Educação

Uso da metodologia STEAM e robótica são estratégias educacionais que podem transformar as áreas de engenharia e tecnologia

O déficit de profissionais nessas áreas gera consequências negativas para qualquer país, como perda de competitividade e desaceleração da economia.

Publipost/ Fiema

Atualizada em 28/02/2024 às 17h26
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SÃO LUÍSPeças de lego, blocos intuitivos de programação e uma missão para ser cumprida em equipe. O que começa como uma brincadeira no Ensino Fundamental, com o aprendizado de robótica educacional como ferramenta da metodologia STEAM, contribui para que adolescentes optem cada vez mais por carreiras nas áreas de engenharia e tecnologia. O aprendizado divertido, transversal e que simula problemas da vida real, incluindo o mundo do trabalho, tem ajudado estudantes a desbravarem um mundo sem limites para aprender, criar, inovar e começar bem cedo a iniciação científica.

A realidade atual do Brasil é que faltam profissionais qualificados em áreas como engenharia e tecnologia. Os motivos são muitos, mas um deles parece ser consenso: falha na formação educacional do país desde a Educação Básica. No mundo, até 2030, 85 milhões de vagas de emprego não serão ocupadas por falta de profissionais qualificados. No Brasil, entre 2021 e 2025, a demanda por talentos é de 800 mil. No entanto, apenas 53 mil serão graduados. Ou seja, um déficit de 530 mil profissionais no período.

Ainda nessa linha, um relatório de inteligência da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), de 2021, avalia os desafios da formação em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e da introdução da estratégia ΣTCEM. Trata-se da inserção tecnológica nos cursos de ciências, engenharia e matemática para aumento da oferta de profissionais e para tentar barrar a evasão nesses cursos de graduação, um outro problema. A pesquisa analisou as afinidades entre os cursos de graduação ofertados. Uma das conclusões é que o melhor aproveitamento das grades das formações em engenharia, matemática e ciências tem o potencial de aumentar a empregabilidade dos talentos no setor de TIC.

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EDUCAÇÃO BÁSICA – Mas o problema começa muito antes da graduação, como mencionado anteriormente. A cada três anos, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) realiza o PISA. O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes é um estudo comparativo que checa a proficiência em matemática, leitura e ciências dos estudantes que concluíram a Educação Básica. Mais de 10 mil alunos de escolas públicas e privadas de 81 países, incluindo o Brasil, foram avaliados na última edição do PISA, que é de 2022. Como resultado, 73% dos estudantes brasileiros registraram baixo desempenho em matemática, 50% em leitura e 55% em ciências. Todas as pontuações estão abaixo das recomendações pela OCDE.

Não é à toa que uma instituição do porte da OCDE se preocupe em definir um padrão mínimo aceitável para os egressos da Educação Básica. A falta de profissionais capacitados em áreas como engenharia e tecnologia, que requerem conhecimentos aprofundados nessas disciplinas, acarreta muitos prejuízos a um país. Entre eles estão a diminuição da competitividade global, impacto na capacidade de inovação e desenvolvimento tecnológico, atraso na implementação de infraestruturas críticas (como rodovias, pontes, energia), desaceleração do crescimento econômico, criação de vulnerabilidades na segurança nacional e cibernética, dificuldades na transição para economias sustentáveis e ampliação da lacuna de gênero nessas áreas profissionais, especialmente de mulheres e minorias.

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ABORDAGEM STEAM – Uma estratégia possível que pode ajudar os estudantes a terem mais autonomia e protagonismo é uso da metodologia STEAM e do ensino de robótica, educacional e de competição, como ferramenta para aproximar os alunos das ciências, tecnologia, engenharia, artes e matemática. E tudo isso com uma certa leveza. A metodologia STEAM nasceu nos Estados Unidos para suprir a necessidade de mão de obra qualificada. Ao substituir práticas de ensino ultrapassadas e com currículos engessados, a metodologia STEAM ganhou diferentes abordagens em cada país e vem se mostrando eficaz para a formação integral do indivíduo, contribuindo também em áreas como cultura e política.

Com a aprendizagem baseada em projetos, a metodologia STEAM é uma evolução do STEM. Com a inclusão da letra ‘A’, que vem da palavra ‘arte’, a sistemática abraçou disciplinas como design, ciências humanas e sociais e habilidades socioemocionais. Isso significa que o conhecimento é construído de forma holística e com o foco no protagonismo dos estudantes.

