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COLUNA

Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

São Luís, dos esquecidos

Mais um troféu para a bela cidade de São Luís, acaba de ser anunciado. Depois de ter sido a Atenas Brasileira e a capital do Reggae, São Luís é agora reconhecida como "A cidade dos esquecidos".

José Ewerton Neto

Atualizada em 29/08/2023 às 15h40

Mais um troféu para a bela cidade de São Luís, acaba de ser anunciado. Depois de ter sido a Atenas Brasileira e a capital do Reggae, São Luís é agora reconhecida como "A cidade dos esquecidos", segundo pesquisa recentemente publicada nos jornais da Ilha sobre objetos esquecidos em carros de aplicativos, que a aponta como a campeã no ranking nacional.

Nada a ver, é bom que se diga, com "los olvidados" ou abandonados, mas sim no sentido de esquecedores mesmo. Isso é o que somos, leitores conterrâneos: esquecedores contumazes.

A pesquisa, claro, não aponta os motivos para tal esquecimento. De minha parte, como cronista interessado em saber, fui atrás de especialistas que me apontassem os potenciais motivos. Eis alguns deles:

Os objetos deixados são coisas para esquecer mesmo. Como o são-luisense é muito sentimental e apegado, o esquecimento, quase proposital, é apenas uma desculpa para abandoná-los em algum lugar. Seja um celular que leva mais tempo para carregar do que funcionando, um relógio pirata que só serve de enfeite ou uma carteira velha sem um tostão, esses objetos são esquecidos meio que na base do "Graças a Deus, se me roubarem!"

O são-luisense tem tantas obrigações e dívidas para lembrar que a memória estufada não consegue reter tudo que seria desejável. (IPTU e IPVA para pagar, exame de sangue na fila do SUS, prova de vida na Caixa, telefone do primo do amigo, do amigo do amigo do vereador que vai quebrar um galho etc. etc) O jeito é esquecer para aliviar a memória.

O ambiente poético que paira sobre a Ilha é outro "grande culpado". Poetas, como se sabe, são esquecidos, vivem no mundo da lua, e em São Luís, com esse céu e esse mar paradisíacos e ainda por cima cercada de água por todos os lados, todos viram poetas, tanto assim que por aqui tem mais academias de letras do que de ginástica. Não é de admirar que todos fujam da realidade e esqueçam suas coisas enquanto sonham e deliram fazendo poemas. Só não se esquecem de si mesmos dentro do táxi porque o motorista do aplicativo avisa para pagar a conta.

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