Dose Dupla

Fábio Câmara e Yglésio Moyses

O ex-vereador Fábio Câmara e o deputado estadual Yglésio Moyses respondem a questões sobre a política local

Ronaldo Rocha e José Linhares Jr / Ipolítica

Atualizada em 22/03/2024 às 15h01
Dose Dupla: Fábio Câmara e Yglésio Moyses.
Dose Dupla: Fábio Câmara e Yglésio Moyses. (Arte: José Linhares Jr)

SÃO LUÍS - Como forma de proporcionar ao leitor mais acesso ao que pensam os políticos, autoridades, lideranças e personalidades da política, o Imirante/Ipolítica inaugura hoje sua nova coluna de debates políticos: o Dose Dupla.

Nesta primeira edição, a coluna fez 10 perguntas ao ex-vereador Fábio Câmara e ao deputado estadual Yglésio Moyses.

Confira.

Com a ida de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal, muda alguma coisa na política maranhense?

Com a ida de Flávio Dino para o STF a liderança política do Estado passa a ter DUAS cadeiras: Uma DE FATO e uma DE DIREITO. Ressalto! Quem seguirá de posse da liderança DE FATO é aquele que acaba de ser assunto ao posto supremo da justiça e DO DIREITO - Flávio Dino. E quem se assentará na cadeira de líder, DE/POR DIREITO, só os dois pleitos a seguir definirão (Brandão, Felipe Camarão, Josimar de Maranhãozinho, Weverton Rocha, Othelino estão na fila)

 

Muda muita coisa na política maranhense, principalmente pela forma de fazer política. Atualmente, nós temos um governador que consegue dialogar com as diferentes correntes políticas do estado. Sejam elas de centro, de direita, de esquerda, com diferentes matizes religiosas. Algo que o antigo governador não conseguia fazer, que agia sempre pela cooptação, com autoritarismo e episódios de espionagem de adversários, como já foi mostrado.

 

Como você avalia os 8 anos de Flávio Dino no governo? 

É fato que o Maranhão não cresceu 80 anos em 8 conforme as expectativas geradas! Também é fato, ratificado através das urnas que elegeram e reelegeram Flávio Dino governador como nome e projeto de alternância de poder no Maranhão e elegeram, no primeiro turno, a Brandão como governador, que esses governos merecem nota MIL na redação político-eleitoral e MIÚDA na escrita econômica e social! 

 

 

Um desastre. As notícias e eventos recentes atestam isso. Estamos vivenciando um caos na segurança pública devido à negligência com as corporações durante seus dois mandatos. Delegacias em ruínas, profissionais desvalorizados a ponto de ameaçarem greves para obter direitos básicos... E agora, o atual governo precisa corrigir o curso após esse período de deterioração moral e estrutural.

Os dados gerais do estado após sua má administração ilustram claramente a situação. Uma notícia publicada pelo G1 pouco antes de Flávio deixar o governo destaca os dados do IBGE: O Maranhão foi o estado com a maior perda de qualidade de vida e o pior desempenho socioeconômico do Brasil. Ficamos em último no Índice de Desempenho Socioeconômico.

Não há argumentos. Foram oito anos desastrosos. Espero que seu desempenho no STF seja melhor do que o que demonstrou como governador do Maranhão.

 

Lula ou Bolsonaro? Por que? 

Eu reconheço que o caráter impositivo da pergunta (Lula ou Bolsonaro?) reflete a realidade pujante das DUAS forças que mobilizam ideologias no Brasil. Entretanto, exatamente por ser candidato à prefeitura da Capital do meu Estado, para dar coerência a essa minha postura, eu proponho a liberdade dessa espiral hipnótica que empobrece o fazer político. Fato. Bolsonaro está inelegível! Fato. Lula enfrentará um processo de Impeachment! Fato. Assim como há uma alternativa para Braide ou Duarte, EU e o PDT construiremos uma para O Brasil! 

 

Eu vejo em Jair Bolsonaro alguém mais próximo dos valores que o que a corrente política de direita simboliza: família, uma economia que produz com incentivo ao empreendedorismo e redução de impostos. São alguns dos pontos básicos, essenciais pra conseguirmos ser uma sociedade próspera.

É o oposto de tudo o que Lula representa: populismo e a ânsia de que boa parte da população se mantenha na miséria pra que sejam gado eleitoral de uma esquerda assistencialista.

 

Por que você decidiu ser pré-candidato à prefeito de São Luís?

Eu decidi ser pré-candidato a prefeito de São Luís porque enquanto Vermelhos se digladiam contra Verdes e Amarelos Brasil a fora e País a dentro, segue à margem a bandeira Branca hasteada por um braço Preto e uma mão Preta que resgate a ancestralidade, a história, os valores e tanto as dificuldades quanto as potencialidades da Mãe África. E para quem possa pensar que essa tela está pintada em tons de cinza, SUSTENTABILIDADE e DIVERSIDADE também compõem a paleta de cores que se somaram para definirem a nossa decisão.

