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COLUNA

Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

Canções que viram larvas

De Caneta Azul a Luan Santana, de Anitta a Pablo Vittar em matéria de larva no... dos outros, a turma é genial!

José Ewerton Neto

Atualizada em 02/05/2023 às 23h39
 
 

Segundo cientistas, que pesquisam a memória humana, guardar um som torturante, que fica em sua mente como uma melodia presa no cérebro, é um fenômeno recorrente chamado earworms  - literalmente, larvas de ouvido.

Portanto, aquela sensação angustiante que alguém sente quando escuta o refrão de qualquer música sertaneja, e outras que tais, tem o efeito de larva se arrastando pelo seu cérebro.

Tais pragas melódicas, dizem os cientistas, se alimentam da própria memória para infectar o pensamento (90% da população). Tanto é assim que, conforme se constata pelo que ‘bomba’ na rede, cada um se esmera em garantir seus milhões de reais aprimorando sua melhor larva no seu jardim de ‘talentos’. De Caneta Azul a Luan Santana, de Anitta a Pablo Vittar em matéria de larva no... dos outros, a turma é genial!

Segundo a ciência, que começou a estudar o assunto no fim do século passado, o problema é a repetição, esta é que causa a larva e somente um trabalho de proteção pode evitar que você seja contaminado. Porém, o que se percebe é que, apesar de toda boa vontade de especialistas como Bearman sugerindo soluções vãs como a de não pensar no assunto (como não pensar no assunto se a música sequer tem assunto?) nunca se encontrará uma solução para o earworm. 

Até mesmo o consolo de que o “fenômeno” tem duração de 27 minutos e de que se as larvas voltarem, a recorrência é apenas por mais um dia, resiste ao confronto com a realidade. O problema, na verdade, não é só a capacidade de a indústria musical produzir pestes sonoras, o problema maior é de pestes sonoras produzirem pestes humanas (devidamente disfarçadas de motoristas montados   em monstrengos barulhentos).

Contra estes jamais haverá defesa possível. Quem sabe a epidemia de larvas seria amenizada se, um dia, nossos legisladores aceitassem a sugestão proposta por um amigo meu: a de punir os disseminadores com uma lei determinando que toda vez que um sujeito contaminar o universo com suas larvas, deveria ser condenado a passar o dia inteiro escutando Beethoven, Chopin ou Villa-Lobos.

Certo, não resolveria o problema, mas, pelo menos, o criminoso iria sofrer prá burro! Muito mais que nós sofremos. 

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