Educação

Escolas municipais funcionam precariamente em São Luís

Entre os problemas apresentados estão danos em banheiros, paredes, falta de janelas, fiação elétrica exposta e falta de água.

Adriano Martins / O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 11h51
(Flora Dolores / O Estado)

SÃO LUÍS - As dezenas de pais de alunos que se reuniram na manhã de sexta-feira, dia 15, na porta do anexo da Unidade de Ensino Básico (UEB) Ministro Carlos Madeira, no São Raimundo, na área Itaqui-Bacanga, foram lá para pedir que seus filhos não saiam mortos de dentro da escola. O que pode parecer um exagero quase se tornou realidade quando, ano passado, um ventilador incendiou-se em uma sala lotada de estudantes e um professor, desesperado, jogou água em cima do aparelho em chamas e ainda ligado à rede elétrica. "A gente vai para casa preocupada, por que não sabe como o filho vai ficar, se ele está bem. A gente sabe que se fechar a escola vai piorar, mas antes perder a escola do que perder o filho", afirmou Gildeane Ferreira Mendes, que tem dois filhos no colégio, uma na 2ª série e outro na 4ª.

A escola tem salas sem janelas, sem saída para ventilação, a não ser pequenos blocos, iluminação precária, que os pais afirmam que mais parecem lâmpadas de Natal (pisca-pisca), a fiação elétrica está exposta, e alguns pontos são cobertos com fita, não existe extintor de incêndio, o banheiro está com torneiras quebradas, algumas pias estão sem condições de uso, e não há água para consumo humano. Os alunos, professores e demais funcionários têm de levar sua garrafa de casa se quiserem se hidratar durante o tempo em que passam na escola. Gildeane Mendes contou que certo dia uma de suas crianças esqueceu a garrafinha em casa e ficou a tarde inteira com sede, pois não tinha como conseguir o líquido.

A situação da unidade, que é de responsabilidade da Prefeitura de São Luís e fica em uma das zonas mais pobres da cidade, reflete bem o que pode ser visto na maioria das escolas municipais da capital, principalmente nas periferias e zona rural e os problemas ficaram ainda mais evidentes com a deflagração da greve de professores, no dia 22 de maio.

Problemas - Na Cidade Operária, do outro lado da cidade, a UEB Mata Roma convive com praticamente os mesmos problemas, janelas e portas quebradas, além do mato que cresce em volta e dentro do terreno da escola. A UEB Estudante Edson Luiz de Lima Souto, na Gancharia, está quase tomada por uma floresta. Por trás dos muros do prédio, uma série de edificações inacabadas e a quadra estão cobertas por matagal. Nos intervalos e nos períodos sem aula, as crianças que estudam no local se aventuram pela área. Nessa mesma escola uma placa na porta indica que o banheiro utilizado pela direção está isolado.

Ainda na região Itaqui-Bacanga, mas na Vila Isabel, a UEB Elizabeth Fecury, que atende crianças de 4 e 5 anos, se resume a uma pequena casa com três compartimentos, onde se 'espremem' seis turmas e quase 200 alunos. No Maracanã, a UEB Major José Augusto Mochel vista de fora parece estar em boas condições. A pintura está nova, o mato está baixo, mas os pais de alunos dizem que tudo não passa de uma 'maquiagem'. Leidimar Dias Santos Fonseca, que tem uma filha estudando no colégio, diz que, apesar da pintura, rachaduras em uma das paredes do prédio não foram consertadas, e mesmo assim as crianças seguem indo para o colégio.

TAC - Todos esses problemas não chegam a ser negados pela Secretária Municipal de Educação, tanto que o procurador-geral do Município, Marcos Braid Simões, e o secretário de Educação, Geraldo de Castro Sobrinho, assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), na Promotoria de Justiça Especializada na Defesa da Educação, se comprometendo a, em um prazo de seis meses, realizar a manutenção corretiva em 54 unidades consideradas as mais críticas. Conforme o documento, a Prefeitura deve corrigir, de forma imediata, problema nas instalações civis, elétricas e hidráulicas, entre outras. "Segundo o secretário Geraldo Castro, para setembro já está prometida a assinatura de, pelo menos, 20 ordens de serviço", afirmou a promotora Maria Luciane Lisboa Belo.

Para ajudar na fiscalização desses serviços, a promotora se reuniu com os conselheiros tutelares, que vão atuar diretamente nas escolas, verificando o andamento das obras e cobrando o cumprimento da carga horária escolar que está sendo perdida durante o período da greve.

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