 

Eu tenho uma história com a cidade. Cresci e me construí como pessoa aqui. Além disso, tenho um espírito que mescla os perfis trabalhador, coletivista e sonhador.

Já vivi em lugares com estrutura muito melhor que São Luís. Poderia ter ficado fora, mas amo minha cidade e voltei pra cá com o desejo de mudar a realidade das pessoas que vivem aqui e poder proporcionar a elas a qualidade de vida que presenciei nesses outros lugares. Isso se tornou uma meta de vida pra mim. Quase uma obsessão. Um sonho. Por isso tenho trabalhado todos os dias pra chegar mais perto disso.

E não é demagogia. Antes do meu trabalho na política, sou médico cirurgião e atendo pelo SUS toda semana. Faço isso com muita felicidade porque sei que estou fazendo meu melhor por aqueles que mais precisam.

Meu sonho de ser prefeito de São Luís parte desse mesmo princípio, mas com um alcance ainda maior.

 

Quais os maiores erros de Eduardo Braide na prefeitura?

Além do isolacionismo político, Em especial, destaco uma área que não admite ensaio, dúvidas ou equívocos: SAUDE.Braide erra ao iludir o povo esperançoso que o elegeu, que firmou com ele um contrato. O povo continua padecendo com o vazio assistencial em todos os níveis da assistência.

Braide erra quando no seu próprio Plano de Saúde elaborado para São Luís, pactuou que alcançaria 80% de cobertura da população pela Atenção Primária, e não chega a alcançar 58%; Braide erra quando apenas 39% das gestantes têm acesso a pelo menos 6 consultas de pré-natal, quando ele prometeu 70%; Braide erra quando apenas 13% das mulheres têm seu exame citopatológico realizado; Braide erra quando apenas 29% das pessoas hipertensas têm sua pressão aferida, quando ele prometeu 90%; Braide erra quando coloca São Luís na posição 179, dos 217 municípios do estado, no Ranking de Indicadores do Previne Brasil, que avalia a saúde na Atenção Primária; Braide erra quando investe cerca de 85 milhões de reais na Atençã

 

É difícil escolher um só, mas aqui eu citaria a falta de diálogo como o maior deles. Depois de eleito, o Braide se fechou e passou a governar pelos interesses próprios sem se importar de verdade com os principais problemas da cidade.

O melhor retrato disso são as redes sociais dele. São Luís está um caos em infraestrutura, transporte público e saúde. Muitas pessoas reclamam por todos os lados, mas ele ignora tudo e destaca as poucas e inexpressivas ações que executa. O ludovicense vai reclamar de um hospital da prefeitura e normalmente recebe uma resposta que beira ao cômico, aparentemente gerada por um bot citando meia dúzia de reformas pífias que não deixam nenhum legado relevante.

Transparência? Não existe. Diversos escândalos de má gestão e ele não se explica. É como se não devesse nada à população de São Luís. Juju, Cacaia e Marquinho Duailibe que o digam. Absurdo total.

 

O que o prefeito Eduardo fez que você manteria, caso fosse eleito? 

Dissolução ou Solução de continuidade é um dos males da política que precisa ser banido do dicionário e das práticas de políticos que realmente se proponham inovadores. Dito isso, o que eu manterei e ampliarei, quantitativa e qualitativamente na nossa gestão da prefeitura de São Luís é o programa de FEIRINHAS! Esse programa que tem a digital de um pedetista – IVALDO RODRIGUES – também soma com a cidade e com a nossa gente quando faz links com empreendedorismo, economia verde e local, saúde, sustentabilidade e até abre janelas de fomento para o comércio dos créditos de carbono.

 

A equipe de mídias digitais que trabalha pra ele no Instagram. São brilhantes! Conseguem mascarar muito bem os inúmeros problemas de gestão da prefeitura e manter uma imagem pessoal positiva.

 

O sistema de transporte público em São Luís é muito criticado. Você tem alguma proposta para reverter a situação? Qual? 

Modificarei a lei de Polos geradores de Tráfego de modo que haja mitigação dos  impactos no trânsito pelo aporte de recursos privados num Fundo de Custeio da Tarifa Social para pessoas com NIS. As constantes paralizações dos ônibus, mostram que nossa cidade  fica congestionada na falta de ônibus. Então farei investimentos para qualificar seu uso, recuperando cada centímetro das vias por onde eles trafegam,   diminuindo assim os custos com combustível e manutenção. Investirei pesado na ampliação de corredores preferenciais para ônibus/vans/taxis e motos. Vou requalificar a caixa da Av Castelo Branco, criando uma zona permanente para estacionamento e vou  liberar  uma via preferencial de ônibus para uso 24 horas, entrando na Ponte Jose Sarney. Vou implantar novos modais incluindo o VLT no trecho:  Estiva/aeroporto/Zona portuária /Aterro Praia Grande. Vou implantar transporte hidroviário tendo como terminal multimodal o  terminal rodoviário da Praia grande.     

