SÃO LUÍS - A polícia prendeu 40 pessoas por envolvimento na onda de ataques violentos que deixou sete mortos e mais de dez feridos na Grande São Luís. Os dados foram divulgados neste sábado (24) pela Secretaria de Estado de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA).
Na manhã deste sábado, a Força Estadual cumpriu mandados de prisão preventiva contra suspeitos de alta periculosidade investigados por integrar organizações criminosas envolvidas em tráfico de drogas e crimes violentos.
Um dos capturados, Gilberto Rodrigues Barros, conhecido como “Juba”, foi detido no bairro Alonso Costa, em São José de Ribamar, em cumprimento a mandado de prisão preventiva por integrar organização criminosa.
Segundo a SSP-MA, outras seis prisões foram realizadas pela Polícia Militar, na noite dessa sexta-feira (24), durante barreiras e incursões em pontos estratégicos da Grande Ilha. Também foram apreendidas três armas de fogo, 55 munições, quatro carregadores, dois veículos e entorpecentes variados, entre cocaína, maconha e skank. Desses, quatro foram autuados em flagrante no município de Raposa, onde também foram apreendidas as três pistolas e diversas munições.
A Polícia Civil do Maranhão investiga a relação dos presos com os ataques mais recentes de violência que provocaram uma onda de insegurança.
A série de crimes está relacionada à disputa entre facções rivais pelo controle de territórios na região metropolitana da capital.
Veja um resumo do que se sabe até agora sobre os casos:
Primeiros registros:
- Os primeiros casos de violência foram registrados ainda no domingo (19), em bairros como Cidade Olímpica, Tibiri e Bairro de Fátima, em São Luís. Três pessoas morreram e outras três ficaram feridas em diferentes pontos da capital.
- O episódio mais grave da semana ocorreu no bairro Cidade Operária, onde um jovem de 19 anos, identificado como Eduardo Lemos Martins, foi morto e outras cinco pessoas ficaram feridas após um ataque a tiros em frente a um estabelecimento comercial. Os criminosos fugiram em direção à Cidade Olímpica.
Motivações:
- De acordo com o secretário de Segurança Pública, Maurício Martins, os ataques são resultado de uma guerra entre facções criminosas.
- “É uma guerra de facções que ocorre em todo o Brasil. O Brasil precisa acordar para esse momento em que vivemos. [...] São organizações criminosas confrontando o Estado Brasileiro, e nós não podemos aceitar”, declarou o secretário em entrevista à GloboNews.
Bairros e cidades afetados:
- Os ataques ocorreram em diversos pontos da Grande Ilha. Em São Luís, houve registros nos bairros Cidade Operária, Cidade Olímpica, Tibiri, Bairro de Fátima, Liberdade, Vila Magril, Monte Castelo, Vinhais, Vila Janaína, Residencial Maria Aragão, Vila Vitória e Vila Palmeira.
- Casos também foram confirmados em São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.
Consequências na rotina:
- A violência impactou o funcionamento de escolas e universidades, que suspenderam as atividades por segurança. Mais de 20 escolas estaduais e municipais não abriram as portas na quinta (23) e sexta-feira (24).
- As universidades Uema, UFMA e IFMA também suspenderam as aulas e reduziram o atendimento administrativo.
O que dizem as autoridades:
- O secretário Maurício Martins afirmou que as forças de segurança permanecem nas ruas e que o Serviço de Inteligência trabalha na identificação dos responsáveis.
- Segundo ele, não há registros de ataques dentro ou nas proximidades de escolas e universidades, e as equipes seguem atuando para restabelecer a normalidade.
- Martins também voltou a criticar o sistema judicial brasileiro, afirmando que a legislação atual é frágil no combate às facções criminosas, o que facilita a soltura de integrantes dessas organizações.
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Comandante-geral da PMMA detalha medidas contra a violência na Grande São Luís
O Comandante-Geral da Polícia Militar do Maranhão, coronel Wallace Amorim, concedeu entrevista ao JMTV 1, da TV Mirante, no início da tarde desta quinta-feira (23), onde falou sobre as ações de combate à criminalidade na Grande Ilha de São Luís, que registrou tentativas de homicídios, confrontos entre facções, disparos de arma de fogo e ações criminosas em diferentes bairros nas últimas horas, preocupando a população e provocando a suspensão de atividades em instituições de ensino. O coronel Wallace destacou a ação da Operação Impacto, que está nas ruas há dois meses com policiamento reforçado para prevenir crimes, e ressaltou que a Polícia Militar está preparada para combater as facções.
