Fundada por português, firma foi pioneira em materiais elétricos
Inaugurado em março de 1923, na região central de São Luís, o Centro Elétrico foi fundado pelo português José Gonçalves dos Santos, em uma época em que a capital maranhense ainda utilizava candeeiro a gás ou querosene
No fim do século XVIII, a colônia portuguesa estava radicada no Maranhão, pela figura do governador Joaquim de Melo e Póvoas (1761-1775), sobrinho do primeiro-ministro português Marquês de Pombal. Tal aproximação com a nobreza portuguesa outorgou nos lusitanos uma legitimidade às terras maranhenses para que vingassem seus negócios. Séculos mais tarde, o tino comercial de outro português, José Gonçalves dos Santos, levou à fundação de um tipo de comércio ainda não explorado no estado, o Centro Elétrico.
A história do grupo começou em 1923, quando o jovem empresário português José Gonçalves dos Santos abriu sua loja na área onde hoje fica localizada a Avenida Magalhães de Almeida, no centro da cidade. Alguns anos depois, o estabelecimento mudou-se para a Rua Grande, principal centro comercial da cidade à época. "O imóvel escolhido foi o sobrado n°321A, na quadra entre as ruas da Cruz e São João, de propriedade da família Gonçalves", conta Izautildes Cunha dos Santos, nora de José Gonçalves dos Santos. A loja permaneceu no endereço por 50 anos.
Para José Gonçalves Neto, que hoje é diretor executivo da empresa, o avô José Gonçalves foi um visionário. "Ele foi um português que veio para São Luís aos 8 anos, trabalhar com o tio, prosperou e fundou sua própria empresa. Há 92 anos, ele fundou uma empresa de nome Centro Elétrico, para comercializar material elétrico em uma cidade onde ainda se usava candeeiro a gás e a querosene", frisou.
Filho - Em 1953, José Gonçalves dos Santos Filho passou a ajudar o pai, tornando-se sócio na empresa, que seria marcada pela união familiar. Casada com Gonçalves Filho, foi nessa época que Izautildes Cunha dos Santos passou a trabalhar no Centro Elétrico. "Quando me casei, me interessei e passei a trabalhar na empresa. Às vezes, trabalhava de casa. Depois que meus filhos cresceram um pouco, passei a vir para a loja, mas sempre apenas no período da manhã, guardando a tarde para ser dona de casa. Apesar disso, eu sempre procurei me inteirar do funcionamento da loja", disse.
Em 1979, José Gonçalves dos Santos Neto, então com 16 anos, começou a ajudar o pai na administração da empresa. À época, o avô já havia falecido. "Quando eu nasci, já existia o Centro Elétrico. Nós morávamos na Rua de Santaninha, a três ou quatro quarteirões da loja. Então, desde criança, a gente tinha o costume de ir pela manhã para a escola e à tarde ir para a loja. Esse envolvimento com a loja foi algo natural", contou.
Quando eu nasci, já existia o Centro Elétrico. Nós morávamos na Rua de Santaninha, a três ou quatro quarteirões da loja. Então, desde criança a gente tinha o costume de ir pela manhã para a escola e à tarde para a loja. Esse envolvimento com a loja foi algo natural"José Gonçalves dos Santos Neto, diretor executivo do Centro Elétrico
Neto - Em 1983, o grupo inaugurou a loja do São Francisco, bairro que despontava no início dos anos 1980 uma vocação comercial bem acentuada. "Assim que eu comecei a trabalhar na loja da Rua Grande, já percebemos que a área já apresentava dificuldades de acesso, de estacionamento. Então, buscamos um local que pudesse nos dar a possibilidade de melhor atendimento. O São Francisco era uma área que estava crescendo, então, abrimos a loja no bairro", informou José Gonçalves Neto. Nesse mesmo ano, a firma ganhou dois sócios: José Gonçalves dos Santos Neto e Izautildes Cunha dos Santos.
Com o inchaço comercial do São Francisco, 10 anos mais tarde foi inaugurada a loja da
Cohama. "Essa loja nasceu da necessidade de ter uma com estacionamento próprio, com balcões e melhor estrutura", afirmou José Gonçalves Neto.
Ainda visando ao crescimento do grupo, em 2008 foi inaugurado o centro de distribuição e loja da Avenida Guajajaras, iniciando uma nova era para o Centro Elétrico, passando a atender a indústrias, construtoras, empresas de manutenção e prestadoras de serviço com excelência, além de continuar com o serviço de varejo. "O Maranhão foi crescendo e nós fomos junto, vislumbrando lojas que pudessem atender melhor o público e em bairros estratégicos", disse.
Primeiro endereço
Rua Grande, 321A, foi o segundo endereço do Centro Elétrico. A primeira loja ficava localizada em um trecho onde hoje é a Avenida Magalhães de Almeida, no Centro. A via foi construída em 1941, durante o governo Pedro Neiva de Santana, como parte de um plano elaborado pelo engenheiro carioca Otacílio Saboya para modernizar o espaço urbano de São Luís, que àquela época ainda era concentrado no centro da cidade. Para a construção da nova avenida, "de uma só vez dezenas de exemplares da arquitetura tradicional luso-brasileira foram demolidos, em uma obra que cortava todo o centro da cidade, praticamente ligando o Rio Anil ao Bacanga", descreve o Guia de Arquitetura e Paisagem de São Luís e Alcântara (2008). Por causa da obra, não é possível saber o local exato de onde ficava a primeira loja do Centro Elétrico se perdeu.
Saiba mais
José Gonçalves dos Santos, fundador do Centro Elétrico, não foi o único português a se aventurar nesse setor comercial em São Luís. Ainda no ramo de materiais elétricos, o também português Teotônio Carvalho Branco fundou a Casa Antero Matos, mas faltam informações mais precisas sobre o negócio, sua localização e quanto tempo o estabelecimento durou.
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