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COLUNA
Hertz Dias
Hertz Dias professor da rede municipal de São Luís e dirigente do PSTU.
Hertz Dias

Capitólio verde e amarelo, o governo Lula-Alckmin e a classe trabalhadora

O governo Lula-Alckmin não romperá com esses grupos econômicos que estão por trás da ultradireita, até porque parte deles está dentro do próprio governo.

Hertz Dias

Atualizada em 02/05/2023 às 23h46
Hertz Dias é professor da rede pública e dirigente do PSTU.
Hertz Dias é professor da rede pública e dirigente do PSTU. (Ipolítica)

Não é mais só uma possibilidade, mas uma realidade: a ultradireita bolsonarista fez neste domingo o seu Capitólio tupiniquim. Alertamos incansavelmente que isso poderia acontecer. A própria ultradireita deu vastas demonstrações de que essa intentona seria questão de tempo.

Às vésperas do 7 de Setembro de 2022, Bolsonaro avisou que seria a última vez que o exército sairia às ruas. No dia das eleições do segundo turno, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal organizou inúmeros bloqueios para impedir que eleitores de Lula chegassem aos locais de votação. Derrotado nas urnas, Bolsonaro desapareceu, momentaneamente, das redes sociais, enquanto aqueles que financiaram sua campanha, o agronegócio bonapartista, bloqueavam estradas por todo o país.

Não satisfeitos, resolveram acampar em frente aos quartéis para exigir intervenção militar, sem que ninguém os incomodasse. No dia da diplomação de Lula, aglomeraram-se em frente ao Palácio da Alvorada e tocaram fogo em 5 ônibus e em vários carros particulares.

Às vésperas do natal, um empresário bolsonarista tentou explodir uma bomba no Aeroporto Internacional de Brasília. Tudo, mas absolutamente tudo, em nome da permanência de Bolsonaro na presidência.. 

Precisava de mais exemplos? Sim, o do último domingo!

Uma ação golpista organizada abertamente pelas redes sociais, com oferta de ônibus, alimentação, barracas, banheiros químicos, oferecidos para milhares de bolsonaristas que se deslocaram de vários estados e chegaram ao Palácio dos Três Poderes com direito a escolta da PM e, sem dúvidas, com apoio da cúpula das Forças Armadas. 

Apesar de todos estes robustos exemplos, a esquerda que compõe o governo Lula-Alckmim preferiu apostar todas as suas fichas no diálogo conciliatório com grupos bolsonaristas que buscam se relocalizar nas entranhas políticas do novo governo. Se fosse com a juventude negra da periferia, certamente não seria assim. Além de financiados por grandes grupos econômicos, os golpistas em tela, são quase todos brancos! Conciliação e tratamento vip pra eles!

Na direção da conciliação, Lula nomeou José Múcio, um defensor dos atos bolsonaristas, como Ministro da Defesa. Daniela Carneiro (União Brasil), deputada federal envolvida com grupos milicianos do Rio de Janeiro, também foi nomeada para o cargo de Ministra do Turismo do governo Lula.  Flávio Dino, Ministro da Justiça e Segurança Pública, anunciou Nivaldo Cesar Restivo, coronel da Polícia Militar de São Paulo, envolvido no massacre do Carandirú, como Secretário Nacional de Políticas Penais. Pelo menos, este caiu antes de assumir. 

Depositaram toda a confiança no governador bolsonarista do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que nomeou para Secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres (União Brasil), ex-ministro de Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro. Depois de nomeado, Anderson viajou para a Flórida, cidade dos EUA onde Bolsonaro se encontra fazendo qualquer coisa, menos deitado em berço esplêndido. Serpentes, mesmo quando dormem, mantêm os olhos abertos. É bem provável que o “Capitólio verde e amarelo” tenha sido coordenado desde a Flórida. 

São tantos os exemplos, que poderíamos concluir que em matéria de segurança o novo governo é um Incrível Exército de Brancaleone. Mas não, não é! E nem acreditamos que será assim com a classe trabalhadora e o povo negro. Aqui em baixo o chicote continuará estalando em nossas costas. 

Na verdade, o que as organizações que compõem ou apoiam o governo Lula-Alckmin negligenciam é a força da classe trabalhadora, classe esta que é a única capaz derrotar a ultradireita golpista e a mais prejudicada, caso ocorra um golpe vitorioso em nosso país. O projeto de imposição de uma ditadura militar no Brasil está estritamente vinculado ao projeto de aprofundamento da nossa recolonização, de entrega de nossas riquezas, de destruição da natureza e do que sobrou de direitos trabalhistas.  Este é projeto que a burguesia e o imperialismo têm para o Brasil. Um projeto que não começou a ser implementado no governo Bolsonaro, mas aprofundado nele. Na verdade, a ultradireita bolsonarista é produto da decadência do nosso país que está, a passos largos, voltando a ser uma colônia. 

Sem reverter radicalmente esse processo, não será possível derrotar a ultradireita. Políticos e partidos não se autorrepresentam, eles representam os interesses das classes sociais e das suas frações internas. O governo Lula-Alckmin não romperá com esses grupos econômicos que estão por trás da ultradireita, até porque parte deles está dentro do próprio governo. 

Por isso mesmo, a classe trabalhadora não pode transferir ao governo Lula-Alckmin  e para as instituições do regime (Congresso, STF, Forças Armadas, etc), uma tarefa que só ela pode realizar, que é a de derrotar a ultradireita, colocar a família Bolsonaro e os bolsonaristas golpistas na cadeia e frear o processo de recolonização do nosso país. Para isso, é preciso retomar as mobilizações e organizar, com a urgência que a realidade exige, os comitês de autodefesa nos bairros, territórios e nas fábricas.

 Isso, porque, além de não ser dos trabalhadores, o governo Lula-Alckmin faz da politica de conciliação de classes uma enorme chocadeira de ovos de serpentes golpistas! 

Ocupar as ruas e organizar a autodefesa!

Investigação e punição exemplar para todos os envolvidos nas ações golpistas! 

 

 

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