(Divulgação)
COLUNA
Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

A beleza também morre

Hoje não há mais lugar para a pausa refletida e para a contemplação e, consequentemente, para a imaginação e o sonho, que é o suporte da beleza confiável.

José Ewerton Neto

Atualizada em 02/05/2023 às 23h39
 
 

Nas últimas semanas dois ícones da Grande Beleza sucumbiram. Gina Lolobrígida e Raquel Welch, ambas atrizes. Anteriormente, da mesma geração, tinham ido Elizabeth Taylor, Marilyn Monroe, Ava Gardner. Que eu me lembre, desse time da “grande beleza” permanecem Cláudia Cardinale e Sofia Loren.

Quando me refiro à Grande Beleza, falo de belezas estonteantes, que marcaram uma geração de fãs, numa época em que o foco das ilusões e de deslumbramento era o cinema e suas atrizes eram suas marcas mais exuberantes. Eram tão belas que a constatação parece óbvia: Já não se fazem belezas como antigamente!

Embora o “amor à primeira vista”, de suas fotos, mesmo para as gerações que não as conheceram permita chegar, de forma enviesada, a essa conclusão, penso, contudo, que isso não seja verdadeiro e a explicação, deve estar embutida no comentário anterior: o deslumbramento causado por suas aparições em filmes, fotos de revistas e calendários, acontecia porque havia um clima criado em torno e, sobretudo, concentração, o que era um terreno fértil para fomentar todas as ilusões possíveis - desde as de atrativos sexuais até as platônicas. 

Ao contrário de hoje, quando as belezas, paradoxalmente numa época mais favorável, devido à tecnologia posta a serviço da estética, são equivalentes, porém, fragmentadas, dispersas, emocionalmente difusas num oceano de imagens pululando a cada momento nas redes sociais. 

Hoje não há mais lugar para a pausa refletida e para a contemplação e, consequentemente, para a imaginação e o sonho, que é o suporte da beleza confiável. 

Isso explicaria, a meu ver, por que Sofia Loren, ainda viva, foi a maior de todas. Havia a magia causada pelo seu magnífico olhar, pela sua sensibilidade e por seu talento, adicionados à sua beleza natural. Quem duvidar que leia Sofia Loren, vivendo e amando sua primeira biografia escrita, onde tais ingredientes são captáveis, no rastro de sua trajetória vitoriosa, mas nem sempre fácil.

Fica fácil entender por que ela ainda permanece, mesmo descaracterizada fisicamente e erodida pelo tempo, no degrau superior da grande beleza. 



 

As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não representam a posição do Imirante.com. A responsabilidade pelas publicações destes restringe-se aos respectivos autores.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.