Academia Maranhense de Letras retomará sessões solenes presenciais no dia 18
Por causa da pandemia, a Academia Maranhense de Letras passou quase dois anos sem realizar sessões solenes e presenciais.
Nesta quinta-feira, 18 de novembro, a Casa de Antônio Lobo abre as suas portas para solenemente receber o mais novo acadêmico: o ministro, professor e intelectual Reynaldo Soares da Fonseca, ocupante da Cadeira 38, patroneada por Adelino Fontoura.
Nessa noite, acadêmicos e convidados, com absoluta certeza, deverão ouvir dois brilhantes e inesquecíveis discursos: o do empossado e o de quem vai saudá-lo: Alberto Tavares da Silva.
SOUZA BISPO: O INTELECTUAL QUE VEIO A PÉ DO RIO DE JANEIRO A SÃO LUÍS
Cândido Pereira de Sousa Bispo, veio ao mundo a 3 de outubro de 1896 em Grajaú e faleceu em São Luís a 15 de julho de 1950. De família pobre, conseguiu se formar em Direito e firmar-se na vida como renomado advogado, professor, jornalista, membro da Academia Maranhense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.
No dia 29 de novembro de 1922, com 26 anos, decidiu realizar uma inacreditável proeza humana e sem motivações religiosas, interesses pecuniários ou objetivos promocionais.
Meteu na cabeça fazer uma viagem do Rio de Janeiro com destino a São Luís, usando apenas os pés, projeto que cumpriu depois de andar mais de oitocentas léguas. Ao final da longa e proveitosa jornada de andarilho, arrebanhou informações preciosas sobre a vida do homem brasileiro, que “viu com os olhos do corpo e da alma, a terra imensa e promissora, mais rica que o homem, mais formosa que a gente que a habita e resolve com indiferença dos que desconhecem em que pisam.”
“Naquela jornada cívica de cinco lustros”, o escritor maranhense, em conferência realizada na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, afirmou que “autodidata que sempre fui, aprendi noções gerais de cartografia, de topografia e de geologia, e observando as camadas de terras, compreendi que não devemos estar indiferentes a tais estudos, indiferentes a tais conquistas científicas”.
E arremata: “Aqueles meses, para mim, valeram um curso de engenharia, tal o meu interesse pelas disciplinas correlacionadas à terra”.
Para chegar a São Luís, no dia 23 de julho de 1923, depois de uma penosa, mas valiosa caminhada, conheceu e se encantou com a região central do Brasil, rica e despovoada, a respeito da qual disse poeticamente: “Em noite sem luar, mas constelada, ficaria na dúvida para defini-la qual o legítimo firmamento: o céu estrelado, ou o terreno recamado de ouro e diamantes”.
Como se fosse um Juscelino Kubitscheck, profetizou para aquela região iluminado futuro: “Quando a locomotiva, condutora da fartura, atravessar o coração do país, por essa região e chegar ao norte brasileiro, então outra sorte terá a nossa pátria. O Brasil tornar-se-á rico e poderoso”.
Na sua última etapa de viagem, depois de transitar por Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Piauí , ingressou em terras maranhenses e visitou várias cidades, sobre as quais registrou comentários mordazes, uns mais, outros menos, como os seguintes: “Carolina, a mais bela, próspera e adiantada do alto Tocantins; Riachão, o melhor clima do estado, mas um lugarejo morto por causa da politicalha; Balsas, entreposto comercial mais importante do sul maranhense e com estreita relações com as praças piauienses; Loreto, sede de extenso município, mas um lugar morto e inferior aos povoados que lhe pagam tributos, como São Felix e Mangabeira; Benedito Leite, a localidade mais influente da margem esquerda do Parnaíba; Nova York, fronteira a um lugarejo piauiense; Pastos Bons, cujo nome retrata os campos formosos do Maranhão, do Parnaíba ao Gurupi e Tocantins; Porto Franco, porto fluvial do que se serve Pastos Bons; São João dos Patos, Passagem Franca e Matões, carece de transportes modernos até para a palavra, pois nem telégrafo possuem”.
Antes de chegar à capital maranhense, fez questão de passar pelas cidades que margeavam a recém-inaugurada Estrada de Ferro São Luís-Teresina, destacando-se Caxias, Codó, Coroatá, Itapecuru-Mirim e Rosário, sobre as quais disse: “progridem ao impulso de seus filhos, arrimada à de elementos bons que lhes chegam com aptidões e desvelos”.
Dessas cidades, Coroatá e Rosário mereceram comentários especiais. Da primeira, escreveu que esperava do Governo a construção de uma estrada de ferro para ligá-la à região tocantina. Da segunda, afirmou que poderá se transformar em subúrbio de São Luís, com a conclusão da ponte Benedito Leite, sobre o canal dos Mosquitos.
Ao final da conferência, não esqueceu de dizer algumas palavras a respeito da “Ilha de São Luís, que, com excelentes mananciais de água potável, ricas terras de cultura, viçosos palmeirais, aguarda o remodelamento da capital, que o governo atual (Godofredo Viana) empreende para de tudo produzir. O Maranhão já não está de cócoras, levanta-se, ergue-se ao aceno da varinha mágica do governo que agora lhe dirige os destinos”.
Em tempo: o texto encimado, extraí resumidamente de uma extensa conferência proferida pelo acadêmico Souza Bispo, a 17 de novembro de 1923, na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e publicada no livro de sua autoria, “A Estrutura Geográfica do Maranhão”.
CAMPANHA ELEITORAL FORA DE ÉPOCA
Eu acompanho as lutas políticas do Maranhão desde os anos sessenta do século passado, razão pela qual me acho em condições de opinar sobre o atual quadro político reinante em nosso estado.
Ao longo da minha vida de octogenário, jamais vi uma campanha política, com vistas à sucessão ao governo estadual, ser tão afrontosa quanto à intempestividade, ilegalidade e imoralidade como a que se processa diante de nossos olhos e ouvidos.
Pela primeira vez, assiste-se a uma deslavada campanha eleitoral, protagonizada por dois políticos militantes, que se lançaram pré-candidatos ao cargo de governador, usando dinheiro em profusão e ao arrepio da legislação eleitoral.
Os dois pré-candidatos, como se já tivessem suas candidaturas homologadas pela Justiça Eleitoral, realizam e promovem aberta e despudoradamente eventos políticos, comícios, passeatas, carreatas e outras ilegalidades ao arrepio da lei e das autoridades, estas, silenciosas e acomodadas diante de tantos abusos.
POESIA DE SARNEY
O primeiro livro de poesia de José Sarney foi escrito aos 13 anos de idade.
O livro estava datilografado e no ponto de ser publicado, mas o jovem intelectual o esqueceu num banco de um bonde que o conduzia à Praça Gonçalves Dias.
Para surpresa e alegria de Sarney, o livro com o nome de Poemas Descartados, depois de longos anos de sumiço, foi encontrado e entregue ao autor.
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
O Ministério da Educação quer criar cinco novas universidades federais, a partir do desmembramento das já existentes.
No Maranhão, deverá ser criada a Universidade da Amazônia, vinculada ou extraída da nossa Universidade Federal.
As novas universidades serão dirigidas por reitores temporários e nomeados pelo ministro da Educação.
PALESTRA EM LISBOA
Está acontecendo em Lisboa a reunião da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Uma grande representação do Congresso Nacional participa do evento, no qual o deputado Gastão Vieira será um dos conferencistas.
Convém lembrar, que este evento foi criado no governo do Presidente José Sarney, que, em homenagem ao Maranhão, realizou em São Luís a primeira reunião da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa.
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