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COLUNA
Prof Michael Amorim
Michael Amorim é professor de filosofia, conferencista, podcaster pai e marido.
Prof Michael Amorim

Frei Gilson e o milagre do Rosário

Frei Gilson, que tem incentivado milhões de pessoas a acordarem de madrugada para acompanhá-lo na oração do Terço Mariano, vem sendo covardemente atacado.

Prof Michael Amorim

Muitos não sabem, mas não nasci em família católica. Nasci e fui criado em um lar de fé protestante. Quando criança, frequentei a Assembleia de Deus com minha família. Aos 15 anos, abandonei essa denominação, ficando dois anos “afastado da igreja”. Nesse período, envolvi-me com a umbanda e o candomblé, chegando a quase ser iniciado por um famoso médium da região. No entanto, aos 17 anos, em 2011, converti-me e fui batizado na Primeira Igreja Batista (PIB) de Central do Maranhão. Foi então que realmente passei a levar a sério a vida cristã protestante. Durante os seis anos em que fiz parte dessa denominação, li tudo o que pude sobre a fé protestante.

Sempre buscando estudar autores do protestantismo, li muitas obras, de Calvino a Karl Barth, de Caio Fábio a Lane Craig. Quanto mais avançava em minha formação protestante, mais crescia meu desprezo pelo catolicismo. Afinal, eu era um jovem teólogo – hoje percebo que as palavras "jovem" e "teólogo" jamais deveriam ocupar a mesma frase – e os católicos, coitados, eram, para mim, pobres idólatras que haviam perdido a fé.

Estudei e professei o protestantismo por anos a fio, com vigor e entusiasmo. O prazer que sentia em tornar os jovens protestantes só não era maior do que a satisfação de vê-los deixando a Igreja Católica. Eu não conseguia conceber a hipótese de alguém, em pleno gozo de suas faculdades mentais, fazer parte da “Babilônia”, a “Igreja idólatra”. Exultava quando alguém conseguia libertar-se das “garras da prostituta”. "Salvei uma alma", dizia eu tolamente.

Digo essas coisas para comentar um caso que tem chamado muito a minha atenção nos últimos dias: a oração do Santo Terço às 4 da manhã, promovida pelo Frei Gilson, sacerdote pertencente à Ordem Carmelita Mensageiros do Espírito Santo. Frei Gilson tem incentivado milhões de pessoas a acordarem de madrugada para acompanhá-lo na oração do Terço Mariano. Em um país que caminha, cada vez mais, em direção ao abismo da imoralidade e da depravação, isso, por si só, já é um feito e tanto. Um verdadeiro milagre. No entanto, não foi o que mais me espantou.

Como o mal sempre busca combater o bem e tudo o que dele advém, Frei Gilson tem recebido duros ataques de comunistas – inclusive daqueles disfarçados de padres e bispos, que agem para destruir a Igreja desde dentro – os quais ficaram diabolicamente incomodados com o fato de que milhões estão se levantando de madrugada para rezar. Se o motivo fosse bailes funk regados a drogas, blocos de carnaval obscenos ou qualquer outro tipo de entorpecimento e embrutecimento dessa geração de Homens Ocos (como diria T.S. Eliot), estaria tudo certo. Mas acordar no meio da noite para rezar? Aí já é demais. "Precisamos parar com o extremismo."

Eu, que aos trancos e barrancos tento levar uma vida de oração, vejo nesse santo trabalho motivação e inspiração para perseverar na recitação diária do Terço. Ao falar sobre isso, lembrei-me de quando, com um grupo de amigos católicos, participei da tradicional procissão de São Luís até São José de Ribamar (cerca de 32 km) em honra ao glorioso São José. A caminhada foi dura, como era de se esperar, mas as canções marianas, entrelaçadas com a recitação do Santo Rosário, tornaram o sacrifício bem mais fácil para nós. Rezávamos em coro e, a cada frase, ganhávamos força para terminar a jornada. Muitas vezes acabo esquecendo desta verdade: o Terço fortalece. 

O fato é que os ataques covardes e imerecidos que o sacerdote carmelita vem sofrendo têm mobilizado muitos cristãos, de diferentes denominações, em sua defesa. E isso foi o que mais me maravilhou: protestantes de berço, até mesmo pastores e líderes de igrejas, manifestando apoio público ao Frei Gilson e, não apenas isso, mas também acordando de madrugada para acompanhá-lo na oração do Santo Terço!

Eu, que vim do protestantismo e só abracei a fé católica em 2017, fiquei muito feliz e surpreso ao presenciar, ainda que em pequena escala e de forma circunstancial, aquilo que a Cristandade busca há séculos – sem abrir mão de princípios e sem sacrificar a verdade –: trazer de volta a unidade entre os cristãos.

Vejam só vocês: depois de tantos debates teológicos, bate-bocas e discussões doutrinais, um simples frei conseguiu unir católicos e protestantes apenas... rezando o Terço! Talvez a solução seja muito mais simples do que nossa tola prepotência nos faz imaginar. Talvez tudo o que precisamos fazer – sem, é claro, negligenciar o restante – seja exatamente aquilo que Nossa Senhora pediu em Fátima e que nossa comodidade e preguiça insistem em esquecer: oração e penitência.

São Luís, 6° dia da Quaresma.



 

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