Descaso

Pacientes e médicos denunciam más condições em unidade mista

No hospital de atendimento de emergência do São Bernardo faltam médicos, medicamentos e equipamentos; cachorros de rua perambulam pelo espaço, elevando risco de usuários contraírem doenças e infecções, e infraestrutura é precária

Atualizada em 11/10/2022 às 12h57

Quem vai em busca de atendimento médico na Unidade Mista do São Bernardo, em São Luís, se depara primeiramente com cachorros de rua circulando livremente pela área e dentro da recepção da unidade, um claro reflexo do descaso das autoridades com a saúde pública. Este é apenas um dos problemas existentes no hospital que causam revolta e indignação dos usuários.

Na unidade de saúde faltam infraestrutura, medicamentos e equipamentos médicos, o que compromete o atendimento aos pacientes. Logo na entrada da unidade mista, as pessoas são frequentemente recepcionadas por cachorros de rua que passam a maior parte do tempo transitando pelo espaço, formando um cenário que não condiz com a de um ambiente hospitalar.

Na recepção, as pessoas aguardam atendimento sem qualquer tipo de conforto, com pouca ventilação, cadeiras e bancos enferrujados e quebrados, o que contribui para piorar o estado de saúde de pacientes que precisam de tratamento de emergência.

Na área externa do hospital, o mato cresce sem qualquer tipo de controle. Dentro da unidade, janelas e ventiladores quebrados, banheiros sujos e a falta de espaços adequados para o acondicionamento dos materiais de trabalho dos médicos completam o cenário caótico da unidade de saúde.

“É um descaso, uma falta de respeito do poder público e dos gestores. Na hora das eleições, os políticos prometem várias coisas, mas na hora de cumprir nada disso acontece”, reclamou o representante comercial Elias Garreto de Sousa, de 59 anos.

A dona de casa Luciana dos Santos, de 40 anos, também criticou as condições da unidade de saúde. “É uma vergonha essa situação. Aqui deveria ser um espaço limpo e com higiene, mas não é o que temos, disse.

Estrutura – Os problemas na Unidade Mista do São Bernardo são antigos e só se intensificam. De acordo com um dos médicos do hospital, uma determinação da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) resultou na diminuição de quatro para dois médicos atendendo no hospital.

Além disso, ele afirmou que eventualmente faltam medicamentos como antibióticos e anticoagulantes. Alguns dos equipamentos estão quebrados, impossibilitando a realização de exames como os de Raio-X, o hemograma, eletrocardiograma, entre outros. “A estrutura aqui é ruim. No fim das contas, são os pacientes que acabam sendo os mais prejudicados”, relatou o médico.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que não há desabastecimento de qualquer natureza na Unidade Mista do São Bernardo e que os equipamentos existentes são compatíveis com o perfil da unidade de saúde. Em relação à estrutura física, a Semus esclareceu que existe apenas a necessidade de manutenção predial, o que, segundo a secretaria, já está agendado para ser executado ainda este semestre.

Mais

No ano passado, a Justiça determinou que a Prefeitura de São Luís recuperasse e fizesse a manutenção das unidades mistas de saúde dos bairros Bequimão, Itaqui-Bacanga, São Bernardo e Coroadinho. A decisão atendia a uma Ação Civil Pública proposta pela Promotoria Especializada de Defesa da Saúde, segundo a qual seriam necessárias reformas e adaptações para que o atendimento ocorresse de acordo com as normas estabelecidas pelo Sistema de Vigilância Sanitária. Durante inspeções, a promotoria constatou uma série de irregularidades no funcionamento das unidades de saúde.

No entanto, a Prefeitura de São Luís recorreu da decisão e obteve parecer favorável por parte do TJ-MA, que suspendeu os efeitos da liminar concedida pela Vara de Interesses Difusos e Coletivos da capital. De acordo com o tribunal, a decisão foi baseada em documentos juntados à ação, como os autos da inspeção realizada à época, que comprovaram o cumprimento de cerca de 90% das determinações. Além disso, no entendimento do TJ-MA, a interdição para realização das reformas poderia causar séria lesão à saúde pública, uma vez que as unidades mistas já contavam com uma elevada demanda.

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