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De Olho na Economia
É economista com experiência nacional e internacional em análises macroeconômicas e microeconômicas. Possui habilidade em análises setoriais, gestão do capital humano, orçamentos e finanças.
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Agronegócio alavancado

A profissionalização da gestão e o planejamento estratégico são mais do que nunca imperativos para que os produtores possam navegar em um mercado cada vez mais volátil e garantir a resiliência do agronegócio na região.

Wagner Matos / Economista

Atualizada em 29/05/2025 às 12h45
A profissionalização da gestão e o planejamento estratégico são mais do que nunca imperativos para que os produtores possam navegar em um mercado cada vez mais volátil e garantir a resiliência do agronegócio na região.
A profissionalização da gestão e o planejamento estratégico são mais do que nunca imperativos para que os produtores possam navegar em um mercado cada vez mais volátil e garantir a resiliência do agronegócio na região. (Foto: Divulgação)

Prezados amigos,

Em maio, aconteceu o AgroBalsas na Fazenda Sol Nascente, em Balsas, Maranhão. A Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte (FAPCEN) organizou um evento que reuniu especialistas, produtores, acadêmicos e empreendedores, demonstrando um alto nível de organização.

A ampla participação de entidades como o governo estadual e municipais, instituições de pesquisa, universidades, sindicatos, associações, entidades de classes e até mesmo o judiciário, foge do que seria uma feira puramente comercial. Essa estrutura colaborativa não só aumenta a legitimidade e a eficácia do evento, mas também o posiciona como uma plataforma fundamental para o desenvolvimento e a formulação de políticas. Há um reconhecimento crescente entre os líderes de que o crescimento do agronegócio exige esforços integrados que abranjam políticas públicas, pesquisa, educação, serviços sociais e gestão ambiental. Essa abordagem é essencial para enfrentar desafios complexos da região, como as mudanças climáticas, os problemas de infraestrutura e a logística, que é extremamente onerosa.

Nesta última edição, passei mais tempo na região e tive a oportunidade de coletar informações adicionais sobre a produção de grãos no MATOPI (Maranhão, Tocantins e Piauí). Meu objetivo foi entender diretamente como os produtores, desde os familiares até os de grandes corporações, têm enfrentado os desafios e oportunidades das últimas safras.

Os produtores ressaltaram que o alto custo dos insumos, predominantemente cotados em dólar, pesou significativamente nos custos de produção, especialmente com a alta da moeda americana frente ao real. Soma-se a isso as elevadas taxas de juros e a baixa cotação dos grãos, fatores que, juntos, esmagam a margem de lucro dos produtores. Muitos agricultores fecharam suas vendas antecipadamente para tentar aliviar os custos, mas ainda dependem da sua produtividade para que as contas fechem. Existe o receio de que, caso não consigam obter a produtividade esperada, enfrentarão problemas financeiros, cenário já vivenciado no período anterior.

Outro ponto crítico levantado foi o custo logístico elevado, além da crônica falta de espaço para armazenagem durante o período de safra. Muitos produtores são forçados a despachar suas produções imediatamente após a colheita devido à escassez de armazéns, o que os coloca em uma posição de desvantagem, encontrando preços de fretes elevados devido à alta demanda.

Tudo isso, inevitavelmente, reflete no custo final, que acaba saindo do bolso do produtor. Com essas premissas, há um grande receio de que as contas não fechem, ou, no melhor dos cenários, que fiquem no "zero a zero".

Percebi que, embora muitos produtores apresentem uma aparente solidez financeira, há uma tendência a subestimar a necessidade de uma gestão profissional. Essa postura, que por vezes se manifesta como excesso de confiança, pode ser um risco significativo para aqueles não habituados a decisões baseadas em análises técnicas rigorosas, em vez de percepções otimistas ou incertas. O cenário atual do mercado e suas variáveis exigem uma preparação que muitos ainda não desenvolveram, o que pode levar ao endividamento, mesmo entre aqueles que historicamente não enfrentaram dificuldades financeiras.

Concluo que o AgroBalsas 2025 reafirmou o potencial do agronegócio na região do MATOPI, mas também escancarou os desafios estruturais e econômicos que impactam diretamente a margem de lucro dos produtores. A colaboração entre diferentes setores, como demonstrado no evento, é crucial para desenvolver soluções abrangentes que mitiguem os altos custos de insumos e logística, e promovam a sustentabilidade financeira do setor. A profissionalização da gestão e o planejamento estratégico são mais do que nunca imperativos para que os produtores possam navegar em um mercado cada vez mais volátil e garantir a resiliência do agronegócio na região.
 

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