Os dois corações do mar
Em ambos aflora a luta desesperada dos náufragos.
São dois os mais prodigiosos corações do Mar. Pelo menos em livro, que eu tenha sabido – e lido –. O primeiro, de Nathaniel Philbrick, que depois teve versão cinematográfica com esse nome (que tive o prazer de assistir) é o relato real dos caçadores de baleia, que tiveram o navio abalroado por um espécimen gigante que foi, depois, eternizado em um dos mais célebres romances da literatura, Moby Dick de Herman Melville.
O segundo, menos conhecido, porém com vários prêmios importantes, é uma ficção da escritora norte-americana Charlotte Rogan, em que esta narra a epopeia de 32 sobreviventes do naufrágio de um grande navio ( à la Titanic) e sua luta angustiante pela sobrevivência a bordo de um bote salva-vidas à espera de socorro em condições precárias.
Em ambos os romances (o primeiro mais detalhista e técnico, e o segundo, mais psicológico) aflora a luta desesperada dos náufragos, em condições tão extremas que o Oceano e suas imprevisibilidades se torna uma espécie de Deus onipotente, sendo ao mesmo tempo o algoz e o redentor ao sabor da sorte que, nada mais é que a sua forçada investidura divina.
A par de suas peculiaridades, as duas leituras se desenvolvem com notável fluidez, como no filme. O leitor permanece na torcida pelos personagens em luta e em conflito, por vezes íntimo , especialmente no segundo relato, de tal maneira bem escrito que se confunde, mesmo tendo sido inventado, com o realismo avassalador e esclarecedor do primeiro.
Tendo como tema comum a luta pela sobrevivência, são tocantes as passagens onde afloram as tragédias humanas íntimas, de mesma intensidade que os vórtices externos das ondas impetuosas. Não tardam a ser expostos os ingredientes que compõem a fragilidade humana diante da natureza e, em consequência, ao lado dos sentimentos nobres de coragem e de solidariedade, extravasam as versões malsãs de egoísmo e crueldade.
Isso resulta para o leitor em extraordinárias lições de vida, desde que possa apreender e valorizar cada vez mais a grandeza da aventura humana ( qualquer que seja ela) em sua determinação e tentativa de superação - do dia em que nasce até a morte - das tantas fragilidades inerentes à nossa condição humana.
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