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DO LEGO AOS ROBÔS INDUSTRIAIS - A Rede SESI de Educação no Maranhão, com unidades em São Luís, São José de Ribamar, Imperatriz, Bacabal e Caxias é um bom exemplo da aplicação da metodologia STEAM no estado. Os alunos também têm acesso à aprendizagem de robótica, educacional e de competição, o que vem fazendo a diferença nos últimos anos. As crianças se encantam pelo jeito lúdico como os fundamentos de robótica são repassados e, quando se dão conta, estão criando e programando robôs para cumprirem determinadas missões. Começam com as peças de lego e evoluem para a criação de robôs industriais, de grande porte.

Os resultados já podem ser notados dentro e fora do estado. O SESI Maranhão já é a maior instituição privada que investe no ensino de robótica no estado e, por meio de parcerias, tem buscado ampliar o alcance de suas ações nessa área para centenas de estudantes de escolas públicas, municipais e estaduais, em mais de 20 cidades do interior do estado. Trata-se do Projeto SESI Prototipando Sonhos, que com as bolsas de iniciação científica concedidas pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) a estudantes e professores de robótica vem fazendo a diferença.

“O projeto está promovendo uma verdadeira transformação científica, tecnológica e de inovação para um público que teria poucas oportunidades se não fosse essa iniciativa. O ensino da robótica está promovendo uma evolução na forma de pensar. Eu vejo que em breve um dos grandes cientistas brasileiros virá da robótica. Ciência, tecnologia e inovação vêm juntos com o desenvolvimento de qualquer estado, de qualquer país”, avaliou Nordman Wall, presidente da FAPEMA.

Este ano, o operador oficial dos Torneios First Lego League no Brasil considerou o Torneio SESI de Robótica- Regional Maranhão como o maior do país. Foram mais de 540 competidores de seis estados. Recorde também na participação de equipes, 11 no total (sendo 10 do SESI e uma equipe de garagem), na etapa nacional do torneio que acontece em Brasília, entre 28 de fevereiro e 02 de março deste ano. Entre competidores, técnicos e pessoal de apoio, a delegação do Maranhão conta com 92 integrantes e tem reais chances de pódio na briga por uma vaga para a competição internacional, que acontece em Houston ainda em 2024 e os Opens FLL da Noruega, Califórnia, Massachusetts e Austrália.

CARREIRAS – Participar das competições de robótica é uma evidência do processo educacional do SESI. Mas há também outros indicadores positivos. O superintendente regional do SESI Maranhão, Diogo Lima, disse que em uma análise dos últimos três anos o percentual de aprovação dos alunos egressos do projeto de robótica nos vestibulares das Universidades Federal (UFMA) e Estadual (UEMA) do Maranhão tem aumentado consideravelmente. “Este resultado se justifica pelos três pilares que integram a Rede SESI de Educação: as metodologias utilizadas nos projetos, incluindo o de robótica; a formação geral e os Itinerários Formativos”, enumerou. Os alunos do SESI Maranhão estão optando cada vez mais por carreiras de engenharia (Mecânica, da Computação, Pesca, Produção, Elétrica) e de Ciência e Tecnologia.

É o caso do universitário de Engenharia Mecânica da UEMA, João Lucas Lima Soares, 18. Durante o Ensino Médio cursado na Escola SESI São Luís ele teve a oportunidade de aprender robótica e participar de três etapas nacionais da competição e duas internacionais nas modalidades First Lego League (FLL) e F1 in School. “Com a robótica adquiri habilidades como trabalho em equipe, comportamento empresarial e controle emocional em público. Os treinos me ajudaram a perceber a área profissional com a qual me identifico e onde tenho melhor desempenho”, disse o universitário, acrescentando que os estudantes devem aproveitar as portas que o aprendizado da robótica abre.

O ensino de robótica na Educação Básica é uma estratégia inovadora com grande potencial para transformar de maneira muito significativa a formação nas áreas de engenharia e tecnologia. Com a robótica, educacional e de competição, os alunos aprendem tanto habilidades técnicas como interpessoais. São exemplos disso o estímulo ao pensamento crítico e resolução de problemas, promoção da criatividade e inovação, desenvolvimento de habilidades técnicas, fomento ao trabalho em equipe e comunicação, preparação para o futuro do trabalho, redução da lacuna de gênero, já que as meninas participam em pé de igualdade, e geração de impactos socioeconômicos a longo prazo para o estado e para o país.

 

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