SÃO LUÍS - Aconteceu na quinta-feira (4) e sexta-feira (5), em São Luís, a Conferência Internacional de Prevenção e Combate ao Lixo no Mar. Durante os dois dias de evento foram debatidas práticas de combate ao descarte irregular de resíduos sólidos nas cidades com ênfase à poluição marinha. Durante a conferência foi assinado um acordo de parceria internacional entre São Luís e a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA, na sigla em inglês), representada no Brasil pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), para que seja realizado um estudo para diagnosticar o tipo de resíduo produzido em São Luís, a origem dos descartes irregulares e que medidas podem ser tomadas para combater o problema. Também foram lançadas uma calculadora para contagem da quantidade de lixo que vai parar no mar e um hotsite do projeto “Lixo fora do mar”.
A Conferência Internacional é promovida pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em parceria com a Agência de Proteção Ambiental da Suécia (Sepa) e conta com o apoio institucional da Prefeitura de São Luís, por meio do Comitê Gestor de Limpeza Urbana. A programação inclui debates e palestras com especialistas em gestão de resíduos sólidos da Sepa, da International Solid Waste Association (ISWA, na sigla em inglês), do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e além de especialistas locais.
Situação de São Luís
Somente em São Luís, de acordo com dados do Comitê Gestor de Limpeza Urbana, são recolhidas diariamente cerca de 300 toneladas de resíduos que são descartadas de forma irregular na cidade. Parte deste descarte acaba indo parar nos manguezais e orla da cidade, prejudicando o meio ambiente. Deste total, 20 toneladas são retiradas somente das praias da cidade todos os dias, pois o lixo que é jogado indiscriminadamente nas ruas também pode ir parar na faixa de areia e mar por causa da ação das chuvas, dos ventos entre outras.
Com a assinatura do acordo o trabalho já desenvolvido por São Luís contará com uma consultoria formada por especialistas internacionais que resultará na criação de um programa de combate ao lixo marinho. Profissionais da Europa irão fazer um diagnóstico na cidade e fazer propostas para reduzir a geração de resíduos e prevenir a chegada do lixo às praias.
O acordo foi assinado pelo vice-prefeito de São Luís, Júlio Pinheiro. “Nossa gestão tem feito grandes avanços na gestão de resíduos sólidos não apenas por meio de investimentos próprios, mas também por meio de parcerias que possam tornar nosso trabalho mais efetivo. Esta parceria com a Abrelpe será fundamental para que São Luís se torne uma cidade mais limpa e para que nossas, praias, que são importante atrativo turístico, continuem atraindo muitos visitantes. Além disto, esta parceria insere nossa cidade em uma discussão internacional de extrema importância que é o cuidado com o meio ambiente”, afirmou.
Cooperação técnica
São Luís é a primeira capital brasileira a assinar este acordo de cooperação técnica. Todo o estudo que será realizado não terá custos para a Prefeitura de São Luís. “Por meio deste acordo iremos iniciar um outro momento da profissionalização da gestão de resíduos sólidos que vem sendo implantada em São Luís desde o início da gestão do Prefeito Edivaldo, pois esta parceria nos possibilitará fazer um raio-x da nossa cidade e nos dará subsídios para pensarmos ações mais estratégicas para nosso trabalho de limpeza da nossa orla”, afirmou a presidente do Comitê Gestor de Limpeza Urbana, Carolina Moraes Estrela.
O diretor-presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho, informou que a parceria visa o desenvolvimento de ações no âmbito prático e de educação ambiental. “O trabalho que realizaremos em São Luís será bem amplo. Temos um eixo de conscientização, que é muito importante, mas o destaque será a proposição de ações práticas de gestão de resíduos sólidos. Este trabalho compreende a segunda etapa deste programa que estamos desenvolvendo no Brasil. Fizemos em Santos (SP) de forma experimental e agora, a partir da experiência de São Luís, iremos iniciar a expansão para os demais municípios brasileiros que tenham orla”, disse.
O secretário Nacional de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, André França, esteve presente na abertura da conferência e destacou que a gestão da orla das cidades é um grande desafio ambiental. “O Brasil tem uma das maiores costas do mundo. São mais de duas mil praias, muitas das quais urbanizas, com grande fluxo e pessoas e geração de resíduos. Fazer a limpeza desses ambientes é um desafio porque, além de muito caro, é preciso considerar as especificidades geográficas e ambientais”, disse.
Calculadora
Durante a conferência foi lançada também uma calculadora para gerenciamento do lixo no mar. A ferramenta inédita foi apresentada em São Luís e foi criada pela Força-Tarefa da ISWA para ajudará governos, autoridades regionais e municípios a combater de maneira eficiente o lixo no mar, com base em ferramentas e metodologias científicas para medir a origem e o destino dos materiais que vazam para o ambiente marinho e, o mais importante, sugerir as soluções locais e as intervenções políticas necessárias para eliminar as poluições a partir dos resíduos sólidos, principalmente dos resíduos plásticos.
Ao fim do evento foi lançado ainda o hotsite do projeto “Lixo fora d’água”, uma ferramenta digital para acompanhamento dos resultados do trabalho desenvolvido por meio da parceria da Abrelpe e os municípios onde já foi assinado o termo de cooperação técnica.
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