Tiquira com menor risco de câncer
Aguardante destilada é uma das bebidas mais consumidas no estado, mas possui em sua fórmula 2,5mg/l de carbamato de etila, que o pesquisador do Ifma, Francisco Albuquerque, conseguiu baixar em sua experiência para 0,4 mg/l
Uma das bebidas mais consumidas no Maranhão, a tiquira é uma aguardente produzida a partir da sacarificação (transformação em açúcar) e fermentação da mandioca. O processo de produção tradicional é bastante demorado, levando em torno de 20 a 25 dias para ser concluído; um dos problemas nesse longo processo é a produção de um composto químico chamado carbamato de etila, altamente cancerígeno.
Ao constatar esse risco, o professor Francisco Albuquerque, da Pró-reitoria de Extensão (PROEXT) do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), desenvolveu uma pesquisa para otimizar a produção do destilado. O trabalho do pesquisador reduziu o tempo de produção para 25 horas (1 dia) e baixou consideravelmente os valores do carbamato de etila de 2,5 mg/L (na produção tradicional) para 0,4. A pesquisa foi iniciada em 2011 e seus resultados foram apresentados no III Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, realizado entre 26 de 29 de maio, em Recife – PE.
“Por meio das análises químicas realizadas no Campus São Luís – Maracanã (IFMA) e na USP [Universidade de São Paulo], constatamos as propriedades cancerígenas do carbamato de etila e que o uso de enzimas comerciais e fungos isolados melhora a qualidade do produto final”, explica o pesquisador Francisco Albuquerque.
Na produção tradicional de tiquira, uma das etapas mais demoradas é a fermentação da mandioca. Esse processo leva até oito dias e é feito por microrganismos adquiridos do ambiente. Já o novo modelo utiliza enzimas comerciais, fungos isolados dos beijus de mandioca e leveduras também comerciais, que reduzem o tempo de produção e mantêm as características da aguardente.
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Segundo o escritor Gonçalves Lima, a palavra tiquira é originária da palavra tupi tikira, que significa líquido que goteja, que pinga do alambique. Teria a sua origem entre os índios da Amazônia, tendo sido adotada pelos habitantes do Maranhão como a sua bebida típica. Entre as bebidas destiladas da mandioca, apenas a tiquira tem legislação específica.
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