"A Operação Impacto está em toda a Grande Ilha de São Luís, com grandes resultados. Só no último final de semana, foram mais de 18 pessoas presas, 48 conduzidos, mais de 20 armas de fogo e drogas apreendidas. Houve essa situação na área leste de São Luís, onde já estávamos com a Operação Impacto. Como na Cidade Operária teve essa questão escolar, nós reforçamos com o Batalhão Escolar. Todas as escolas, seja do município, do estado ou particular, estão sendo visitadas por nossos policiais, que estão conversando com gestores, diretores e professores. Podem ficar tranquilos, que a Polícia Militar garante a segurança. Não iremos abrir a entrada para faccionados ou quem quiser se passar por faccionado. Quem entrar na frente da Polícia Militar e da sociedade, nós iremos combater de forma firme e eficaz", destaca o Comandante-Geral.
População de São Luís pode colaborar no combate à onda de violência
Além de revelar as providências da Polícia Militar para combater a criminalidade na Grande Ilha de São Luís, o coronel Wallace Amorim também ressalta que a população pode colaborar com informações sobre crimes, ameaças e ocorrências por meio dos canais oficiais de denúncia.
"As informações que nós temos são oficiais, do 190. Se a pessoa estiver se sentindo insegura ou tiver uma informação, ligue para o 190, mande todas as informações que nós iremos enviar uma guarnição para averiguar. Se quiser, pode ligar para o 181, que é o Disque Denúncia. Nos dois números, a pessoa não será identificada, não precisa se preocupar", diz o coronel.
Polícia Militar está procurando líderes de organizações criminosas em São Luís, diz Comandante-Geral
O coronel Wallace Amorim disse ainda que existe um trabalho em conjunto entre as forças de segurança para identificar e capturar líderes de organizações criminosas que sejam responsáveis pelas ocorrências recentes que aterrorizaram a população da Grande Ilha de São Luís.
"No CIOPS (Centro Integrado de Operações de Segurança), existem algumas ocorrências de disparo de arma de fogo. Em alguns casos, a gente foi ao local, tinha um disparo ou outro, mas não tinha tiroteio. Estamos com a equipe de inteligência da SSP (Secretaria de Segurança Pública), PM e Polícia Civil, já levantando mandados de prisão e de busca e apreensão para pegar os cabeças e quem estiver à frente dessas ocorrências", afirma o Comandante-Geral.
Crescimento do número de assassinatos na Grande Ilha de São Luís
Na entrevista, o coronel Wallace Amorim também explicou sobre a questão do crescimento do número de assassinatos na Grande Ilha de São Luís, que já ultrapassou os 250 casos em 2025, superando dados de 2024 e 2023, restando ainda dois meses para o fim do ano. O Comandante-Geral da Polícia Militar afirma que os embates entre grupos criminosos resultaram em um maior número de óbitos e destacou a ação da corporação contra as facções.
"Quando a gente fala em escalada da violência, a gente tem que qualificar esse tipo de crime, mesmo os assassinatos. Temos que ver o tipo de vítima. Estavam tendo muitos embates entre essas gangues rivais, esses embates geralmente ocorrem quando a Polícia Militar sai de uma área para cobrir outra. Quando teve tiroteio recentemente no Retiro Natal, todos os cinco elementos envolvidos foram presos e apresentados", explica o coronel.
Nenhuma escola foi atacada em São Luís nos últimos dias, diz coronel
Em relação às escolas, o coronel Wallace Amorim destacou que nenhuma instituição de ensino foi atacada pelos criminosos na Grande Ilha de São Luís nos últimos dias e falou sobre as ações da Polícia Militar para garantir segurança aos alunos, professores e gestores.
"Em primeiro lugar, ainda não teve uma ocorrência registrada oficialmente em escola. Estamos com força total, são mais de 140 homens só na região da Cidade Operária e circunvizinhanças, temos mais de 40 viaturas circulando, apoio do Grupo Tático Aéreo, da Polícia Civil. Toda a Ronda Escolar está sendo deslocada para aquela área", diz o Comandante-Geral.
