Opinião

A má política tem afastado jovens da boa política

A cada eleição, cai o número de jovens de 15 a 18 anos interessados em tirar o título de eleitor no Brasil.

Clóvis Cabalau

Atualizada em 12/04/2022 às 17h34
Eleitores jovem precisam tirar o título até o dia 4 de maio
Eleitores jovem precisam tirar o título até o dia 4 de maio (Divulgação)

SÃO LUÍS - A (má) política tem sido uma das causas mais evidentes do número cada vez menor de jovens de 15 a 18 anos interessados em tirar o título de eleitor no Brasil. Para o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, desembargador Joaquim Figueiredo, as mazelas cometidas por políticos no país são motivos suficientes para afastar das urnas adolescente com idade para votar.

“Quando assistem ao noticiário, ou mesmo presenciam os pais comentando fatos da política, os jovens não se sentem estimulados a participar do debate eleitoral, nem mesmo a tirar o título de eleitor”, comentou o desembargador, em conversa que tivemos nos bastidores do Bastidores (quadro político do Bom Dia Mirante) esta semana.

Um dado que corrobora o afastamento dos mais jovens do cenário eleitoral é a quantidade de eleitores de 18 anos recém-cadastrados no TRE em comparação ao número de títulos expedidos a adolescentes de 15 anos. Hoje, pelo menos 78.879 têm 18 anos, enquanto apenas 2.680 caminham para completar 16 (fazem aniversario até a data das eleições). Em síntese, significa dizer que a maioria dos jovens espera a maioridade para se tornar eleitor, preferindo não “gastar tempo” com o assunto enquanto integrarem a faixa etária em que o voto é facultativo (16 e 17).

Do total de 142.019 jovens de 15 a 18 anos cadastrados no TRE do Maranhão até o dia 12 de abril, estão ainda 20.788 adolescentes com 16 anos e 39.672 com 17. O número de novos eleitores é significativamente inferior ao das últimas eleições gerais, em 2018.

Evidentemente que outros fatores, além de atos dos agentes políticos, podem afastar os jovens do debate eleitoral - por exemplo, a realidade socioeducacional de cada um. Todavia, vale uma reflexão acerca do grau de “desinteressância” que o excesso de mazelas cometidas pelos políticos podem provocar ao debate eleitoral à vista da juventude brasileira.

Noutra esfera, chega a ser esdrúxulo o “engajamento” de alguns artistas em um suposto movimento para estimular os jovens a votarem. A pergunta que fica é: A ideia, em certos casos, seria estimular jovens a exercerem o direito ao voto, ou direcionar eleitores de primeira eleição a votarem neste ou naquele segmento partidário?

Melhor seria assistirmos a uma nova e maciça geração de eleitores conscientes do seu papel de cidadão, pensantes, convictos de seus posicionamentos, bem informados e aptos a separar o joio do trigo no jogo eleitoral.

Que seja assim.

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