CPI dos Combustíveis

Três donos de postos depõem como testemunhas no 3º dia de CPI

Para comissão, empresários não conseguem convencer de que não existe cartel em São Luís.

Diego Torres / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h55

SÃO LUÍS – Mais três empresários depuseram na tarde desta quinta-feira (24), na Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa. A CPI investiga as causas do aumento no preço da gasolina em postos de São Luís. Para o deputado que preside a comissão, Othelino Neto (PCdoB), as testemunhas ouvidas, até agora, confirmam a suspeita de formação de cartel na capital maranhense.

No terceiro dia de depoimentos de testemunhas à CPI dos Combustíveis, o tom dos depoimentos foi o de que o mercado é regulado pelos preços “do vizinho” e de que é um negócio sem prosperidade e fadado ao fracasso. Os três foram multados em R$ 31 mil no ano passado, após o Ministério Público ter confirmado a existência de cartel em 2011.

O primeiro a depor foi Carlos Moacir Lopes Fernandes. Dono de apenas um posto na capital, o empresário chegou a afirmar aos deputados que o posto era uma desgraça em sua vida. Sua família o criticava pelo negócio malsucedido. Moacir disse que não participava de acerto de preço e que se baseava nos concorrentes da área. Ele chegou a propor a venda a quem estivesse interessado em pagar o mesmo preço pago por ele, quando da compra do estabelecimento.

Em seguida, foi a vez de Thiago Morais Lima, sócio-arrendatário em três postos e cuja atuação no ramo é de, aproximadamente, 10 anos. A exemplo de seu antecessor, Thiago disse que seus preços são baseados conforme seu concorrente direto. Ele desconheceu a prática de cartel, mesmo com o deputado César Pires, relator da CPI, lendo trechos de conversas suas acertando valores de gasolina, Ele disse que não se recordava dos diálogos e que assinou o acordo proposto pelo MP-MA “inocentemente”.

O terceiro e último empresário a depor foi Herbeth de Jesus Costa dos Santos. Ele, também, é sócio-arrendatário em dois postos e, além de afirmar que não participa de cartel, não acredita na prática do crime na cidade. Para ele, o fato de, praticamente todos os postos, terem aumentado seus valores de forma simultânea se deve a uma “coincidência”.

Para o deputado Othelino Neto, até agora, nenhum dos depoimentos de empresários foi capaz de mostrar que o mercado seja livre. Ao contrário, o parlamentar acredita que as versões para a alta apresentadas só confirmam a tese que originou a proposição da CPI. “Nenhum deles (empresários) pode mostrar que não há cartel. Todos os depoimentos só mostraram que os indícios são fortes.”

Sobre as contradições nos depoimentos prestados nesta CPI e durante a investigação do MP-MA, o parlamentar foi enfático em dizer que “a CPI está sendo assessorada, também, pelo MP-MA. A investigação de 2011 não é alvo desta comissão, mas ela auxilia em seu entendimento”, finalizou.

Nesta sexta-feira (25), são esperados mais dois empresários e, na próxima semana, devem depor o presidente do Sindicato dos Revendedores de Combutíveis, Orlando dos Santos e seu antecessor no cargo, Dileno de Jesus Tavares. Os dois já deveriam ter prestado depoimento à CPI, porém problemas de saúde impossibilitaram a presença de Orlando dos Santos à comissão. Dileno Tavares não justificou sua falta e, caso não compareça a próxima sessão, será conduzido à força.

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