Densidade médica

Maranhão tem apenas 1,17 médico por mil habitantes

O Maranhão passou a ser o Estado com menor densidade médica do Brasil.

Imirante, com informações do Portal Brasil 61

Atualizada em 14/09/2023 às 12h03
Maranhão passou a ser o estado com menor densidade médica do país. (Foto: Reprodução)
Maranhão passou a ser o estado com menor densidade médica do país. (Foto: Reprodução)

SÃO LUÍS - O Maranhão passou a ser o Estado com menor densidade médica do país (1,17 por 1.000 habitantes), lugar ocupado antes pelo Pará (1,33). A taxa de médicos por 1.000 habitantes segundo os dados atualizados do IBGE 2022 “encolheu” no Maranhão e mais outros três Estados: Amapá, Mato Grosso e Santa Catarina. Os dados são do estudo Nova Demografia Médica, publicado pela Faculdade de Medicina da USP e a Associação Médica Brasileira (veja aqui). 

Ao adequar os dados da população total do país, antes superestimada, o Censo 2022 alterou o ranking de algumas unidades da Federação. Com isso, há mudanças também no cálculo da densidade de médicos.

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No Nordeste, Paraíba continua sendo o Estado com mais médicos por 1.000 habitantes (2,89). Em relação à demografia médica observada anteriormente, alguns Estados subiram posições no ranking de médicos por 1.000 habitantes, a exemplo de Piauí, agora com 2,34. Outros, como Pernambuco (2,31), caíram posições.

(Foto: Divulgação)
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Por meio de nota a Secretaria de Estado da Saúde (SES) disse que tem adotado medidas para atrair novos profissionais para o Maranhão e ampliar a oferta de especialistas. Leia:

“A Secretaria de Estado da Saúde (SES) destaca que, nos últimos anos, tem ampliado as vagas para residências na rede estadual a fim de formar e atrair novos profissionais para seguir carreira no Maranhão e também ampliar a oferta de especialidades médicas no estado. A SES também tem incentivado a abertura de novos cursos de medicina, especialmente no interior do estado. A secretaria destaca também que o déficit de médicos especialistas é uma realidade em todo o país e que é positiva a iniciativa do Governo Federal, com o Programa Mais Médicos, para melhorar essa realidade nos estados”.

Densidade médica no Brasil

Somos 203 milhões de habitantes no Brasil, segundo dados do Censo 2022. Mais de meio milhão são médicos. 545.767 profissionais de saúde espalhados — de forma heterogênea — pelo país. Uma média de 2,69 médicos por 1000 habitantes, como mostra o estudo Nova Demografia Médica, publicado pela Faculdade de Medicina da USP e a Associação Médica Brasileira. 

Em números absolutos, a pesquisa revela que alcançamos uma densidade médica semelhante à de países ricos, como Estados Unidos, Japão e  Canadá. Mas quando olhamos a concentração desses profissionais, as discrepâncias são imensas. Segundo o estudo, enquanto a região Sudeste tem 3,62 médicos por 1000 habitantes, no Norte esse número é de 1,65 para cada 1000 pessoas. 

A maior parte dos municípios do país - quase 70% - é de pequeno porte, ou seja, tem até 20 mil habitantes. Juntas, essas cidades somam 31,9 milhões de habitantes (15,8% da população brasileira), cidades onde trabalham só 16,7 mil médicos (2,8% do total de profissionais do país). Na outra ponta, 41 cidades com população maior de 500 mil habitantes são onde vivem 29% da população e 61,5% dos médicos estão nesses grandes centros. 

(Foto: Divulgação)
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Há 12 anos na presidência do sindicato dos médicos do DF Gutemberg Fialho acredita que faltam políticas públicas que sejam capazes de dispersar esses profissionais dos grandes centros. 

“Os profissionais vão para o mercado de trabalho onde possam progredir, possam evoluir. Se a região é carente, não dá a mínima condição de trabalho, você tende a sair de lá ou tende a nem ir para lá. Então, nós precisamos criar condições para interiorizar os profissionais de todas as áreas. Temos que ter políticas públicas que os levem para os interiores, para os rincões. Enquanto não se fizer isso, os profissionais, naturalmente, vão procurar os grandes centros.”

12 anos e o dobro de médicos

Outro dado do estudo mostra que em 22 anos - de 2000 a 2022 - o número de médicos mais do que dobrou no Brasil: passou de 1,41 para 2,69 médicos por 1.000 habitantes. Enquanto isso, nos últimos 12 anos a população brasileira cresceu 6,5%, o que mostra uma desaceleração. Mas a população de médicos, nesse mesmo período, teve um aumento de 225.290 profissionais, um crescimento de 70,3% em pouco mais de uma década. O que pode ser atribuído, segundo o estudo, à oferta de vagas nas faculdades de medicina de todo o país. 

“É a primeira vez que a região Nordeste tem mais de dois médicos por mil habitantes, isso é uma consequência direta da abertura de novos cursos e da ampliação de vagas de graduação de medicina. E o Brasil, com isso, contará com mais de um milhão de médicos em pouco mais de 10 anos. O grande desafio vai ser fazer com que esses profissionais sejam bem formados e que eles estejam, de fato, nos locais e nos serviços de saúde onde a população mais precisa.”

Enquanto o número de médicos é de 2,69 por 1000 habitantes o de especialistas cai para 1,58 (médico especialista por 1.000 habitantes). E o estudo ainda mostra que todas as especialidades são distribuídas de forma desigual entre as unidades da Federação. 
Das 55 especialidades médicas reconhecidas, algumas das maiores demandas são por anestesistas e cirurgiões. 

Da graduação à residência

Enquanto de um lado aumentam as ofertas de vagas nas faculdades de medicina de todo o país, o estudo mostra que as oportunidades de residência médica não acompanham esse crescimento. Segundo o último Censo da Educação Superior, divulgado em 2021, são 365 escolas médicas ativas no Brasil onde estão matriculados mais de 220 mil alunos. 

Na graduação o Brasil tem 1,05 estudante por 1.000 habitantes, na residência médica, os números são bem menores: 0,21 médico residente por 1.000 habitantes.

O que preocupa o coordenador da pesquisa é o fato de que o Brasil está envelhecendo. Com isso, doenças crônicas como diabetes, hipertensão e obesidade — que são as que mais matam no mundo — vão demandar um número cada vez maior de médicos especialistas. 

“Precisamos garantir a qualidade da formação da graduação e, ao mesmo tempo, expandir a capacidade de formar médicos especialistas depois de graduados. Se nada for feito, possivelmente, além da má distribuição dos médicos especialistas hoje existentes, em curto prazo poderão faltar médicos especialistas no Brasil.” 

 

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