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COLUNA

Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

Confraternizações a mil

Fim de ano é assim: você descobre que todo ser humano é uma ilha cercado de confraternizações por todos os lados.

José Ewerton Neto

Atualizada em 02/05/2023 às 23h39
 
 

Chega dezembro, quando você descobre que todo ser humano é uma ilha cercado de confraternizações por todos os lados. É quando as empresas e instituições, através de seus diretores se lembram de serem bons, felizes e solidários. 

Haja cumprimentos e saudações de quem você nunca viu mais gordo! Onde o tom, invariavelmente é o mesmo a partir da décima rodada de cerveja.

1.A pergunta mais corriqueira passa a ser: “Alguém viu o meu celular?”. Claro que ninguém viu, ou, se viu, faz de conta que não. A partir daí as dúvidas evoluem para: “Escuta, alguém sabe onde foi minha mulher?” até chegar às mais dramáticas quando vai findando a madrugada: “Desculpem, mas como essa calcinha veio parar na minha mão? 

2. Os nomes são dispensáveis. Todos se tornam próximos o suficiente para chamar o outro de meu garoto, flamenguista, minha gata. Logo a intimidade sobe vários tons: danada, tarada, ninfa até chegar ao apogeu alcançado quando a esposa do diretor denuncia o apelido íntimo do marido durante o sexo,após seu discurso (que ninguém ouviu): Demonão!

3. A timidez agora se esconde debaixo das mesas com guardanapos, pedaços de papel higiênico, e princípios de vômito. É quando pela primeira vez parece que a empresa tem mais estagiárias do que funcionárias. Elas surgem de tudo quanto é lado e os comentários das esposas emburradas com a derrota anunciada na pista de dança - pra ver quem balança mais a bunda, depois que até o presidente resolveu se soltar – só termina quando uma delas cai estatelada no chão depois de um lance mais ousado para reproduzir a performance de Anitta. “Bem feito!” sussurram as despeitadas.   

4. A fila do banheiro ficou maior até do que a do self-service. Todos entram e saem ao mesmo tempo. Só se vê narizes fungando e manchas de pó branco nas camisas. Alguém vomita e faz um sinal de positivo. O diretor-presidente, lamentando que não haja banheiro vip, não controla mais o jato e adentra o recinto. 

Surpreende-se: “Essa mulher aí no chão, tá desmaiada?”

“Parece que sim” responde alguém. 

Resoluto (é nessas horas que um diretor tem de atuar) ele chama o Gerente-adjunto que prontamente chega:

“Cristóvão, acho que essa mulher tá desmaiada!” 

“Penso que sim, senhor” “ 

E porque ninguém fez nada?”  

“É a sua amante senhor! (Pelo menos foi o que ela disse). O senhor não a reconheceu porque está de rosto virado para o chão. Desculpe, mas ela ordenou que não chamasse ninguém”.

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