(Divulgação)

COLUNA

Allan Kardec
É professor universitário, engenheiro elétrico com doutorado em Information Engineering pela Universidade de Nagoya e pós-doutorado pelo RIKEN (The Institute of Physics and Chemistry).
Coluna do Kardec

O General Inverno vem aí!

Falamos sobre a importância dos investimentos em petróleo e gás no Maranhão.

Allan Kardec

Atualizada em 02/05/2023 às 23h38
 
 


Manaus é linda! Quando o avião a sobrevoa para o pouso, parece que o ele será engolido pela intensidade e exuberância da imensidão dos rios Negro e Solimões, formando o rio Amazonas. Caminhar na cidade é ser embalado pelas árvores nativas existentes ao longo das avenidas e ruas – os manauras entenderam que quem mora perto da Linha do Equador precisa de sombra! A cozinha – da popular à mais elaborada é composta por pirarucus, peixe, jambus, farinha Uarini – enfim, sabores locais, que reverberam sua cultura e história.

Os amazonenses lutaram e conseguiram o gasoduto Urucu-Coari-Manaus com um trajeto de 663 km que abastece a cidade de gás natural. A companhia distribuidora local, a CIGÁS, co-irmã da nossa GASMAR, já vem mais de uma década trabalhando intensamente, resultando em mais de 200 km de gás canalizado na capital, abastecendo veículos, shoppings, cafés, padarias, hotéis e tantos outros componentes da indústria local.

“Allan, não podemos ficar parados esperando investimentos! Vai atrás dos melhores exemplos!” “Os negócios que conseguimos nestes poucos meses de Governo, de fornecimento de gás natural para a Vale e a Suzano pela Eneva são extraordinários! R$ 2 bilhões! Mas eles têm de ser os bandeirantes que têm de carregar outros para aquecer a economia, depois desse desastre que foi a pandemia da Covid”. “Vai, meu amigo, corre atrás!”. Palavras do Governador Carlos Brandão.

De fato, vivemos uma janela de oportunidades única. Justamente porque as placas tectônicas resolveram se mover e agitaram todas as economias do planeta. No centro da luta está o gás natural! Nenhum país, aliás, ninguém sobrevive sem energia – que é garantia de soberania de uma nação. Hoje somos dependentes da Bolívia em gás e dos EUA em derivados de combustíveis e gás natural.

A Alemanha era abastecida pelo Nord Stream 1 e estava em vias de duplicar, com a inauguração provável do Nord Stream 2 – gasodutos que ligam a nação prussiana à Rússia, com 1200 km de extensão – basicamente a distância de Brasília ao Rio de Janeiro. Estudiosos esclarecem que desde a derrocada do Muro de Berlin, a OTAN resolveu avançar sobre a Rússia por anos a fio, com intenso protagonismo dos EUA, até que a Ucrânia resolveu entrar na guerra, que hoje acompanhamos.

Que aconteceu nos últimos meses? A Alemanha teve de rever sua política de energia, retornando ao consumo de carvão, concedendo inclusive em sua cara regulamentação ambiental, segundo o Financial Times. Agora, o governo daquele país sofre uma pressão intensa porque o inverno vem aí e população sabe que vai precisar de gás para aquecer, já a começar do mês de outubro, alcançando a primavera do ano que vem, em torno de abril. Só para lembrar: o famoso General Inverno da Rússia já ajudou a derrotar Napoleão e Hitler!

Hoje vemos o Ocidente dar cada dia mais sinais que está abandonando Zelensky. As pressões políticas na Europa estão cada dia mais intensas com a possibilidade de mais aumentos no preço do gás para aquecer as residências ou até mesmo ocorrer racionamento. 

Há um termo japonês chamado de “honne to tatemae”, ou seja, o que você realmente pensa e o que você fala de fato. Minha impressão é que a guerra Rússia X Ucrânia é uma readequação geopolítica causada pela expansão de comercio da China – algo que se vê na figura acima, feita pela The Economist. Com o movimento da Rússia em se aproximar da China em uma declaração conjunta de Xi Jinping e Putin, em fevereiro deste ano, o próximo passo dos dois seria certamente expandir o comércio para a Europa Ocidental. Era preciso conter essa expansão. Mas os EUA conseguem enfrentar a Rússia e a China ao mesmo tempo?

Aliás, Henry Kissinger que, lembremos, foi o grande protagonista das relações exteriores desde de Eisenhower a Gerald Ford, deu uma longa entrevista ao Der Spiegel em que afirmou que “se enfrentar dois adversários significar expandir a guerra na Ucrânia para uma guerra contra a Rússia e, ao mesmo tempo, permanecer em uma posição extremamente hostil à China, acho que seria um curso muito imprudente", quando perguntado se ele achava que os EUA seriam fortes o suficiente para enfrentar seus dois maiores adversários, abrir duas frentes de conflito.

E o que o Brasil tem a ver com isso? O que o Maranhão tem para aproveitar? Minha resposta: todo esse cenário demonstra que temos de investir em autossuficiência, de tal forma que nos tornemos exportadores, e não importadores de petróleo, gás ou derivados – que é o que ainda somos hoje. Construir gasodutos, investir em portos, interiorizar os investimentos. 

Ora, definitivamente a grande fonte de energia que hoje está em disputa é o gás natural – que é o grande produto da Bacia do Parnaíba. E a Petrobras anunciou investimentos de R$ 10 bilhões de reais na Margem Equatorial (MEQ), da qual fazem parte as Bacias de Barreirinhas e do Pará-Maranhão. Nessa área, a coisa está tão aquecida que a ANP anunciou, na última quinta-feira, 25, a inclusão de 218 blocos da MEQ na Oferta Permanente de Concessão. Isso significa que há a oferta contínua de blocos exploratórios, ou seja, as empresas não precisam esperar uma rodada de licitações tradicional para ter de arrematar um determinado bloco.

Temos também um grande condomínio de portos na Baía de São Marcos – que é responsável pela importação de combustíveis do Brasil e igualmente a possibilidade de também termos um gasoduto entre São Luís e Santo Antônio dos Lopes – que pode se estender até Teresina. E temos a Zona de Processamento de Exportação, a ser instalada em Bacabeiras, conforme anunciado pelo Secretário José Reinaldo Tavares.

O momento é do Maranhão!

*Allan Kardec Duailibe Barros Filho, PhD pela Universidade de Nagoya, Japão, professor titular da UFMA, ex-diretor da ANP, membro da AMC, presidente da Gasmar.


 

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