Nutrição infantil

Alimento para a vida

O leite materno nutre todas as necessidades nos primeiros meses do bebê, mas algumas dificuldades podem aparecer - ele não pega o seio, leite empedra ou o seio racha

Juliene Hidelfonso / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h58
Lucidalva Mendes teve dificuldades para amamentar Eloah Isis e buscou ajuda no banco de leite do Materno Infantil / Foto: Paulo Soares
Lucidalva Mendes teve dificuldades para amamentar Eloah Isis e buscou ajuda no banco de leite do Materno Infantil / Foto: Paulo Soares

O leite materno deve ser a única fonte de alimentação do bebê durante os seis primeiros meses de vida. Nele, há nutrientes suficientes para que ele cresça saudável. O líquido amarelado produzido nos primeiros dias de amamentação, chamado de colostro, por exemplo, é por muitos considerado a primeira vacina do bebê, uma vez que fornece uma porção significativa de vitaminas, proteínas, sais minerais e carboidratos, ajudando no fortalecimento do sistema imunológico.

Entretanto, muitas mães têm dificuldade para amamentar, seja por não conseguir produzir leite, seja por desconhecer o jeito certo de fazê-lo, ou por problemas de saúde. Em todos os casos, os bancos de leite são aliados das mães.

Talita Farias Ferreira das Chagas é mãe de primeira viagem e teve alguns problemas na amamentação da pequena Mallu, de menos de um mês. Após ter a filha, ela entrou em completo desespero, pois não conseguia alimentá-la. Nos dois primeiros dias, ela não teve colostro e a filha teve que tomar complemento alimentar. Já no terceiro dia, os seios ingurgitaram (empedraram), o que deixou a mãe ainda mais aflita. “Depois de 15 dias de nascida da minha filha, eu vim aqui para o Materno Infantil, para o banco de leite. Aqui, fizeram massagem no meu seio, me ensinaram todo o processo de amamentação”, contou feliz após conseguir dar de mamar à filha.

Muitas mães, como Talita, passam por diversas dificuldades relacionadas à amamentação. Mas, para todos elas, o banco de leite do Hospital Materno Infantil, em São Luís, oferece uma solução. “Existem problemas como a apojadura dolorosa, que é quando a mama está muito cheia de leite, nós fazemos compressas, massagens e aos poucos a mãe vai se adaptando àquilo. Há também a retenção de leite no interior da mama, o que pode ocasionar dores e evoluir para inflamações ou infecções”, lista Feliciana Pinheiro, médica responsável pelo setor.

“O banco foi criado a fim de promover e incentivar a amamentação e tem a função de apoiar as mães que estão amamentando para amamentar com sucesso”, afirma a médica. Durante os primeiros dias de vida, alguns bebês têm dificuldades na amamentação por problemas como prematuridade e enfermidades diversas, e, assim, os bebês em UTI neonatal recebem o leite doado através de sondas nasogástricas.

Descobertas - Os primeiros dias em que Talita Farias levou Mallu ao Banco de Leite foram de descobertas. Primeiro, o bebê teve dificuldade para pegar o seio e isso foi consequência do costume com o bico da mamadeira. A médica Feliciana Pinheiro explica que mamar na mamadeira é diferente de mamar no seio, a criança tem uma confusão com os bicos.

“No banco de leite, nós damos todo o suporte à mãe, não apenas fazemos a coleta do leite. Temos acompanhamento psicológico para mães que passam por insegurança materna, acompanhamento nutricional para as mães tomarem todo o cuidado com sua alimentação e com o fonoaudiólogo, que faz um tratamento com a criança que não consegue amamentar, pegar o bico do peito, além do serviço de enfermagem, em que as enfermeiras dão orientações e ensinam o manejo da amamentação”, esclarece.

Depois das orientações, Talita Farias melhorou a produção de leite e a sucção da bebê. “No começo, eu tive um sentimento de frustração, porque não conseguia amamentar minha filha, mas hoje é tão interessante o retorno que eu tenho, mesmo passando as madrugadas acordada”, comenta a mãe.

Lucidalva Andrade Mendes, que teve há menos de 60 dias sua primeira filha, Eloah Isis, teve algumas dificuldades no aleitamento. Inicialmente, ela passou cinco dias internada. Durante esse período, ela não teve bico em uma das mamas e sua filha não conseguia amamentar nos dois seios, então ela foi levada ao banco de leite, onde, aos poucos, conseguiu fazer o bico. Ela tem dado prioridade à amamentação de seu bebê, mas pretende doar, porque tem uma produção grande de leite. “É inexplicável ela olhar para mim e eu para ela, é um momento sagrado para o bebê e aumenta ainda mais os laços da mãe com o filho”, comenta a mãe.

Vantagens - Desde o pré-natal, as mães são orientadas sobre o manejo do aleitamento. Segundo a doutora Feliciana Pinheiro, médica responsável pelo banco de leite do Materno Infantil, as mulheres aprendem as vantagens imunológicas, nutricionais e até mesmo afetivas que o aleitamento oferece para elas e para as crianças.

“A mãe retorna ao peso normal mais rápido, porque ela passa, pelo leite, calorias para a criança. Previne uma nova gravidez, além de prevenir doenças como o câncer de mama e colo de útero”, explica a doutora Feliciana.

Saiba mais

- Existem de 60 a 70 doadoras fixas no banco de leite do Materno Infantil, que são efetivas e cadastradas, além de doadoras esporádicas. A quantidade de leite doado varia de 8 a 10 litros por semana direcionados à UTI neonatal.
- Para as mães que não podem se locomover até o hospital, mas querem doar, existe a coleta externa. Os profissionais de saúde do hospital se deslocam até a casa da mãe para orientar como deve ser feita a ordenha com segurança e como o leite deve ser estocado em uma rede de frio.

Serviço

Banco de leite
Funcionamento - diário, das 7h às 19h
Locais de coleta em São Luís – Materno Infantil e Maternidade Marly Sarney
Locais de coleta em São Luís – Caxias e Imperatriz
Telefone: (98) 2109-1178

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