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COLUNA

Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

Palavra tão bela palavra!

Qual seria a palavra mais bela da nossa língua portuguesa?

José Ewerton Neto

 
 

A palavra do ano de 2023 foi o termo Rizz em inglês que se refere à capacidade de atrair um parceiro(a). Mas estamos tratando daquela que melhor representa o ano, não necessariamente a mais bonita. 

E qual seria a palavra mais bela, tratando-se, agora, da nossa língua portuguesa? Recorrendo à Internet, elas aparecem em todas as suas obviedades, sutilezas e representações : Saudade, Sonho, Sublime, Ternura, Vida etc. Particularmente , lembro que sempre fui tocado pela sonoridade e significância misteriosa da palavra Melancolia, que, assim como Solitude, não evocam estados de alma consagradores e felizes. Mas aí é que está, uma palavra deve ser considerada bonita a partir do seu significado ou pela sua sonoridade? 

Considero, a partir de meu ofício de lidar com palavras, que algumas delas soam com uma melodia intrínseca que independem do seu significado como , por exemplo, Butterfly, do idioma inglês. Não precisa ser artista para concluir que sua equivalente em português, Borboleta não tem o mesmo poder de fogo, embora possa incorporar toda a elegância de um hai-kai , como neste, de Issa “ As flores caídas voltam aos seus ramos. Oh, não. São borboletas!” Neste caso, poderíamos recorrer à Matemática (sempre ela com seu poder de decisão) para nos ajudar a concluir algo definitivo quanto a isso. Que tal a sentença: Palavra mais bela = significado + sonoridade?

Empunhando esse conceito talvez se torne mais fácil encontrar essa palavra tão bela palavra. Pelo significado logo chegaríamos a Amor, Mãe, Paixão, Infinito... Já pela sedução melódica Vendaval, Melancolia, Delírio, Vândalo e até Lúcifer, que exigem para ser apreciadas que nos dissociemos daquilo que representam.

Escutei mais de uma vez que a palavra saudade é a mais bonita da língua portuguesa e, certamente não há como negar que ela se encaixa, com garbo, na precisão do conceito matemático acima descrito. De fato, ela o satisfaria tanto em conteúdo como em sonoridade, mas ainda assim hesitaria neste momento em escolhê-la como a mais bela. 

A palavra mais bela talvez devesse ser aquela que, potencializada pelos sentimentos de esperança e crença na superação humana, individual e coletiva, fosse incapaz de ser contida num símbolo. Poderia ser até mesmo uma palavra não dita ou, ainda, aquela que reverberasse mais pelo não dito, que pelo dito. 

Que tal Liberdade?

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