 

Nós temos estudado muito o transporte público de São Luís e modelos de outras cidades, principalmente Curitiba. A capital do Paraná é um grande exemplo de eficiência. Lá funciona a Rede de Transporte Integrado (RIT), que trabalha por meio do esquema de ônibus de trânsito rápido (BRT) ligando os bairros e a região central. Além disso, há integrações interbairros, que circulam em diferentes áreas da cidade sem passar pelo Centro, tudo conectado via bilhete único. O usuário paga apenas uma passagem. O mundo todo copia e nós já deveríamos ter nos inspirado.

A partir dos nossos estudos, vamos elaborar uma proposta adequada para fugir desse ciclo caótico, anual, de greves. Além disso, temos atualmente em São Luís um modelo que esqueceu do pedestre, esqueceu do ciclista e só lembrou, de maneira paliativa, de quem possui condições financeiras de ter um carro, um veículo automotor.

 

Carlos Brandão deve chegar a dois anos de mandato nas próximas semanas.Ele é melhor, ou pior, que seu antecessor, o ex-governador Flávio Dino? 

Com a devida vênia, não me parece justo comparar 2 anos de Brandão com 7 ou quase 8 anos de governo Flávio Dino! O que eu posso afirmar, sem o risco de cometer injustiças, é que Flávio Dino no exercício dos seus 2 primeiros anos de governo dispunha de mais e melhores condições para operar, investir e alavancar a sua gestão. Brandão, por sua vez, quando anuncia a entrega de centenas e centenas de obras (da envergadura das mesmas trataremos a posteriore) relacionando-as aos seus 2 primeiros anos de governo, se submetidas a um teste de DNA, a paternidade seria atribuída a outrem. E com essa observação eu creio me ter feito entender! 

 

Brandão tem uma vontade muito mais verdadeira de fazer o crescimento estrutural do Maranhão. Vejo nele uma vontade bem maior de criar um ambiente de negócios para que o nosso estado prospere. Diferente de Flávio Dino, que como político clássico de esquerda, sempre privilegiou a perpetuação da miséria. Prova disso é que ao final de sua gestão, o Maranhão ficou na posição 23 entre as 100 cidades brasileiras com pior IDH. Em relação ao diálogo, Flávio Dino se escondia da classe política por se achar melhor que todos, diferente do Brandão que é capaz de dialogar.

 

O ano de 2024 ficou marcado por grandes gastos públicos com o carnaval.  Sob a ótica do poder público, você acredita que a festa é desperdício ou investimento?

Sob a óptica da Legal, Impessoal, Moral, Pública e Eficiente boa administração, festa, entendida como um promocional de cultura e de lazer da população bem como alavancagem para turismo e outros links econômicos, deve ser INVESTIMENTO. Assim, como é sabido por quem se aplica a estudar o papel de fundamentos orçamentários tais como PPA, LDO e LOA, e sabe que para cada pasta e ação uma rubrica e um montante é designado, o que realmente me parece ser urgente de consideração é o cumprimento do princípio da RAZOABILIDADE. É RAZOÁVEL que a GRIFE ALLOK vista os abadás do carnaval quando o fardamento escolar ou as batas de enfermeiras e médicos estejam sem nenhuma etiqueta ou até pior: FALTANDO?   

 

Pode ser um investimento e, principalmente, fomento à cultura, mas é necessário planejamento estratégico que não houve no carnaval do Maranhão deste ano. O que tivemos foi uma briga de egos maior do que a própria festa e prejudicou muitas pessoas, especialmente nas cidades do interior que tiveram seus eventos esvaziados. Além disso, custou muito dinheiro público direcionado apenas a São Luís, tudo pra “bombar” nas redes. Uma disputa vã por popularidade.

O ideal seria uma parceria entre prefeitura e governo do estado, programação divulgada com antecedência e um bom plano de divulgação na mídia.

Seria importante o investimento real na cultura maranhense. E não falo de “pingar” um trocado e sumir. É investir em estrutura, divulgação… dar suporte de verdade aos nossos artistas e não deixá-los como alternativa, em um puxadinho das atrações nacionais.

 

Qual sua opinião sobre o outro convidado

O deputado estadual Yglésio Moyses é um cidadão e um parlamentar a quem eu reputo por competente, comprometido com os ministérios que escolheu exercer na sua vida (médico, advogado, político e dirigente desportivo), sério (ao humor nas redes aplico avaliação à parte), aguerrido, corajoso e, caso consiga um partido para chamar de seu, certamente que contribuirá muito para a elevação do nível da discussão sobre projeto de Estado e Planos de Governo para enriquecermos a nossa querida São Luís e a nossa gente igualmente querida.

 

Respeito a trajetória do Fábio Câmara. Foi um vereador atuante na capital e conseguiu viabilizar sua candidatura dentro do seu partido. Espero que esteja construindo uma boa discussão para a cidade de São Luís.

 

 

 

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