Alarmante

A cada 54 horas, Maranhão registrou um caso de violência contra a mulher em 2022, diz estudo

O Maranhão é o segundo Estado do nordeste com maior número de agressões e tentativas de feminicídio, atrás apenas da Bahia.

Fabiana Serra/Imirante.com

- Atualizada em 07/03/2023 às 08h29

SÃO LUÍS - O Maranhão registrou um caso de violência contra a mulher a cada 54 horas. O Estado é o segundo do Nordeste em número de agressões e tentativas de feminicídio, registrando 62 casos em 2022. É o que revela o boletim "Elas Vivem: dados que não se calam", lançado nesta segunda-feira (6) pela Rede de Observatórios da Segurança.

No total, foram 165 casos de violência contra a mulher registrados no Maranhão. Em 46 casos, o agressor era companheiro ou ex-companheiro da vítima.

Os dados demonstram que 21 casos não apresentam a motivação do crime, seguido por 14 casos nos quais a violência foi motivada por brigas e sete foram registrados como crimes de ódio.

Em novembro de 2022, Stefani Muniz Souza Rodrigues, de 22 anos, foi morta com três tiros na frente do filho de apenas cinco anos de idade, no bairro Parque Vitória, em São Luís. O principal suspeito é o ex-companheiro, identificado como Lucas Rodrigues Neves. A criança teria pedido ao pai para que não matasse a mãe.

Stefani havia terminado o relacionamento há cerca de um mês antes do crime por conta de agressões que a jovem sofria. Segundo a chefe do Departamento de Feminicídio da Polícia Civil do Maranhão, Wanda Moura, o suspeito continua foragido, mas as investigações continuam para capturá-lo.

Stefani já havia terminado com Lucas.
Stefani já havia terminado com Lucas.

Elas Vivem: dados que não se calam

Em sua terceira edição, o estudo da Rede de Observatórios da Segurança compilou dados de sete Estados brasileiros - Maranhão, Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.

O boletim demonstra que a cada quatro horas, ao menos uma mulher é vítima de violência doméstica. Em 2022, foram registrados 2.423 casos de violência contra a mulher, sendo que 495 terminaram em morte. Ou seja, uma mulher morreu por ser mulher a cada dia.

A maior parte dos registros aponta que os companheiros e ex-companheiros das vítimas são os responsáveis por 75% dos casos de feminicídio. As principais motivações são brigas e términos de relacionamento.

Os dados do boletim foram produzidos a partir de um monitoramento diário do que circula nos meios de comunicação e nas redes sociais sobre violência e segurança. As informações coletadas alimentam um banco de dados que posteriormente é revisado e consolidado.

Em nota, a Polícia Civil informa que tem intensificado as ações de combate à violência contra a mulher. 

"A Polícia Civil do Maranhão (PC-MA) informa que,  por meio de campanhas de combate à violência contra a mulher e o feminicídio, vem intensificado suas ações preventivas, das quais destacamos as Semanas de Combate ao Feminicídio ocorridas na Região Tocantina e na Região Metropolitana de São Luís. Além de palestras em instituições de ensino e empresas.

Além disso, a PC-MA ressalta a ampliação da rede de denúncia e de acolhimento das vítimas de violência doméstica, a exemplo, o aplicativo Salve Maria Maranhão, a Delegacia On-line, a Central de Atendimento à Mulher (180), o Disque-Denúncia (181), a Polícia Militar do Maranhão (190), as Delegacias Especiais da Mulher (DEM), a Casa da Mulher Brasileira, em São Luís, e a Casa da Mulher Maranhense, em Imperatriz.

No que tange o trabalho operacional de enfrentamento à violência contra a mulher, a Polícia Civil comunica que realiza constantemente operações específicas de repressão à violência contra a mulher que resulta em prisões em flagrante, cumprimento de mandado de prisões e na expedição de Medidas Protetivas de Urgência (MPU) em todo o Estado.

Por fim, a PC-MA informa que, desde o último dia de 27 de fevereiro, às forças de segurança pública do Estado do Maranhão estão realizando ações que fazem parte da Operação Nacional "Átria", comandada em âmbito Nacional pelo Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), com foco na redução de crimes como feminicídio e violência doméstica no país. A Operação Átria será realizada durante todo o mês de março.

Ademais, sobre políticas públicas no combate à violência Contra Mulher, as Secretarias de Estado da Mulher (Semu) e de Estado da Segurança Pública (SSP-MA) informam que, atualmente, estão em funcionamento o Programa Aluguel Maria da Penha, a Patrulha Maria da Penha, a Casa da Mulher Brasileira, a Casa da Mulher Maranhense, a Casa Abrigo e o Aplicativo Salve Maria Maranhão. Além do app, outros mecanismos de proteção remotos em funcionamento são os serviços de Medida Protetiva Online e o Boletim de Ocorrência Online."

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