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COLUNA

Curtas e Grossas
José Ewerton Neto é poeta, escritor e membro da Academia Maranhense de letras.
Curtas e Grossas

Suspiros de um gênio

Um resumo dos suspiros geniais de Luís Buñuel.

José Ewerton Neto

Atualizada em 02/05/2023 às 23h39
 
 

Luís Buñuel, um dos gênios do cinema, foi o autor de uma das melhores autobiografias já publicadas intitulada Meu último Suspiro, não só pela sua beleza literária como também pelo elevado grau de  conhecimento  de vida, autenticidade   e sinceridade.

Resumo aqui apenas 6 desses tantos “suspiros” geniais

1.Sobre o terrorismo e o patriotismo. Tenho desprezo por aqueles que fazem do terrorismo uma arma política para uso de uma causa qualquer, por aqueles que matam e ferem para atrair a atenção do mundo. Tenho horror a eles. Parece-me ignóbil qualquer ostentação patriótica. Não suporto o patriotismo ostentatório. Nada me parece mais abominável do que os hinos nacionais. 

2.Sobre Federico Garcia Lorca e Salvador Dali.

De todos os seres humanos que conheci, Federico é o mais marcante. Não falo nem de seu teatro ou de sua poesia. Falo dele. A obra-prima era ele. Podia ler qualquer coisa, a beleza sempre jorrava de seus lábios. Era como uma chama.

Quando penso em Dali, apesar das recordações de nossa juventude, apesar da admiração que ainda me inspira uma parte de sua obra me é impossível perdoar-lhe o seu exibicionismo ferozmente egocêntrico e, sobretudo, seu ódio declarado à amizade.

3.Sobre viagens.

Nunca viajei por prazer. A atração pelo turismo – tão disseminado à minha volta, não existe para mim. Não sinto nenhuma curiosidade pelos países que não conheço e jamais conhecerei. Em compensação, gosto de retornar aos lugares onde vivi, aos quais me prendem recordações. 

4.Sobre partidos.

Embora simpatizante e fazendo parte da Associação dos Artistas Revolucionários, nunca aderi ao partido. Não gostava das longas reuniões, não podia suportar a ordem do dia, as considerações intermináveis, o espírito de célula.

Mantive minhas simpatias pelo partido comunista até o fim dos anos 50, Depois disso fui me afastando cada vez mais. Seja onde for o fanatismo sempre me repugna. 

5. Sobre o fim.

Se me dissessem: restam-lhe  20 anos de vida, o que quer fazer de cada um dos dias que vai viver? Eu responderia: dê-me duas horas de vida ativa e 22 horas de sonho, contanto que possa lembrar-me destes – porque os sonhos só existem através da memória que os alimenta. 

6.Sobre bares.

O bar é,  para mim, um local de meditação e recolhimento sem o qual a vida é inconcebível, um exercício de solidão. Antes  de mais nada tem que ser tranquilo, bastante escuro, muito confortável. Toda música, mesmo distante, tem que ser severamente proscrita, contrariamente ao hábito infame que hoje se propaga no mundo.

(Obs do cronista: Imagina se vivesse hoje no Brasil e fosse obrigado, a escutar dupla musical sertaneja!) 

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