Comandante-Geral da PM pede cuidado com vídeos e informações
Por fim, o coronel Wallace Amorim fez um alerta à população para que tenha cuidado ao compartilhar vídeos, áudios e informações sem verificação, pois esse tipo de ação pode aumentar a sensação de insegurança da população da Grande Ilha de São Luís e propagar a fragilidade da segurança pública, facilitando a ação dos grupos criminosos. O Comandante-Geral voltou a destacar que a Polícia Militar está atenta e pronta para combater a criminalidade.
"Outro dia, chegaram três viaturas da Ronda Escolar para conversar com uma diretoria. Filmaram e disseram que era uma ocorrência, mas era só o coronel Chagas chegando à instituição de ensino e acompanhando uma equipe para conversar. Tem que ter bastante cuidado quando for divulgar esses vídeos, é isso que os criminosos querem, essa fragilidade do sistema, mas nós não somos frágeis e iremos para cima deles, como já estamos combatendo há muito tempo", afirma o coronel da PM.
Onda de violência na Grande Ilha
Nas últimas horas, São Luís registrou tentativas de homicídios, disparos de arma de fogo e ações criminosas em diferentes bairros. Os episódios geraram preocupação entre a comunidade escolar e acadêmica, especialmente em unidades localizadas em áreas mais movimentadas da capital.
Em resposta, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) intensificou o policiamento com a criação de uma força-tarefa, que está atuando em pontos estratégicos próximos a escolas e instituições de ensino.
IFMA suspende aulas na Grande Ilha de São Luís
O Instituto Federal do Maranhão (IFMA) anunciou, nesta quinta-feira (24), a suspensão das aulas em suas cinco unidades localizadas em São Luís, em resposta à onda de violência registrada nas últimas 24 horas na Grande Ilha. A medida atinge os campi Monte Castelo, Maracanã, Centro Histórico, São José de Ribamar e também a Reitoria da instituição.
De acordo com a direção do IFMA, a decisão tem caráter preventivo e visa garantir a segurança e o bem-estar de estudantes, professores e servidores. As atividades acadêmicas e administrativas devem ser retomadas no próximo sábado (25).
UFMA também suspende atividades em São Luís
A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) também anunciou, nesta quinta-feira (24), a suspensão das atividades acadêmicas no campus de São Luís, por causa do clima de insegurança na capital.
Em nota, a instituição informou que acompanha “em constante monitoramento a situação de insegurança vivenciada em pontos da cidade” e que a decisão tem como objetivo preservar a integridade da comunidade universitária.
As atividades administrativas da UFMA ocorrerão em horário especial, das 8h às 14h, e o retorno das atividades acadêmicas está previsto para a próxima terça-feira (28), após o ponto facultativo do Dia do Servidor Público.
UEMA suspende aulas em São Luís
A Universidade Estadual do Maranhão (Uema) decidiu suspender as aulas noturnas desta quinta-feira (23) e todas as atividades acadêmicas na sexta-feira (24), devido ao clima de insegurança registrado em alguns bairros da capital. As atividades administrativas serão mantidas em horário contínuo, das 8h às 14h, segundo nota divulgada pela instituição.
A medida foi tomada após reunião com entidades estudantis e ocorre em caráter excepcional, conforme informou a Uema, com o objetivo de garantir a segurança e o bem-estar da comunidade acadêmica.
Apesar da suspensão das aulas, o patrulhamento no Campus Paulo VI, no bairro Tirirical, e as ações de segurança da Secretaria de Segurança Pública (SSP-MA) e da Polícia Militar do Maranhão (PMMA) continuam reforçadas nas áreas consideradas mais sensíveis da cidade.
A Uema reafirmou, em nota, o compromisso com a normalidade das atividades institucionais e destacou que segue acompanhando a situação em conjunto com os órgãos de segurança.
Seduc mantém aulas na rede estadual
A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou, em nota, que não houve incidentes dentro de escolas estaduais e, portanto, as aulas seguem normalmente. Segundo a pasta, equipes de monitoramento estão acompanhando as ocorrências e não há, neste momento, recomendação para suspensão de atividades.
A Seduc também reforçou que o governo mantém ações integradas de proteção à comunidade escolar, com foco na segurança de estudantes, profissionais e familiares, além de oferecer apoio socioemocional e acompanhamento intersetorial para casos de vulnerabilidade.
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