Sexo com Nexo

Quando um toque cura o corpo e a alma

Confira a coluna desta semana da sexóloga e educadora sexual Mônica Moura.

Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual

Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual.
Mônica Moura/Sexologia clínica e Educação sexual. (Divulgação)

Hoje, no hospital, vivi um daqueles momentos que aquecem a alma e tornam tudo mais significativo. Uma paciente retornou à consulta pra compartilhar sua experiência com o exercício do "Mapa Erótico".

 Frequentemente o prescrevo, pois convida o casal a explorar o corpo do outro de maneira cuidadosa e atenta, sem tocar nos genitais. A proposta é redescobrir o prazer em cada centímetro da pele, revelando como o sexo não-genitalizado pode ser incrivelmente poderoso.


Rosa passou por uma mastectomia total da mama direita após o diagnóstico de câncer. A cicatriz dessa luta fez ela se esconder. Temia se despir diante do marido, preocupada com a reação dele ao ver o corpo transformado pela cirurgia.


E hoje eu a vi com um sorriso que carregava o brilho de uma nova descoberta. Contou que o resultado do exercício foi profundo, como nem imaginava. “Talvez um reencontro”, ela disse, com os olhos cintilando, como se tivesse encontrado algo que estava perdido há muito tempo. “Parece que voltamos a namorar, como há 32 anos. Sabe, doutora, acho que vejo o sexo de outra forma agora.”

Ela, aos 63 anos, descobriu que seu corpo se acendia com o toque gentil do marido. “Me arrepiei toda!”, confessou, com um sorriso travesso. “Brinquei com ele, e rimos juntos.” Relatos assim, onde um corpo redescobre a sua linguagem, me emocionam. “Estou descobrindo o que nunca tinha experimentado”, ela afirmou, com a suavidade de quem finalmente se reconhece.

Em meio à leveza e às risadas, ela disse: “No banho, olhei para mim no espelho e disse: ‘Ei, garota, você ainda está viva!’”. E foi nesta quinta-feira de setembro, após 63 anos de vida e um câncer removido, que essa mulher percebeu não só sua sensualidade, mas também sua vitalidade. O sexo, para ela, deixou de ser um terreno de vergonha e medo. “Sexo não é sujo, não é pecado. É vida”, declarou, com a força de quem reencontrou o caminho para si mesma.

Outro dia, ela e o marido foram à igreja, de mãos dadas. “A última vez que isso aconteceu foi quando éramos namorados”, disse, com emoção. Eu sei que a relação deles se transformou, não apenas no ato sexual, mas na essência do cotidiano. “Nos entendemos de uma forma que nunca imaginamos. Parece que uma nova vida se abriu para mim”, compartilhou, com a serenidade de quem agora caminha em novos passos.

Momentos como esses me lembram da profunda capacidade de transformação que o trabalho com a sexualidade pode proporcionar. Muitas vezes, as pessoas acreditam que já viveram tudo o que poderiam viver, que certos capítulos já foram escritos e encerrados. O meu papel é mostrar que algumas partes da vida, e do corpo, não estão para sempre perdidas.

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