Dia Internacional da Mulher

Mulheres assumem linha de frente e tentam romper preconceito

Conheça as histórias de uma agente de Trânsito, uma bombeira e uma delegada que são admiradas por seus trabalhos.

Anne Cascaes e Neto Cordeiro/Imirante.com

Atualizada em 31/03/2022 às 12h13

SÃO LUÍS – O ano é 2020: o Fórum Econômico Mundial, realizado no mês de janeiro em Davos, divulgou uma análise que prevê 1,7 milhão de oportunidades sendo criadas, só neste ano, pelas novas profissões que têm surgido em torno da inteligência artificial, economia verde, marketing e conteúdo.

Já em relação às profissões “antigas”, o cenário não é bem de oportunidades sendo criadas. Aqui há o esforço, principalmente de mulheres, para manter seu espaço em lugares predominantemente ocupados por homens.

A Delegada

A firmeza com que atua na profissão de delegada de polícia, por exemplo, já fazia parte da vida da piauiense Karla Simone quando, aos treze anos, decidiu cursar Direito. Logo após concluir a faculdade, veio o concurso em que foi aprovada para ocupar o cargo de delegada no Maranhão.

Delegada da Mulher, Karla Simone.
Delegada da Mulher, Karla Simone.

Hoje, já são 21 anos como delegada e ela garante que ainda é apaixonada pelo que faz. Mais que isso, se dedica na mesma proporção em que dá conta da família, da rotina de exercícios físicos, cuidados com a saúde e, claro, dos momentos de lazer. “A gente tem que fazer um malabarismo. Tem que dar atenção ‘pros’ filhos, cuidar da saúde mental e física, tem que ser uma boa profissional. Então o tempo é realmente muito corrido”, relata a delegada Karla.

A titular da Delegacia da Mulher reage com humor às brincadeiras recorrentes de pessoas que, fora do seu círculo de trabalho, descobrem a profissão dela e fingem uma repentina intimidação. Na família, sentem orgulho. E dentro do próprio trabalho, uma vez ou outra ela se depara com situações que revelam a diferença sentida por pessoas que esperam por um delegado e encontram uma mulher. “Eu lembro de certa vez que fui atender uma pessoa e ela disse que queria falar com um delegado. A gente percebe, de forma velada, algum preconceito. É como se nós, mulheres da polícia, só pudéssemos ocupar espaço de delegacia da mulher”, conta a delegada.

“Quando a gente ocupa um espaço que é predominantemente masculino, a gente percebe essa dificuldade e diferença. Mas, eu acho que com o trabalho conseguimos demonstrar que essa resistência não tem razão”, explica ela, ao mesmo tempo que esfria o chazinho no gabinete de trabalho e acrescenta: “gosto de fazer o serviço burocrático, mas gosto também das operações de rua, que tenho que sair de madrugada e realizar prisões. É algo que foge um pouco do meu perfil, mas me dá uma outra energia e adrenalina, a gente tem que se reinventar pra não cair no comodismo”, pontua.

A Bombeira

A história de Arianny D’Arc Campelo Ferreira esbarra na mesma luta pela igualdade de gênero dentro de um campo profissional. Atua no Corpo de Bombeiro Militar do Maranhão há quatro anos. Antes integrou a Polícia Militar do Estado, como soldado.

Bombeira militar Arianny Ferreira.
Bombeira militar Arianny Ferreira.

“Amo minha profissão. As pessoas geralmente falam que admiram, pois conhecem poucas mulheres na área militar”, ressalta a jovem, que nenhuma vez sofreu constrangimento, preconceito ou assédio pelo posto que ocupa.

Arianny não tem filhos, mas diz que futuramente pode ser que pense no assunto. Por enquanto, ela concilia a carreira profissional com os estudos.

A Agente de Trânsito

Elizabete Lemos revelou que já sofreu assédio e preconceito no posto de agente de Trânsito, em que trabalha há 12 anos.

“No início da carreira, às vezes dava uma ordem ‘pro’ condutor, e ele não cumpria pelo fato de eu ser mulher. Às vezes alguns condutores passam e gritam ‘gostosa’, ‘queria lá em casa’”, revela. “Mas é raro isso acontecer. Na maioria das vezes, só elogiam mesmo”, completa.

Agente de Trânsito Elizabete Lemos.
Agente de Trânsito Elizabete Lemos.

Mãe de um garoto, ela divide as tarefas domésticas com o marido e destaca que se sente realizada na profissão e ama o que faz “pelo fato de não ser rotineiro”, conclui.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.