Médico alerta para relação entre câncer colorretal e consumo de alimentos ultraprocessados
Hérquimas Pereira ressalta que o sistema imunológico tem dificuldade em eliminar mutações no trato gastrointestinal quando o corpo está em um ambiente inflamatório crônico.
SÃO LUÍS - O número de casos de câncer colorretal avança entre pessoas com menos de 50 anos, um problema que pode estar associado ao consumo de alimentos ultraprocessados. Segundo o médico Hérquimas Pereira, especialista no aparelho digestivo, esses alimentos podem dificultar a capacidade do corpo de combater as células de câncer.
“Os ultraprocessados podem causar inflamação crônica, que pode levar ao desenvolvimento de câncer. O sistema imunológico tem dificuldade de eliminar mutações no trato gastrointestinal quando o corpo está em um ambiente inflamatório crônico”, frisa o médico.
São exemplos de processados sopas pré-embaladas, molhos, pizza congelada, refeições prontas, cachorros-quentes, salsichas, batatas fritas, refrigerantes, biscoitos e bolos.
Conforme Hérquimas Pereira, há mutações diárias no trato gastrointestinal e, normalmente, elas são eliminadas imediatamente pelo sistema imunológico com a ajuda de moléculas ou mediadores dos ômega-3.
“No entanto, se você tem um corpo submetido há anos em um ambiente inflamatório crônico criado por um desequilíbrio de ômega-6, o tipo comumente encontrado em alimentos ultraprocessados e junk food, é mais fácil uma mutação se estabelecer e mais difícil para o corpo combatê-la”, alerta Hérquimas Pereira, que em São Luís atende nas unidades da Clínica Idiagnóstica.
Além do alto índice calórico que promove o ganho de peso, as carnes processadas, por exemplo, são submetidas a algumas técnicas para realçar seu sabor ou melhorar a preservação, que também podem favorecer o surgimento do câncer.
As substâncias presentes na fumaça do processo de defumação e os conservantes também adicionados durante o processamento, ao lado do sal, podem provocar o surgimento de câncer de intestino (cólon e reto).
Isso sem falar que os ultraprocessados são pobres em fibras, nutrientes importantes que ajudam na limpeza das substâncias consideradas promotoras do câncer, auxiliando na eliminação pelas fezes, acrescenta a médica.
O recente crescimento do câncer colorretal em pacientes com menos de 50 anos tem intrigado os cientistas. O estudo da revista Gut, por exemplo, oferece algumas pistas para desvendar esse enigma. Segundo pesquisadores da University of South Florida, gorduras específicas de alimentos ultraprocessados podem aumentar a inflamação relacionada com o desenvolvimento desse tipo de tumor.
O câncer não tem uma causa única, podendo ser motivado por uma causa interna, como hormônios e fatores genéticos, ou ainda por causas externas, como hábitos e comportamentos. O que chama atenção sobre isso é que muitas pessoas se prendem à ideia do histórico familiar ao falar em câncer, mas a verdade é que entre 80% e 90% dos casos de câncer estão associados as causas externas. E isso inclui fortemente os hábitos alimentares.
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