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COLUNA

Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

O tempo

É sempre bom lembrar que o tempo nunca foi um sujeito digamos assim, identificável.

José Ewerton Neto

Atualizada em 02/05/2023 às 23h39
 
 

Ninguém sabe quando o tempo começou, se é que começou. É sempre bom lembrar que o tempo nunca foi um sujeito digamos assim, identificável. Tem muita gente sábia, inclusive, que acha até que ele nunca existiu. Ora, que ele não existirá um dia, isso não resta a menor dúvida, mas quanto à sua existência no passado e presente....

Tenho a impressão de que Albert Einstein, num momento mais de sutileza do que de sabedoria, criou a tal de Teoria da Relatividade para resolver essa questão. Ao dizer que o tempo é relativo, ficando em cima do muro, selou definitivamente a sina do tempo como elemento improvável, sem revelar que este nunca passou de uma invenção humana. Relativo, ora bolas! Que você, leitor, diria a um teste de paternidade que lhe confirmasse que o filho era seu, mas que isso era relativo?

2.Durante milhões de anos pairou sobre nós a desconfiança de que preocupar-se com o tempo era coisa de quem não tinha o que fazer, porque ninguém ligava muito pra ele. Vivia-se, ou melhor, sobrevivia-se, e isso era mais importante que o tempo. As preocupações com este só começaram pra valer depois da revolução industrial quando chegaram as locomotivas.  A partir daí, sim, porque era preciso saber a que horas um trem ia chegar e partir. Foi então que os homens adotaram o relógio, sem desconfiar de que estavam entrando na maior fria de sua história.

3. Algumas dezenas de anos se passaram, o suficiente para comprovar aquilo que, hoje, preferimos não atinar. Oprimidos, neuróticos, controlados por uma caixinha presa em volta do braço os homens é que se tornaram escravos de sua criação. Como marginais vigiados por uma tornozeleira, somos também prisioneiros do tempo a nos determinar   o que devemos fazer hoje, amanhã e sempre. 

Como reação, só nos resta xingar o dito cujo, convictos de que, assim, estamos nos vingando dele. “Que tempo vagabundo! Por que passa tão depressa?”                                                       

Execramos o tempo mas esquecemos de acusar a máquina que inventamos. Cá com seus botões o Tempo, se pudesse falar responderia: “Parem de me xingar, bobalhões. Livrem-se dos seus relógios. Suas vidas valem muito mais que eles.” 

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