DIA DAS MÃES

Entre o amor e os desafios: a jornada de uma mãe atípica com uma criança autista

O Imirante.com conta a história de vida de Raynara Busson, de 21 anos, e de sua filha, a pequena Sofia Busson, de 5 anos.

Karen Rios / Imirante.com

Raynara Busson junto com a pequena Sofia, de 5 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Raynara Busson junto com a pequena Sofia, de 5 anos. (Foto: Arquivo Pessoal)

SÃO LUÍS  - Uma história não só de amor e dedicação, mas também de desafios enfrentados durante sua jornada de criação. Conheça a história de Raynara Busson, uma mãe atípica de uma criança autista, e sua trajetória em cuidar da saúde mental enquanto enfrenta os desafios únicos do autismo.

Aos 21 anos, Raynara, que reside em São Luís e é estudante de enfermagem, é mãe da pequena Sofia Busson, uma menina de 5 anos diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos 3 anos de idade. Desde então, ela tem sido uma fonte constante de amor e apoio para sua filha, mas também tem enfrentado grandes desafios em relação à sua própria saúde mental. Em entrevista ao Imirante.com, a maranhense conta sua história e relembra os momentos difíceis. 

“É uma jornada extremamente difícil e complicada, principalmente pelo fato de passar a gestação inteira imaginando o nosso filho, imaginando como vai ser o Dia das Mães, as apresentações na escola e quando a gente se deparada com o autismo é um tapa na nossa cara dizendo que não vai ser do jeito pensamos."

Apesar de muito nova, a Raynara precisou criar forças por ela e por sua filha, que requer um cuidado e uma atenção extra, para se adaptar com a rotina de uma criança com TEA. 

“A rotina por si só é difícil, é uma rotina pesada, onde não é só ir para a escola, é escola, terapia e o trabalho árduo dentro de casa. Quando vamos sair, é preciso imaginar se vale a pena mesmo desequilibrar a criança, não podemos dizer ‘ah é só um aniversário’, por exemplo, temos que pensar se vai comer muito doce e que talvez não durma bem à noite e que no dia seguinte pode ter crise por ter saído da rotina.”

Apesar de ser uma mãe exemplar, sinônimo de força e coragem, Raynara enfrenta todas as dores comuns às mães atípicas: o cansaço mental e físico ao bater na mesma tecla todos os dias, levar para terapia e para a escola, ouvir reclamações e principalmente ouvir que a criança teve um regresso. No entanto, sua maior dor foi a quebra de expectativas, pois desde a gestação sempre imaginou como seria a maternidade, as primeiras palavras e etc. 

Nesses 5 anos, mesmo sendo mãe, a estudante de enfermagem nunca conseguiu ir a nenhuma apresentação de Dia das Mães na escola da filha. “Ver aquilo e ver que ela não vai fazer igual a todas as outras crianças, ver que não vai acompanhar, ou até mesmo correr no meio e atrapalhar aquele momento tão especial, dói, dói muito!”. Esse era um dos momentos mais idealizados por Raynara durante a gestação, mas o medo da falta de compreensão da sociedade acaba fazendo com que ela se prive de viver esse momento para não ver a filha sendo julgada. 

“Esse momento tem um peso enorme, porque mesmo que eu já tenha aceitado como minha filha é e o jeito dela, eu sei que lá na frente, lá no palco, na frente de todos, é escrachado que a minha filha é diferente da turminha dela inteira”, diz a maranhense em lágrimas. 

Apesar de enfrentar inúmeros desafios, a maior fonte de força de Raynara é, sem dúvida, Sofia. Ser mãe de uma criança autista proporcionou a Raynara um grande amadurecimento, levando-a a compreender e se colocar mais no lugar do próximo, isso fez ela ter uma visão mais ampla da vida. Ela destaca que, após o diagnóstico, aprendeu a valorizar cada pequena conquista.

“A gente aprende a valorizar um simples momento, isso traz um grande aprendizado. É muito admiravél quando a criança progride. Quando isso acontece, estamos lá aplaudindo de perto, sempre torcendo e sendo o fã nº 1 do nosso filho.”

Não é só o falar, é ela aprendeu a falar! Não é só uma palma, uma dancinha, pular no pula-pula, não é só desfraldar, é uma grande conquista, é uma grande vitória, principalmente para quem está dentro de casa convivendo diariamente com ela. Cada pequena conquista dela é motivo de festa.
Raynara Busson
Sofia Busson. (Arquivo Pessoal)
Sofia Busson. (Arquivo Pessoal)

Aos 16 anos, Raynara iniciou sua jornada na maternidade, abrindo mão de muitas coisas para cuidar da pequena Sofia. O que mais impressiona as pessoas ao seu redor é sua dedicação inabalável, seu amor incondicional e sua força incomparável.

Ela é minha vida sem dúvidas, ela veio para me salvar e para aflorar tudo de bom em mim o nome dela foi decidido quando eu nem imaginava que ela iria realmente existir, Sofia significa sabedoria e é exatamente isso que ela faz na minha vida a cada dia ela me traz mais sabedoria mais maturidade e muita alegria
Raynara Busson

O Imirante.com também conversou com uma amiga da Raynara, Maryelle Arouche, que acompanhou a jovem durante uma parte de sua gestação e, agora, no crescimento de Sofia. Ela elogia a força da amiga e reforça a mãe incrível que a estudante de enfermagem é. 

“A Raynara possui uma grande força, não consigo imaginar da onde ela tira tudo isso, apesar de todos os seus problemas pessoais, da faculdade e do trabalho, ela é uma mãe incrível para a Sofia, mesmo com um dia super agitado ela tira forças do além, consegue consiliar tudo e tirar um bom tempo com sua filha, dando todo apoio e assistência.”

"Desde que chegou ao mundo, Sofia tem iluminado os dias de todos ao seu redor com seu jeito carinhoso, sua alegria contagiante e sua inteligência. A Raynara é uma entre muitas mães escolhidas a dedo por Deus para cuidar desses pequenos e frágeis anjinhos!"

Sobre Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), também conhecido como autismo, é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta as habilidades físicas, motoras, de comunicação e de interação social. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente 1% da população mundial pode ter autismo.

O diagnóstico de autismo deve ser realizado por médicos e pode ser feito ainda nos primeiros anos de vida da criança, por meio da avaliação dos sinais e sintomas, da observação da criança e entrevista com os pais ou cuidadores.

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