Marcos Silva

A importância de uma Secretaria Municipal de Meio Ambiente para o presente e o futuro das cidades

A educação ambiental e a participação social também ganham força quando existe uma secretaria ambiental atuante.

Marcos Silva

A discussão sobre sustentabilidade, planejamento urbano e proteção dos recursos naturais nunca foi tão urgente quanto agora. Em um cenário de cidades cada vez mais pressionadas por expansão desordenada, crise hídrica, poluição e desigualdade socioambiental, torna-se evidente que nenhum município pode abrir mão de ter uma Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA) estruturada e atuante. Mais do que uma exigência institucional, essa secretaria representa a capacidade da cidade de cuidar de si mesma e de planejar seu futuro com responsabilidade.

A criação e o fortalecimento da SEMA são essenciais para garantir que o desenvolvimento local aconteça em consonância com a legislação ambiental brasileira. É essa secretaria que assegura o cumprimento de normas fundamentais, como a Política Nacional do Meio Ambiente, a Política Nacional de Saneamento Básico, o Código Florestal, a Política Nacional de Recursos Hídricos e a Política Nacional de Educação Ambiental. Sem uma equipe técnica e uma estrutura administrativa voltada especificamente para a área ambiental, o município fica dependente do Estado, o que atrasa processos, enfraquece a fiscalização e dificulta a gestão territorial.

Além da dimensão legal, a SEMA é peça-chave no ordenamento territorial e no controle urbano. É ela quem licencia empreendimentos de impacto local, participa da elaboração e revisão do Plano Diretor, define zonas ambientais sensíveis e avalia os impactos de obras públicas e privadas. Quando essa instituição não existe, surgem problemas que já conhecemos muito bem: erosão, enchentes, ocupações irregulares, degradação de nascentes e conflitos socioambientais que poderiam ser evitados com planejamento e fiscalização adequados.

Outro papel central da secretaria é a proteção dos recursos naturais. Rios, nascentes, áreas verdes, manguezais, fauna e flora dependem da atuação direta de equipes técnicas qualificadas. Projetos de recuperação ambiental, combate à poluição, programas de uso racional da água e ações de preservação da biodiversidade só acontecem de forma contínua quando existe uma SEMA com estrutura e orçamento. Sem ela, a natureza se torna a parte mais vulnerável da cidade.

A educação ambiental e a participação social também ganham força quando existe uma secretaria ambiental atuante. Parcerias com escolas, universidades, comitês de bacia e associações comunitárias criam uma rede de cidadania ambiental essencial para uma cidade que deseja se desenvolver de maneira equilibrada. A existência de conselhos como o COMDEMA fortalece o controle social e amplia o diálogo com a população.

Por fim, não se pode ignorar a dimensão econômica. Municípios com SEMA estruturada conseguem captar recursos, acessar editais, firmar convênios e implementar o SISNAMA em sua esfera local. Além disso, atendem aos critérios do ICMS Ecológico, o que significa mais receita para investir em políticas ambientais, saneamento, regularização fundiária e infraestrutura urbana.

Em síntese, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente é muito mais do que um órgão burocrático. Ela é a guardiã do território, articuladora de políticas públicas sustentáveis, a ponte entre gestão e sociedade, é um instrumento estratégico para promover justiça social, proteção dos recursos naturais e qualidade de vida. Sem essa estrutura, o município perde autonomia, capacidade técnica, oportunidades de investimento e, sobretudo, compromete o bem-estar das gerações futuras.

Se queremos cidades mais resilientes, humanas e sustentáveis, precisamos reconhecer que a gestão ambiental começa no nível local — e que uma Secretaria de Meio Ambiente forte é o primeiro passo nessa direção.

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