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COLUNA
Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

A hora e a vez dos Manés

Essa gente toda que deprecia Mané, ou os Manés, parece agir assim porque se considera vencedor.

José Ewerton Neto

Atualizada em 02/05/2023 às 23h39
 
 

E, de repente, como teria dito minha avó, Mané virou doce na boca de tanta gente.

Infelizmente, não como nos bons tempos de glória do futebol brasileiro. Nos idos dos anos 60 o termo era useiro e vezeiro na boca dos nativos por causa de um gênio do futebol, Mané Garrincha. Então simbolizava vitórias. Mané, esse gênio das pernas tortas que nos trouxe duas copas, era um vencedor. E que vencedor!

Atualmente, porém, na boca dessa gente que hoje repete Mané a três por quatro, Mané é símbolo de perdedor, de espezinhado. E essa gente toda que deprecia Mané, ou os Manés, parece agir assim porque se considera vencedor. Talvez porque sejam poderosos, votados, abastados e acreditem que, por isso, possam ser presunçosos e arrogantes. 

O primeiro deles foi um ministro do STF, Barroso, um vencedor em elevado patamar (na visão que tem de si mesmo). Foi o primeiro a vociferar : “Não aporrinha  Mané. Você é um perdedor”  Logo a seguir, mesmo com a ponderação de setores da sociedade que acharam demais uma saraivada de tantos Manés saindo por uma boca, foi a vez de Randolfe Rodrigues, deputado, também poderoso, rico, votado. Também ele achou por bem repetir: “Não amola, Mané. Você é uma perdedora.” Pobres Manés!

Será que essa gente - para quem todo perdedor é um Mané e vice-versa, se lembra de que, um dia, existiu um Mané (Garrincha) que foi muito mais vencedor que todos eles e que foi vitorioso não pela empáfia e pela arrogância, mas pelo talento?

Certamente que não, mas deveriam aproveitar a proximidade da Copa para saber mais sobre Mané Garrincha e Manés. Então talvez descobrissem que estão trocando com eles a posição na escala de vitória se a dignidade humana for o troféu a ser atingido. Perdedores nunca serão cidadãos honestos e que lutam pela subsistência, mas são aqueles que atiram no ralo a nobreza do cargo que ocupam. 

Assim, assistindo aos dribles de Mané e suas jogadas de gênio, quem sabe pedissem perdão pelos insultos proferidos e dissessem: “Salve Mané Garrincha e todos  os Manés deste Brasil!” 

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