em sessões criativas que podem acontecer em diferentes recortes de tempo-espaço, com diferentes artistas, tipos de linguagens e modos de fazer, evocados a partir de cada experiência única de encontro.

Clara Domingas, desenvolve Artes e Tecnologias do Corpo: processos de composição em tempo real, dobras de circuitos, errância pelo mundo, comunicações cotidianas com a rua e encontros com o “outro”. Atualmente vive e trabalha em Itapuã, bairro de sua infância em Salvador, onde desenvolve a ocupação “Nativa Relativa”.

Serviço

O que

Residência Alter – cidades – com Clara Domingas

Quando

Até 10 de julho

Onde

Na Guest House Rua da Palma, 142 – Centro Histórico

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